Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sem Ideias mas Repleta de Lugares Comuns

Há uma série de lugares comuns que me povoam a cabeça, a saber
 dizer que está frio
 constatar que termina hoje o mês que antecede o do Natal
 reconhecer que estou com medo de não conseguir atingir o que me propus até dia 20
 saber que os que gostam de mim vão dizer "tu vais conseguir"

Estou com tanto medo.

Não Faz Mal Ser Diferente

Daqui

Há peixes prateados, suspensos nas árvores
Há frutos vermelhos, reflectidos em superfícies espelhadas de mares e rios
Há risos enlouquecidos daqueles que não percebem que os peixes podem nascer nos ramos de uma qualquer árvore e que os frutos se podem trincar mesmo que a sua pele nos salgue os lábios

Há homens e mulheres que se cruzam sem se ver
Há homens que se cruzam com homens e sorriem
Há mulheres que se cruzam com mulheres e se admiram

No mundo diverso
Na aceitação da diversidade

Os peixes são maçãs vermelhas que brilham ao Sol

[hoje vou à Escola do Mateus ver uma
exposição sobre a Diferença.
estas palavras surgiram-me por causa disso]

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Atingir Objectivos, Superar Expectativas

Da Net
Comercial. Actividade que nunca me passou pela cabeça desenvolver. Pensei sempre que não ia ser capaz de vender nada a ninguém, que me ia esconder debaixo da mesa ainda antes de conseguir começar a falar.
Desde a segunda semana de Novembro que ando embrenhada em actividade comercial. A "escarafunchar" completamente os meus contactos, a enviar mails e sms's a alertar para o "meu" produto. Em três semanas atingi o objectivo que me foi proposto cumprir em três meses e a partir desta meta atingida, estabeleci a mim mesma um objectivo para o próximo mês. Superei as minhas expectativas em relação ao que consigo fazer nesta área em que nunca pensei entrar. Tenho ouvido, dos meus clientes, grandes elogios quanto à maneira como demonstro o produto e como o explico. Para mim, é óbvio que não podia ser de outra maneira. Falo para pessoas (adoro pessoas) de uma máquina que faz parte do meu dia-a-dia há muitos anos e sem a qual já não me imagino na cozinha. Só assim consigo explicar o sucesso que foram estas três primeiras semanas.
Espera-me um novo mês.
Com um objectivo que eu estabeleci.
Se eu o atingir, o nosso Natal vai ser bem mais iluminado!!!!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Manuel

O meu último post de ontem foi de despedida.
Quantas vezes não se ouve dizer que por cada pessoa que se despede da vida terrena, outras surgem para se lançar na aventura extraordinária que é viver.
O dia já tinha terminado, no sentido de que metade dos meus Filhos já estava a recompôr-se da canseira do dia e mergulhado no sono retemperador. O meu telemóvel (que ainda não estava com o mau feitio com que está hoje) apitou. Sinal de sms, um sinal idêntico a uma mão fechada a bater a uma porta. Fui ver.
Nasceu!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Era esta a mensagem.
Um Bébé novo. Um rapaz. Um Manuel.
Fiquei arrepiada. Comovida. Deliciada.
Os meus dedos lançaram-se às teclas do telemóvel. Mensagem para o Pai. Mensagem para a Tia. Mensagem para a Avó.
A felicidade das recordações a inundar-me. O pressentir do cheiro que os bébés emprestam ao espaço onde habitam. O pressentir da felicidade daquele bocadinho da minha Família.
Este novo Manel ainda nos conhece, mas pode ter a certeza de que vai ter em nós uns "Tios" e Primos altamente babados com a sua pessoa. O Pai diz que ele é lindo. E eu acredito. Só o Amor que um bébé gera já é o suficiente para o transformar em beleza pura.
Parabéns Pais de primeiras águas.
Que sejam muito Felizes!!!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

D. Maria

Conheci-a quando o Martim andava no Jardim de Infância da Parede.
Era auxiliar da Escola Básica anexa ao JI e gostava muito do Martim.
Perdemo-la de vista até que foi colocada na Básica de S. João do Estoril. Serrana, de poucas falas, simpática quando à fala lhe apetecia chegar. Saíu da Básica e foi para a 2.3.
Desde que as "agulhas" se viraram aqui para os lados da Parede, nunca mais fui à 2.3 onde ela estava, nunca mais soube dela.
Ontem, via FB, soube da notícia chocante. A Maria teve um problema cardíaco, repentino, e não resistiu. Tinha 43 anos. Uma Filha que acabou de fazer 19 anos. Uma vida que começava, agora, depois de anos de dificuldades e luta, a endireitar-se. Ficou a meio do caminho. Voltou para o frio da sua serra natal.
Todos nós, os que a conhecíamos e que com ela tínhamos lidado, ficámos em choque. Certos da passagem que é a vida. Mais longa para uns, curta demais para outros, mas apenas uma passagem. Todos nos detemos para pensar o quão mal aproveitamos esta passagem, o quão ridículo é tudo se comparado com o valor que a vida tem.
Quem Crê, consola a dôr na ideia de uma vida para além da vida terrena.
Quem não Crê, como eu, pensa, apenas, que tudo é nada.

