Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Vá lá...só mais este, que eu tenho mais que fazer...

Daqui
Acho que já me tinha esquecido do perigo que constituo quando me agarro ao computador  e ao maravilhoso mundo dos meus blogues preferidos! A manhã está quase passada e ainda nada se passou a não ser navegar por imagens e palavras que vão sendo largadas por muitas mãos, muitas cabeças, nas ondas da net.
Ao passar pelo meu Liceu descobri esta fotografia e não resisti a trazê-la comigo. Pelas memórias que me devolve. As noites de Verão na Feira Popular. O stand da Regina como paragem obrigatória. Umas moedas (já não me consigo lembrar de quais) e uns furos. O chocolate como presente. Aquelas barrinhas de chocolate com sabores. Ananás, Morango. Os furos. Boa lembrança.

Finíssima Invisibilidade de Mim

Daqui
Teias invisíveis cobrem-me o corpo cansado de puxar por si mesmo.
São milhares de fios que o tempo foi tecendo em meu redor, aprisionando-me mais e mais em cada dia, a cada hora. 
O simples olhar não os distingue e ignora quão fortes são na sua aparência frágil de simples linhas brancas.

Bronzaline

Daqui
Há coisas que permanecem gravadas na memória, por muitos anos que passem. O cheiro do Bronzaline é uma das minhas memórias mais fortes. Produto já há muito desaparecido, o bronzaline era uma espécie de graxa para espalhar no corpo em dias de praia. Nos tempos em que não eramos massacrados com informações sobre o cancro da pele, os raios ultravioleta e as horas em que devíamos estar em casa a fazer a sesta e a ler um livro e nunca na praia, esparramados ao sol. Nesses tempos de inconsciência, o protector solar também não era produto muito vendido e era frequente que cada sol-dependente inventasse o seu próprio bronzeador sem qualquer prurido em espalhar na pele óleo johnson misturado com manteiga de cacau, umas gostas de tintura de iodo, coca-cola e sei lá mais que mixórdias. Tudo servia para ficar com um belo tom castanhinho!
Na minha Família, o Bronzaline era Rei do Verão. O meu nariz que o diga. Enquanto o verão durava, a pele do meu nariz formava uma espécie de uma crosta, tal era o efeito do dito bronzeador na pele. A roupa também não escapava ilesa a este belo produto. Era normal que as t-shirts e outros adereços de praia terminassem o dia manchados de um tom alaranjado, sinal de que uma pele bronzeada à custa de muitos quilos de bronzaline tinha passado por ali.
Nós compravamos esta bomba bronzeadora numa drogaria conhecida aqui para os lados da Marginal, perto de S. João do Estoril. Ora, um produto para usar na pele, que se compra numa drogaria, é, de certeza, um produto altamente testado clinicamente.
A verdade é que não passavamos sem ele e hoje, quando vi esta fotografia do Artur, não pude deixar de pensar em como eram bons esses tempos de três meses consecutivos de praia, de manhã à noite, numa das praias da Linha mais conotada com a palavra "poluição", mas que era também a mais "in".
Saudades. Mais uma vez.

Um banco para descansar

Daqui
que me dessem um banco onde me pudesse sentar. um dia inteiro. talvez mais. o corpo pede descanso, resmunga quando o sol entra pelas frinchas de estore do novo quarto. grande, inundado de luz. durante a noite o sono é feito de altos e baixos, uma montanha russa que faz com que o coração esteja sempre tão perto da boca. estranha pessoa, eu. irremediavelmente perdida em saudades. irremediavelmente portuguesa. irremediavelmente sonhadora. um banco para descansar. um dia inteiro. acompanhada ou simplesmente só. contemplativa talvez. a energia que me caracteriza precisa de ser recarregada e não tenho tido pausas que mo permitam fazer. sorriso estampado no rosto, pensamento positivo e discurso positivo. para fora. para que me vejam feliz. para que o sintam. cada vez mais sensível a energias. sinto-as: a positiva que me enche de ânimo, a negativa que nem sempre consigo combater. um banco para descansar. continuo a ser o sítio que me faz falta, o sítio que nem sei qual é, mas pelo qual anseio desesperadamente. a pessoa pela qual sonho mas nem imagino quem seja. existirá? será apenas uma série de palavras que desenhei na minha cabeça para a descrever, para a sentir como real mesmo sabendo que sou eu, o meu eu completamente esquizofrénico que a imagina? um banco para descansar far-me-ia imensamente feliz. longe daqui. longe de um tempo e de um espaço onde dificilmente passo despercebida. há sempre alguém conhecido por perto. um banco perdido no meio da azáfama da cidade anónima, cheia de gente anónima e aos meus olhos desconhecida. gente perdida, como eu, mas sempre em corrida numa busca desenfreada de algo que a faça encontrar-se. preciso de parar. de ouvir o silêncio que me faz ouvir-me a mim. os meus pensamentos. não os temo. amo-os. gosto de saber que os sei pensar e que eles me pertencem. um tesouro só meu. egoísmo? egocentrismo? who cares? preciso deles. numa vida corrida e feita sempre em função de outros. um banco para descansar. o presente que, num certo dia que se aproxima, quero receber e desfrutar.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Para o Artur


Daqui

O Artur tem saudades das minhas palavras nas imagens dele.
Eu tenho saudades das imagens dele nas minhas palavras.
Não nos conhecemos. Vamos trocando emails, planeando algo em comum, encontrando-nos na virtualidade de um espaço a que acedemos pelo teclado dos nossos computadores.
Encontrar um meio termo entre os meus posts diários que se multiplicavam e a minha ausência de semanas actual não me está a ser fácil.
Sinto falta absoluta das páginas dos meus livros, sinto falta absoluta de ver este meu espaço repleto de palavras que me vão saindo à medida que os dedos se abandonam ao prazer das teclas brancas do meu pequenino computador.
Sinto falta de me ver lida, sinto falta de me ver escrita, mas não sei como hei-de conciliar tantas tarefas. A que de rompante entrou na minha vida e a alterou completamente ocupa-me dias e pensamentos. As que há onze anos desempenho diariamente absorvem o tempo que sobra, multiplicando-se, espalhando-se como polvos, crescendo como uma esponja cresce quando absorve a água em que é mergulhada. E eu, atónita, quase sufoco sem saber como hei-de dar volta a tanta coisa. Sem outros braços que me ajudem, sem os meus braços conseguirem dar vencimento a tanta solicitação.
Ai!!!! Um ataque de ansiedade invadiu-me um dia destes.
Senti que sair era urgente, mas não consegui. Sair da solidão sempre povoada, das palavras envoltas em silêncio e vazio, da aparente calmaria dos dias.
Senti saudade de pegar em mim e na minha máquina (até ela tem estado abandonada, sem carga, fechada num armário) e ir. Lisboa sempre o meu destino de sonho. As ruas escorregadias e a luz clara espelhada pelo rio. Sensação de espaço e fuga em ruas estreitas de pessoas envelhecidas. Guardei a saudade. Expliquei-lhe que não era ainda a altura certa para a libertar do peito. Enrolei-a de forma criteriosa e engoli-a para dentro do meu coração sempre aos saltos.
Os dias têm-me engolido, têm-me retirado o pouco tempo que me dedicava.
Saudades profundas
Das imagens do Artur
Das minhas palavras
Dos meus pensamentos
Dos meus livros que se acumulam cada vez mais
(porque não lhes resisto quando os vejo no escaparate)
Necessidade premente de aprender a conjugar vários verbos em simultâneo!
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