Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.
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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Changing


I.
Iniciei o processo de mudança da minha vida. Como em quase tudo o que faço, iniciei-o quase sem pensar, sem reflectir. Sou impulsiva em maior parte das minhas atitudes e esta não foi uma excepção. A mudança exige bastante de mim, porque resultados exigem trabalho e dedicação. Estou mesmo empenhada na obtenção de bons resultados e nada melhor do que colocar desafios a mim própria, lutar por os conseguir cumprir.
Esta mudança da minha vida mexe com tudo o que há muito está organizado de determinada maneira. A vida da casa gira em torno de mim e não posso, nem quero, deitar fora esse trabalho. É mais um desafio que tenho para superar. Conseguir conciliar a novidade com a tradição.
II.
Ontem saí de casa com as crianças e voltei com elas. Um dia inteiro fora de casa, uma casa completamente em estado de sítio quando a ela voltei, prova de que tudo o que há para fazer espera sempre por mim para ser feito. Tranquilo. Num instante se pôs tudo na devida ordem, num instante se tratou de TPC's e banhos e jantares. O facto de ter passado o dia todo fora de casa também me fez bem. Ajudou a descontrair desta vida doméstica que é tão monótona!
III.
Para terminar em grande, uma visita nocturna ao Hospital de Cascais. A Catarina continuava a queixar-se da garganta e da cabeça, apesar da febre já estar a dar sinais de rendição. O Manel não quis que as duas mulheres da sua vida fossem sozinhas. Fomos os três. Nós duas para a urgência, ele cá fora a "skatar". O atendimento foi rápido, eficiente e simpático e num instante estavamos de regresso a casa, com passagem obrigatória por farmácia de serviço. Na primeira não havia o medicamento que o receituário exigia. Na segunda, o farmacêutico advertiu para os cuidados a ter quando se toma antibiótico, tomando os dois irmãos por dois namorados. Riam-se divertidos com a conversa do senhor quando regressaram ao carro. Passámos por uma estação de serviço e comprámos um chocolate para o resto do serão (a preço de estação de serviço...grrrrrr). Ainda nos sentámos no sofá, vimos as notícias no facebook, rimos e adormecemos.

What a Day
:-)

sexta-feira, 5 de março de 2010

É Sexta Feira # [12]


O nosso inconsciente é um sub mundo tramado. Finge-se de bem comportado e vai armazenando as informações que o lado consciente de nós lhe fornece. Processa-as, cataloga-as e finge que as arruma. Depois, quando o consciente baixa a guarda, eis que vem ele, em pezinhos de lã, com todas as pastas "Confidencial" debaixo do braço e desata a folhear, a folhear, a folhear. O consciente não consegue detê-lo e a cabeça mergulha em toda aquela informação.

Têm sido assim as minhas noites. Sobressaltadas, interrompidas, dormidas em intermitências, adivinhando o que não pode ser adivinhado porque não se sabe o que a realidade tem ainda para nos mostrar. Se já há um tempo andava em prenúcio do que iria acontecer, agora então esse prenúncio está ainda mais desperto em mim, não havendo forma de o arrastar para dentro de um armário do inconsciente, deixando-o lá guardado, trancado a sete chaves para que não me ensombre os dias e as noites.

Hoje guiarei até Lisboa. Pela hora de almoço, eu e o Martim, também ele preocupado, mais do que seria desejável, com a saúde do Avô. Vamos os dois visitá-lo. Por umas horas estaremos lá, presentes, tentando colmatar todas as horas em que as loucuras dos nossos dias nos obrigam a estar ausentes. Apenas pressentindo...

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Afectos no Interior da Fragilidade


Somos Três. Já nenhum de nós tem as mãos assim pequeninas, apetitosas de bébé. Já todos nós fechámos dentro das nossas outras mãos pequeninas, apetitosas de bébé, dos nossos Filhos. Para os nossos Pais continuamos a ser os bébés a quem eles seguraram as mãos, encheram de beijos nas bochechas, de mimo. Os papéis invertem-se agora. A vida quis mostrar-nos que nós Três, diferentes, tão diferentes, continuamos a ser os mesmos que há muitos anos atrás formavam um trio inseparável e que, apesar de termos crescido e seguido rumos diferentes, temos características e gostos que nos continuam a unir. Juntámo-nos hoje na visita ao Pai. Chegaram primeiro as raparigas. Viajaram juntas Marginal e A5 fora. A mais nova conduziu. A mais velha deixou-se conduzir. Dispensaram o elevador e subiram cinco andares a pé, unidas pelo pavor a elevadores. Chegou por último o caçula. De canadiana vestida e mochila às costas. Rapidamente as pernas do Pai se transformaram em suporte para o trabalho fotográfico do rapaz. Comentaram-se imagens, elogiaram-se umas e outras nem tanto. Pedincharam-se algumas (eu, claro!), com sucesso. Saíu de seguida a máquina fotográfica. E o caçula fotografou soros, bacias de inox, pés articulados de cama de hospital, tubos, o que lhe apeteceu. Falámos de tudo e de nada. Despedimo-nos. As manas tinham que regressar aos seus bébés já crescidos. O mano ia dar o seu lugar de visita à mãe do seu bébé que esperava a vez de entrar. Descemos a pé cinco andares. No estacionamento conversámos, rimos da "marretice" dos nossos Pais, preocupámo-nos em conjunto pela incerteza do que ainda está para nos chegar, mimámos a benjamim da Família. Vieram de novo as manas, A5 e Marginal fora. Agora debaixo de céu mais do que plúmbeo, de chuva forte, de mar ainda e sempre revolto.
Neste bocado de tarde de domingo não houve filhos para tomar conta, maridos a exigir atenção, casas a quererem lembrar-nos da nossa condição de adultos. Neste bocado de tarde de domingo houve Filhos em redor de uma cama de Hospital, enchendo de afectos o ar impregnado pela fragilidade da doença.
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