Daqui
Não ando à procura de nada.
Ando, na vida.
Em funambulismo algumas vezes. Em solo sólido outras vezes.
Não creio em seres superiores, transcendentes.
Que me guiem os passos, que me orientem os dias.
Creio em mim.
Na minha capacidade de viver.
Na minha capacidade de fazer.
Na minha capacidade de amar.
E esta fé que tenho em mim e nas minhas capacidades, move-me. Sempre.
A querer fazer mais e melhor.
A não querer fazer o que sei que não sairá feito da melhor forma.
A exigir sempre mais de mim.
É esta a minha força.
Eu.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Da Dificuldade da Vida

Daqui

A manhã pareceu-lhe pesada, pareceu-lhe um enorme pedaço de chumbo cinzento que se abatia sobre a cabeça, que lhe tolhia movimentos e pensamentos.
O dia ainda nem tinha começado e a sensação de fadiga já a abatia. Não via sentido no que tinha de fazer, no que sabia que a esperava.
Passava um mês. Um mês são 30 dias. Manhãs iniciadas cedo demais pelo som de um ou mais despertadores irritantes e impacientes. Dias corridos de um lado para outro. A vida a passar. Sem que houvesse momentos de pausa para os pequenos prazeres que ainda conseguia manter apesar da dificuldade dos dias.
Tão poucos momentos.
Tantas corridas.
Tantas tarefas.
Tantas exigências.
Tantas imperfeições.
A porta do quarto aberta. Deixando adivinhar o silêncio que ainda se espalhava pela casa. E ela sem conseguir mexer-se. Sentada na beira da cama. A cabeça virada para baixo, entre os joelhos. Como se estivesse agoniada e fosse vomitar. Apenas pensando em voltar para o esconderijo que era a sua cama.
Deixar-se ficar lá dentro.
Escondida.
Quieta.
Muda.
Silenciosa.
Esperando que ninguém desse pela sua falta no silêncio da casa que não acordava sem o seu movimento, a sua labuta, os seus passos escondidos em peúgas de lã.
A porta. A porta, objecto que serve para fechar uma divisão, para a separar de outra. A porta que não queria ultrapassar, que não queria compreender aberta, estava lá. Não havia réstia de luz e o dia continuava chumbo.
Reagiu e levantou-se. O corpo a pesar mais do que os ossos conseguiam suportar, a cabeça a sentir, a pressentir o que não sabia.
A casa a acordar. As luzes eléctricas a lutarem com o céu chumbento. Os ruídos. Os passos. As vozes. A água a correr das torneiras, livre, capaz de decidir o seu rumo. A vida a retomar o ciclo de mais um dia.
Deixou-se ir.
Afastou da cabeça o que o pressentir lhe tornava mais pequeno o coração.
E cumpriu tarefas.
E horários.
E mais tarefas.
E sorriu para quem por ela esperava.
E planeou.
E correu a cumprir mais tarefas.
Até que o telefone tocou.
As palavras saíram disparadas do outro lado.
Secas.
Sem emoção.
Duras.
Atingiram-na no peito. Tiraram-lhe o ar. Feriram-na de morte. Logo a Ela. A mais forte, a mais capaz de resistir a tudo, de lutar por tudo, de seguir em frente. Fugiu daquele lugar. Saíu por outra porta. Uma porta fechada, uma barreira isolante, isoladora do exterior. Chorou. Reconheceu naquele momento o pressentir que desde manhã transportava consigo e, mais uma vez, nesse dia cinzento, quis refugiar-se no seu quarto. Naquele com uma porta não fechada, semi-aberta e convidando à saída...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A Propósito de Inverno, [mas este é dos bons]

Os fins de semana são o ponto alto da actividade à qual me dedico há umas semanas. São a altura em que mulheres e maridos estão em casa, em que há mais tempo disponível.
No próximo sábado terei de me organizar para estar livre às 18:00. Já que não posso hibernar durante os meses de chuva e frio e sou obrigada, pela minha fraca condição humana a viver (e de preferência, feliz), então que encontre motivos de alegria.
Este é um motivo de alegria. O João Tordo vai estar aqui bem perto, na Biblioteca Municipal de S. Domingos de Rana. Para falar sobre O Bom Inverno que viu a luz dos escaparates em pleno Agosto, quente.
Eu sou absolutamente fã da escrita do João Tordo e, por esse motivo, rendo-me à beleza escondida do Inverno e lá estarei, com todo os títulos deste autor, prontos a receber um autógrafo.
Se alguém me quiser acompanhar...é só dizer!

Está Muito Frio

O frio arrefece-me os pensamentos.
Para além de me arrefecer o corpo.
Se por um lado cedo à tentação de mais um casaco, de mais uma camisola, por outro lado sinto-me presa de movimentos, não sei viver com tanta roupa em volta de mim. Ligo os aquecimentos ou aconselho cada um a transformar-se em cebola com várias camadas? Na cozinha sente-se menos o frio, apesar da ausência de forno, apesar de serem as máquinas a cozinhar e não o fogão.
Será muito repetitivo dizer que não gosto do frio, da chuva, do nevoeiro, do Inverno? Se sim, que me desculpem...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Em Falta

Eu e a minha Máquina

Ontem não houve tempo.
Escrever à mão já não me sabe bem, sentar para escrever aqui exige uma disponibilidade mental que não existiu. O dia correu depressa demais. Fica-me em falta neste diário digital o dia 21 de Novembro do ano da graça de 2010...

sábado, 20 de novembro de 2010

A Casa Quieta


Quem conhece Rodrigo Guedes de Carvalho um pouquinho para além do jornal da noite da SIC, sabe que o título deste post é também o título de um dos seus romances. Por sinal, um dos muitos romances que li e que sublinhei com a etiqueta "preferido".
A Casa Quieta é hoje o nome da minha casa.
Com filhos fora, com filhos dentro mas sossegadinhos, com o Pai a dormir no sofá, esta casa parece estar parada.
A energia do silêncio acompanhado é boa. Estes fins de semana de Inverno são bons...só nos falta mesmo o calor do forno e o cheirinho que se espalha pela casa enquanto se coze um bolo, um pão ou se assa uma carne. O forno avariou.
Vai para um mês!

Acerca da Energia dos Lugares por Onde Passo

Daqui
Tal como as pessoas também as casas transmitem energia
Boa energia
Má energia
Sentir essa energia será uma capacidade especial de alguns ou característica de todo e qualquer ser humano?
Excluindo a nossa própria casa que deve estar impregnada da energia que cada um de nós, seus habitantes lhe transmite, será possível que nos sintamos "em casa" numa casa que não é a nossa?
Por outro lado, será possível que uma casa nos transmita uma terrível sensação de estarmos ali a mais? Como se a própria casa, com a sua energia nos estivesse a expulsar, a sussurrar que não pertencemos ali, que não somos queridos ali.
Estranha sensação, a de querermos sair rapidamente daquele lugar, daquelas pessoas...

...e voltar ao lado de dentro das nossas janelas, viradas para a paisagem que temos ou gostamos de inventar.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A Primeira Casa


A minha primeira casa saltou-me ontem aos pensamentos. Não só a primeira, também a segunda. A primeira, pelas características que tinha, completamente especiais em termos arquitectónicos e afectivos. A segunda, por ter sido a única casa nova que comprámos em 22 anos de casamento.
A primeira casa era uma casa especial. A casa onde passava férias com os meus Pais e Irmãos e cujos acabamentos tinham sido todos escolhidos pelos meus Pais na altura em que a compraram. Era um último andar de uma moradia em S. João do Estoril, tectos esconsos e em alguns sítios bastante baixos, uma casa pequena mas que todos adorávamos, como se fosse o maior palácio do Mundo. Nesta casa passámos grandes férias de Verão e de Páscoa, todos os fins-de-semana. Era a casa que guardava nas suas paredes os segredos dos nossos amores adolescentes de férias de Verão, os segredos das noites em que os meus Pais não estavam (durante o Verão, ficávamos sozinhos de 2ª a 6ª) e a música dos Ramones invadia o ar, vinda de um gira discos portátil que nos acompanhava desde a infância.
Foi esta casa que comprámos aos meus Pais quando casámos. Era ponto assente que não queríamos viver noutro local que não fosse a Linha e esta foi a oportunidade de realizar o sonho. Redecorada, passou de casa de férias a casa de um casal recém-casado. Alguns dos móveis que ainda hoje nos acompanham foram os nossos primeiros móveis naquela casa, onde ocupavam imenso espaço pelas dimensões de uns e de outra, mas que lhe conferiam características que ainda hoje são as nossas características decorativas. Nesta casa tivemos a nossa primeira Filha. Desta casa saímos quando ela tinha cerca de um ano e meio, para uma outra, nova a estrear, com um encargo mensal que era o triplo da primeira, do outro lado do bairro. A nossa primeira casa, por voltas e mais voltas, acabou por continuar na Família.
A segunda casa era muito gira. Enorme em comparação com a primeira, um duplex...
A Família foi crescendo, as necessidades de espaço também e nós lá fomos andando de casa em casa. Alugando uma para fazer obras na seguinte, mudanças é conosco e nunca precisámos de empresa para encaixotar, desencaixotar, carregar móveis e transportar pesos.
Ontem deu-me a nostalgia da primeira casa. Do espaço, do que ela significou para nós, do tempo em que nela vivemos, das pessoas que existiam e que entretanto desapareceram. Acho que por muito boa que seja a casa onde hoje habitamos, nunca esquecerei como a nossa primeira casa era uma maravilha!!!!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Palavra Mágica


Não a saberia dizer, letra por letra. Sabia que ela existia, algures dentro de uma caixa fechada, escondida num local recôndito de si. A Palavra Mágica era uma palavra que ao ser dita transformava a face dos dias e, por esse motivo, não podia ser dita vezes repetidas, a propósito de tudo. Ou de nada. Insistir em dizê-la, retirar-lhe-ia o seu poder, a sua magia. De tempos a tempos, ousava retirá-la da sua caixinha e lembrava-se de Pandora, do risco que o mundo correria se ela ousasse abrir a sua caixa. Mulheres. O pensamento feminino, um perigo para toda a ordem. Nesses tempos em que deixava que a Palavra Mágica viesse ver a luz do dia, os dias vestiam a cor branca. Luminosos, pacíficos, inspiradores da calma que ela buscava em cada dia dos outros, daqueles em que a Palavra Mágica descansava na sua caixinha. Gostava de pensar que a caixinha estava arrumada numa gavetinha do coração, porque o coração tem cavidades e veias e artérias que percorrem todo o corpo. O local certo para a Palavra Mágica era mesmo esse, o coração. Também porque se diz que o coração é o responsável pelos sentires. Provavelmente será uma metáfora, porque o que faz o coração para além de bombar sangue de um lado para outro? Mas sim, o sangue cheio de oxigénio é o que dá ao corpo a vida, e a vida inspira os pensamentos, traz ideias ao cérebro. O cérebro, coitado, de aspecto cinzento, esponjoso e algo enrodilhado, como um esfregão velho da cozinha, como poderia ser ele o responsável pelos sentires? Não, nunca. A Palavra Mágica, a que veste de branco os dias e ilumina de cor as ideias e os sentires, tem de estar guardada algures no coração vermelhinho, pulsante e laborioso. Está de certeza lá, mas não é a mesma todos os dias. Há dias, quando o sol brilha e os pássaros cantam desenfreados do alto dos seus ninhos, lá fora no jardim, em que a Palavra Mágica nem quase precisa de sair. Basta ser pensada. Paz. É a palavra destes dias perfeitos. Nada pode correr mal quando a própria natureza está plena de felicidade. Depois, há aqueles dias em que o Sol se esconde envergonhado por detrás de nuvens esparsas no céu azul. Os pássaros recolhem ao calor do ninho ou saem a correr em busca de paragens mais sorridentes. Nesses dias, a Palavra Mágica sente que precisa de se mostrar. Sai sorrateira da sua caixinha na gaveta arrumadinha do coração e larga as suas letras. Solta-as uma por uma, para que se dispersem e encham de Sorrisos o dia, os momentos. As nuvens esparsas envergonham-se perante tanto sorriso e desaparecem, deixando que o Sol brilhe e se reflicta em lagos e mares, em vidros e pessoas. Nos dias em que outra palavra, a Tristeza, se instala e quebra as forças, a Palavra Mágica transforma-se. Usa os super-poderes que o coração lhe transmite quando a inunda de oxigénio puro e como se fosse um tornado, gira em torno de si própria com toda a força e espalha-se pelo corpo em mil e uma partículas de Energia. Ao pensar em tudo isto, realizava que a sua Palavra Mágica não era sempre a mesma palavra...e sorrindo percebia, mais uma vez, a força que cada uma das palavras da sua língua tinha em cada momento da sua vida. Isto fazia-a amar mais e mais as palavras que ia aprendendo, todos os dias. Sabia que tinha aquela caixinha dentro de si e isso tornava-a mais segura, mais confiante, acompanhada mesmo nas alturas em que não havia ninguém por perto para lhe fazer companhia. Passavam-se muitos dias sem que lhe desse uso, passavam-se outros muitos dias em que a trazia para fora todos os dias. A Palavra Mágica era a sua melhor Amiga, a sua Consciência, o seu Ser.
E essa percepção fazia-a Feliz.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Quando Não Sei o Que Escrever, Transcrevo # [5]

Jean Paul Sartre
[...]
«E a mim interessam-me como são. Com todas as suas torpezas e todos os seus vícios. Comovem-me as suas vozes e as suas mãos quentes que agarram e a sua pele, a mais nua de todas as peles, e o seu olhar inquieto e a luta desesperada que travam, cada um por sua vez, contra a morte e contra a angústia. Para mim tem importância um homem a mais ou a menos no mundo. Todas as vidas são preciosas. »
[...]
in as mãos sujas,
Jean Paul Sartre,
livros de bolso europa américa,
edição nº 525/1645
Fevereiro de 1972

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Contra-Relógio


Ironia.
A amante dos relógios a sentir-se atraiçoada pelo tempo que eles contam, segundos, minutos, horas, sem parança!
De repente, como se o Mundo tivesse decidido girar cada vez mais rápido, vejo os meus dias a escoarem-se numa rapidez idêntica aquela a que a areia da praia absorve a água que por ela se estende.
A agenda repete os compromissos que o telemóvel vai anunciando de véspera.
A caneta vai riscando o feito, a cabeça vai listando e preparando o a fazer.
O carro faz kms, para trás, para a frente, transportando Filhos de um lado para o outro, num movimento quase automático, quase voluntário, como se o ser humano que o conduz não fosse elemento necessário à sua movimentação.
E enquanto a casa está vazia de Filhos está recheada de tarefas, sempre e sempre inadiáveis. E quando a casa se enche de Filhos, enche-se de vozes, de perguntas, de solicitações, de chamadas de atenção.
Os momentos de inspiração, tal como o tempo, fogem-me. Não há como fixar ideias em frases legíveis por outros.
A contra-relógio.
Eis como estou na vida.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Na Sombra da Buganvília, Na Beira da Água


Daqui
Quando a cabeça fervilha de ideias e o pensamento necessita ordenação urgente
Quando a energia do corpo se esgota
Quando as palavras deixam de obedecer às mãos que as querem agarrar e prender ao branco do papel ou do écran

fujo

Procuro espaços que me transmitam a paz e a harmonia que a lufa-lufa me subtrai
Desejo a companhia da água
Ouço-a sair da bica e cair
Forma bolhas que, regressando à infância, tento rebentar com o fôlego do sopro
Desenha círculos
Onde imagino surgirem as caras das fadas que vivem nas gotas de água e de luz

invejo

Os ramos fortes da buganvília
As flores coloridas e fartas
As folhas que, por acção do sopro do vento,
Se libertam dos troncos e cobrem o chão
Um tapete de côr
De vida

respiro

recomeço o meu ciclo

domingo, 14 de novembro de 2010

Chegada

Daqui
Ligas-me cedo.
Acordo estremunhada.
Ouço a tua voz ao longe, como se ainda fizesses parte do sonho que sonhava e onde não entravas.
Que vais chegar, é o que me dizes.
Duas palavras seguidas de um horário. Desligas.
A cama ainda está quente. Enrolo-me.
Há amor a ferver no meu corpo que arrefece com a proximidade de ti.
Adormeço.
Volto ao sonho onde tu não estás.
Esqueço as duas palavras que disseste, seguidas de um horário...

sábado, 13 de novembro de 2010

Aproveitem e Sejam Felizes

Daqui

Como se faz?
Dizes-me?
Aproveitar e ser Feliz.
Já me disseram que não existe felicidade mas sim momentos felizes.
Eu queria sentir felicidade.
O que me faz falta, nem eu sei dizer.
Algo escapa e ao escapar deixa-me tão vulnerável, tão só.
Aproveitar e Ser Feliz...

Pequeno Almoço Especial

O início de dia, hoje, foi especial. Os meus pequenos rapazinhos transformaram-se em cavalheiros e prepararam dois tabuleiros de pequeno almoço (para o Pai e para a Mãe) que vieram trazer-nos à cama. Estavam tão felizes que nem tive coragem de lhes dizer que aquela enorme caneca de leite com chocolate me encheu até aos olhos...
Claro que quando os mais crescidos acordaram, ficaram um bocadinho tristes por não haver pequeno almoço familiar, como é hábito, mas para nós foi mesmo uma surpresa.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

E a Semana Chega ao Fim

Mais do que uma vez, durante esta semana, me apeteceu dar por terminado o dia quando o relógio da minha cozinha batia as 7 badaladas do final da tarde. Foi uma semana em que me senti muito cansada. Muito mesmo. Hoje, para não variar e tirando a parte da manhã, a correria tem sido a palavra de ordem. Agora, quando finalmente pus os pés em casa [depois de: uma recolha na escola ao pé de casa, uma ida ao Estoril para pegar um dossier de trabalho para o fim de semana, um regresso a S. Pedro para fazer a entrega de uma máquina, uma ida a S. João para falar com a professora do nº 4, uma ida a Carcavelos para comprar material de arte para a "artista"], descobri que ainda me esqueci de comprar papel de embrulho que ando para comprar desde o princípio da semana para embrulhar um determinado presente atrasado...
Não tarda muito e volto a sair. Desta vez para o Corfebol. Não tenho jantar preparado. Restos vários, em caixas várias no frigorífico. Vontade vontade, tenho de um belo hamburguer com batatas fritas ali na carruagem em Cascais, mas os tempos são de austeridade e não me escaparei de fazer jantar. Sonho com um fim de semana de relax total, algo que nunca acontece cá em casa. O forno do fogão está mesmo avariado. Tenho saudades de fazer bolos e bolachas e de dar um lanchinho para muitos cá em casa. De bom? Telefonou-me hoje uma desconhecida a pedir uma demonstração Bimby! A minha fama está já a ficar espalhada pelo Mundo. Pronto. Já partilhei o fim de sexta feira, o prenúncio do fim de semana. Agora vou. Ver Corfebol e dar à língua com as outras Mães.

Mudança

A ida ao cabeleireiro dá sempre direito a post...por ser tão rara, é digna de ser assinalada com propriedade.
Foi hoje. Toda a manhã. O meu cabelo gritava por tratamento feito por mãos especializadas (coisa que as minha não são!).
Há uns anos que mantenho o cabelo comprido. Dá-me jeito. Quando está calor, apanho-o; quando estou na cozinha, apanho-o; quando está com um ataque de encaracolanço, apanho-o. Os ganchos soltos nas minhas malas e algibeiras são uma constante e já não consigo imaginar-me com o cabelo curto.
Quando se vai ao cabeleireiro, ou se finca o pé no "não" à tesoura, ou se arrisca a mudança. Foi o que fiz. Deixei que as mãos que dominam a técnica dessem asas à imaginação e à vontade de cortar, libertando o meu cabelo de todos os cabelos feios que por lá moravam. Está giro. Mais saudável, bem nutrido e cheio de vida!!! (isto até parece o anúncio do Pantene!!!). Espero agora os regressos a casa para ouvir opiniões. Feminina e masculinas!

PS - sigam o link que pus na palavra a vermelho
e façam-se Amigos no Facebook.
Depois, telefonem a marcar e experimentem ir até lá.
 Elas merecem!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sem Ar

A mulher está enervada.
O início da semana é sempre complicado.
Olha o relógio, consciente do atraso. O seu e o das crianças.
Tenta não gritar com eles, afinal é segunda feira, o primeiro dia de uma nova semana de trabalho. Não gritar!, grita para o interior de si.
Parada, entre a porta da sala e a porta de saída de casa. Espera que todos estejam prontos para a seguir.
Na algibeira das calças, o som de uma mensagem a chegar.
Tira o telefone da algibeira e lê "só para te desejar um bom dia, enquanto a chuva não vem".
A mulher fica sem ar. Custa-lhe respirar. Respira a custo. Sente a ansiedade anterior a desfazer-se, ou a formar uma bola enorme no seu peito, ou a sufocá-la...não sabe.
Alguém se lembrou dela, naquele momento em que o grito estava quase a explodir!
Sorri.

Farol


"Sinto que tens tanta gente que gosta de ti."

O que mais gosto de sentir.
Quando chegas.
O cheiro do mar que te cobre a pele, o cabelo e os olhos.
O sal acumulado nas pestanas que te enfeitam o olhar.
Há nas tuas palavras o balanço das ondas agitadas da invernia,
a maresia que perfuma o ar de final de dia.
Quando chegas trazes o abraço contigo
e nele vêm as tiras de algas verdes e castanhas,
[aquelas que têm bolinhas que gosto de rebentar e ouvir estalar]
e os grãos de areia dourada que se te colam à pele.
Deixo-me ficar lá
nesse abraço que não quero que termine
nesse balanço que me segura.
Gosto que fales
baixinho, sussurrado,
que me digas as saudades
e os beijos que quiseste dar
Quando chegas,
tenho a certeza de que o tempo vai parar
e, ao longe,
do farol,
a luz vai vir iluminar
o teu corpo no meu a brilhar.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Changing


I.
Iniciei o processo de mudança da minha vida. Como em quase tudo o que faço, iniciei-o quase sem pensar, sem reflectir. Sou impulsiva em maior parte das minhas atitudes e esta não foi uma excepção. A mudança exige bastante de mim, porque resultados exigem trabalho e dedicação. Estou mesmo empenhada na obtenção de bons resultados e nada melhor do que colocar desafios a mim própria, lutar por os conseguir cumprir.
Esta mudança da minha vida mexe com tudo o que há muito está organizado de determinada maneira. A vida da casa gira em torno de mim e não posso, nem quero, deitar fora esse trabalho. É mais um desafio que tenho para superar. Conseguir conciliar a novidade com a tradição.
II.
Ontem saí de casa com as crianças e voltei com elas. Um dia inteiro fora de casa, uma casa completamente em estado de sítio quando a ela voltei, prova de que tudo o que há para fazer espera sempre por mim para ser feito. Tranquilo. Num instante se pôs tudo na devida ordem, num instante se tratou de TPC's e banhos e jantares. O facto de ter passado o dia todo fora de casa também me fez bem. Ajudou a descontrair desta vida doméstica que é tão monótona!
III.
Para terminar em grande, uma visita nocturna ao Hospital de Cascais. A Catarina continuava a queixar-se da garganta e da cabeça, apesar da febre já estar a dar sinais de rendição. O Manel não quis que as duas mulheres da sua vida fossem sozinhas. Fomos os três. Nós duas para a urgência, ele cá fora a "skatar". O atendimento foi rápido, eficiente e simpático e num instante estavamos de regresso a casa, com passagem obrigatória por farmácia de serviço. Na primeira não havia o medicamento que o receituário exigia. Na segunda, o farmacêutico advertiu para os cuidados a ter quando se toma antibiótico, tomando os dois irmãos por dois namorados. Riam-se divertidos com a conversa do senhor quando regressaram ao carro. Passámos por uma estação de serviço e comprámos um chocolate para o resto do serão (a preço de estação de serviço...grrrrrr). Ainda nos sentámos no sofá, vimos as notícias no facebook, rimos e adormecemos.

What a Day
:-)

domingo, 7 de novembro de 2010

Livro [Não Apenas Mais Um...]

Chegou no dia do meu aniversário e tem estado, pacientemente, à espera da sua vez para me fazer companhia. Durante a semana andou dentro da mochila, mas apenas para que eu me sentisse acompanhada porque o tempo não sobrou para que o pudesse ler.
A minha campainha interior. Acordou-me, dizendo que o sol brilhava lá fora e era tempo de dar início a um novo dia, mas eu estava cansada. Não tinha ainda vontade de me levantar. Deixei que o meu braço saísse debaixo do edredon e procurasse o Livro.
De uma assentada li 70 páginas cobertas de palavras muito bem escritas. Tão bem escritas que me fazem sentir cheiros, conhecer as pessoas ali descritas, ver claramente todos os locais descritos. Estou apaixonada por este Livro.

sábado, 6 de novembro de 2010

O Lado Rosa do Fim

Há uns anos, talvez uns quinze, em conversa com outra Mãe, concluíamos que a maternidade nos tinha tornado muito mais sensíveis aos problemas dos outros, em especial aos problemas e ao sofrimento das crianças.
Passados quinze anos, continuo com a mesma hipersensibilidade quando me defronto com crianças a chorar, doentes, maltratadas e, por vezes, até alegres. Os meus olhos não contêm as lágrimas, a garganta não engole o nó que a tapa. Esta minha sensibilidade torna-me incrédula perante capas de revista onde o sofrimento aliado a crianças acaba por se traduzir em vendas astronómicas.
Ontem, numa corrida ao supermercado, não consegui deixar de me sentir completamente incrédula perante a capa de uma revista que noticiava a morte de uma criança, "depois de não ter conseguido vencer a Leucemia, após um transplante de medula óssea". Fiquei quase estática perante aquela capa. Um miúdo Tão giro, o mesmo miúdo numa cama de hospital, tubos e máscara na cara, cabeça completamente calva, uns olhos suplicantes virados para uma Mãe cuja cara era o rosto da tristeza mais profunda que se deve poder sentir - a doença e morte de um Filho. As minhas lágrimas fizeram questão de me lembrar que existiam. Abandonei o lugar frente à revista, voltei costas e vim-me embora, mas a capa ficou gravada na minha memória e as questões relacionadas com a popularização de um sentimento Tão íntimo surgem na minha cabeça.
Quão lucrativo pode ser o sofrimento de outrém?
Até que ponto será ética a publicação destas imagens?
Que espécie de pessoas somos?

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Recordando


Estamos as duas.
Os rapazes foram com o Pai à festa de aniversário do Primo Gustavo. Um querido.
A Catarina tem estado doente. Com febre, pouco mais tem feito do que estar deitada num dos sofás da sala. Põe termómetro, tira termómetro, toma remédio, bebe água. Decidimos que apesar da febre estar a dar sinais de querer abandoná-la, iríamos faltar à festa. Ficámos aqui as duas. Vamos fazer um jantar daqueles mesmo pouco saudáveis em frente da televisão. Os pequenos tinham deixado a televisão ligada no Disney Channel e nós deixámos estar. Começou A Bela e o Monstro. A Catarina ficou radiante. Confessou-me que adorava este filme, relembrou-me um teatro que ela e o Manel fizeram, quando eram pequenos, sobre este filme. Estamos a ver e a gravar para os pequenos verem.
Isto também é ser Mãe...

Mãe é Mãe...


Há um leitor deste blogue que me é particularmente querido. Daqui Te Vejo é o nome com que assina os seus comentários e de onde me vê a paisagem é grande. Vive rodeado da terra e dos animais que adora, que vê nascer, que ajuda a crescer.
Hoje enviou-me estes dois vídeos. Porque sabe o quanto me cativa a paisagem onde passa a maior parte dos seus dias, o quanto me cativam os animais que o rodeiam. A mim pareceu-me que a razão particular destes vídeos é a ligação Mãe/Bébé acabado de nascer.
Obrigada meu querido.
Não tens comentado, mas enviaste-me um presente bonito.

Inconsciente, Irresponsável, ... ?

Está tudo preparado.
[Ainda me falta ir ao supermercado comprar uma coisita que me esqueci há bocado].
Tenho a papelada toda na pastinha de micas...organizada...alguns papéis já preenchidos (como manda a formação!).
Volta não volta a minha cabeça lembra-me que ainda não sei todos os momentos com a precisão necessária a uma execução perfeita, mas rapidamente apago esse pensamento e mudo de plano. Nunca pensei meter-me numa "aventura" destas, desde o primeiro momento em que a ideia surgiu (já há uns 3 anos), cataloguei-me a mim mesma como incapaz para a tarefa. Nunca teria jeito para uma actividade destas...disse na altura. O que mudou desde então? Não sei responder a esta pergunta, mas sei que depois do elogio que ouvi da formadora num dos momentos que eu considerava como sendo dos mais difíceis para mim, estou cheia de confiança. Não no que vou fazer, mas no que posso fazer! A prova de hoje não vai ser tão "clean" como eu a pensei à partida, mas vai ser, de certeza, "prova superada".
Break a leg!!!

Calçada Portuguesa


Daqui

Um dia vou estudar a origem da calçada portuguesa e as razões pela qual fazem dela um dos cartões de visita de Portugal e, principalmente, de Lisboa. Até esse dia chegar, vou pensando, optimisticamente (não sei até que ponto é correcto este termo), que a calçada portuguesa vai ser sempre o nosso cartão de visita.
Gosto de olhar para os passeios e observar as pedras, os cubos que se encostam uns aos outros, encaixados em piso de areia. Não gosto de olhar para as pedras a saltarem do seu alinhamento, a provocarem a quebra dos saltos altos, a dificuldade em circular com carrinhos de bébés ou cadeiras de rodas. Gosto de olhar para os passeios e descobrir os desenhos que as pedras pretas formam no meio das brancas, revelando verdadeiros artistas naqueles que, de joelhos no chão e martelo na mão, foram abrindo espaços na areia e foram encaixando pedras. Não gosto de ouvir dizer que se está a pensar substituir toda a nossa bela calçada portuguesa por pedras rectangulares, lisinhas e bem assentes, superfícies quase perfeitas, deliciosas para skaters, inofensivas para os saltos altos. Gosto de assomar a uma das janelas do Tivoli e ver a avenida que se estende até aos Restauradores, até ao Marquês, feita de calçada, branca e preta, ladeada por árvores maravilhosamente vestidas dos tons de cada estação, salpicando o branco da calçada das cores de cada uma delas. Gosto de pensar na Feira do Livro, instalada no Parque sobranceiro à Avenida, também ela feita da memória de muitos de nós que, procurando o cheiro das palavras que nos embalam as ideias, caminhamos sobre as pedras polidas por tantos passos que por elas foram passando.
Gosto de olhar para esta fotografia do
imagino-me sentada num dos bancos da Avenida
talvez apenas olhando
talvez apenas observando
atentamente
quem por mim passa sem me olhar
pisando pedras de história
afastando com a biqueira dos sapatos
as folhas que vestem o chão
de Outono

Se a nossa calçada morrer, morre uma parte considerável do nosso ADN de cidade cheia de cultura e tradição e isso não constitui uma mais valia para quem passou, para quem passa, mas, principalmente, para quem passará a andar pelos passeios portugueses.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sitemeter

O meu está avariado...está a fazer a mudança de dia quase uma hora antes da meia-noite...e o pior é que eu não sei como é que isto se altera...irritante!

Explicação de Ausência...

Durante dois dias inteiros, foi este o assunto que me ocupou todos os sentidos.
A partir de amanhã, quando, pela primeira vez, entrar em casa de alguém para pôr a trabalhar a máquina que no meu dia a dia trabalha vezes sem conta, passo a ser a Vera com mais uma ocupação, com mais uma responsabilidade, mas, com certeza, uma Vera com mais felicidade no olhar.
Pode parecer parvo, mas estes dois dias fora do meu pequenino Mundo seguro, foram um descanso que rapidamente se desvanece assim que meto a chave à porta de casa e entro. E me deparo com maior parte das coisas por fazer. As coisas que, comigo em casa, se fazem quase automaticamente. Não se trata de imodéstia, trata-se de me reconhecer como motor, como a peça que faz andar toda uma engrenagem.
Foram dois dias de descanso de corpo, mas principalmente, de alma.
A partir de amanhã passo a ter um objectivo diferente nos meus dias. Um objectivo que não tem nada a ver com transportes de Filhos, roupas e limpezas. Terei de me pôr à prova todos os dias, saber compreender quem tenho à minha frente e como conseguir conquistá-lo/a. Vai ser um desafio e tanto...mas não estou minimamente receosa. O que levo para mostrar é algo que conheço perfeitamente e que domino, de trás para a frente, da frente para trás.
Se vou ter sucesso? Vou, de certeza!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Muito Rapidamente [antes de ir domir]


Foi rápido.
Quase não dei pelo tempo a passar.
Amanhã repito a dose.
Depois, estou por minha conta.

Quando cheguei a casa tinha uma doente no sofá, com febre, mas aprovada no exame de código que foi fazer a Lisboa logo de manhã. Também tinha os rapazes mais pequenos a fazer os TPC. Pelo caminho para casa ainda fiz um desvio pela praia para recolher o mais velho que tinha ido apanhar umas ondas. Já era de noite.  Estava gelado, mas feliz, claro.

Durante o dia, o telefone esteve no silêncio. As mensagens não pararam e fui sabendo de tudo. Os testes recebidos e respectivas notas. O que se ia fazendo.

Quando cheguei a casa tive mais beijinhos e abracinhos do que costumo ter no dia a dia. Tantas saudades que os "pequenos" tinham de mim...

Amanhã volto para lá.

Out of Office


O que me apetece dizer, não me apetece escrever.
Digo só que hoje não estarei por aqui.
Aventuro-me.
Saio do meu casulo e experimento mergulhar noutro mundo.
Expectativas?
Conseguir respirar neste mergulho.
Conseguir mostrar que há muito de mim para além do que ultimamente se vê.
Conseguir dar algum valor a mim mesma, um valor que outros valorizem porque o valor que sei ter é completamente invisível aos olhos de todos os que me rodeiam, me conhecem.
A mim mesma, desejo Boa Sorte.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Hora de Jantar

Daqui
Escureceu cedo. Cedo demais. Fiz a Marginal quatro vezes seguidas, como se fosse um vaivem espacial a fazer treinos entre a terra e a lua. Sem música. Descobri hoje que não sei conduzir sem música. O silêncio dentro do carro distrai-me e as manobras saem tortas. Nem os pensamentos fluem. O jantar está pronto. A mesa está posta. Tudo irrepreensivelmente direito e nos sítios certos. Tudo dentro da hora que todos esperam que tudo esteja pronto. Previsivelmente. A mesa. O jantar. A hora de ir dormir. Sempre. nem sempre sei como consigo, mas a verdade é que as coisas acabam por acontecer. Por bater certas. Hoje apetecia-me fazer-te uma declaração de amor. Sim, porque é de amor que se trata e de que se fala quando os anos passados a dois já não invocam paixão. Se eu te fisesse uma declaração de amor? Pegava-te pela mão e levava-te. Para um qualquer ponto da nossa Marginal. Se eu escolhesse um restaurante e te levasse a jantar? Sem te falar no preço dos pratos, do vinho ou das sobremesas (como fazes sempre, retirando ao prazer que se teve todo o prazer que se pode guardar em recordações). Seria bom. Hoje era isso que me apetecia. Dizer-te que me importo. Sentar-me em frente ao mar e comer um jantar cujo cheiro não estivesse nas minhas narinas, cujo paladar não estivesse na minha boca. Hoje apetecia-me um jantar que eu não tivesse feito. Para mim. Para ti.

Que Bom!!! Já é Terça e Não Segunda!

Eu e a minha Máquina,
A minha Carrinha
[agora já tem mtºs mais autocolantes!!]
I.
A primeira tarefa do dia de ontem, feriado, dia de pedir o Pão por Deus [tradição da qual os mais pequenos não abdicam], era uma reunião da Associação de Pais. O local escolhido foi o Ctº de Interpretação Ambiental. Virado para o azul do oceano, com a promessa da praia por perto. A combinação pressupunha que o meu carro, por ter sete lugares, seria transporte de seis pessoas para além de mim. O ponto de encontro aqui à porta. Ficavam vários carros, seguia o meu. Ecologia. Poupança. Diversão pelo convívio e tagarelice até ao ponto de encontro. Tudo perfeito até ao momento em que nos sentámos, pusemos os cintos de segurança, dei à chave e nem um só pio saía de dentro do motor do meu carro. A bateria estava completamente morta e todo o belo plano foi por água abaixo...
II.
Há quem esteja nervoso/assustado. O exame de código é já amanhã e os testes que têm sido feitos para praticar não têm tido os melhores resultados. Repetir este exame implica o pagamento de uma quantia nada simpática...como sempre, optimista e confiante nas capacidades da primogénita, acredito que tudo vai correr bem.
III.
Não me canso de falar sobre os meus Filhos nem de me orgulhar deles. À medida que vão crescendo torna-se mais divertido e interessante observá-los, ouvi-los e conversar com eles. As conversas, por vezes, como aconteceu durante o jantar de ontem, pegam em temas despropositados, mas são, mesmo assim, muito divertidas. Olho para eles e percebo, cada vez mais, que não há nada melhor do que ter irmãos. A cumplicidade dos irmãos é algo que nada pode substituir. Por mais diferentes que sejam os feitios, as formas de estar e de pensar, a cumplicidade de irmãos é como um cordão umbilical que os une a todos e que os mantém num comprimento de onda que só eles sabem existir. É muito Bom!!! E é ainda melhor quando o serão acaba com os pequenos na caminha e os crescidos enroscados em cada um dos progenitores, no sofá, "a olhar p'ro boneco".
IV.
Tudo na vida tem o seu tempo.
Por inerência da velocidade a que corre agora a vida, há experiências que acabam por se viver mais cedo do que seria expectável. Não sei dizer se será melhor ou pior para quem as vive, sei dizer que é isto que acontece.
O meu pensamento, neste momento, está dirigido para as escolhas profissionais no final do 9º ano. Muito já se falou sobre isto, pouco se adiantou. Verdade é que os nossos jovens quando terminam o 9º ano têm pouca maturidade e pouca noção do que gostarão de fazer quando "forem grandes", o que acaba por lhes condicionar muito a forma como optam por uma determinada área de estudo. A experiência que vivo actualmente com o M.M.2 prova tudo isto que digo. Depois de um ano lectivo cheio de esforço e de trabalho, com pouco tempo para o lazer, eis que se toma outro rumo. O rumo que eu já havia apontado no final do 9º ano e que na altura se pôs de lado. Os resultados obtidos são muito diferentes. A felicidade com que se recebem esses resultados é, por si só, estímulo suficiente para se manter ou reforçar o ritmo de trabalho. O acreditar em si mesmo e nas capacidades é fundamental neste processo de aprendizagem e de crescimento. Está feliz. Com bons resultados. E tempo para surfar ondas que se mantém, ali em baixo, a chamar por ele.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pequenas Moedas que Caem do Ar


Daqui
 Abrando o passo
A água que a chuva despejou sobre a terra, formou pequenas poças
Há uma árvore que se reflecte na poça
Não abandono o lugar
Mergulho o olhar na água e não vejo mais do que a superfície pejada de formas
São pequenos brilhos
Que reflectem a luz com que o Sol consegue romper o breu cerrado das nuvens
São formas redondas
E de repente, perante os meus olhos que já são de menina, surgem moedas
De chocolate coberto por papel dourado
São pequenas e grandes moedas
São os brilhos
Da água beijada pelo Sol
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