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A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.
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terça-feira, 17 de abril de 2012

Pormenores...

Daqui

I. ...De Casa

Casa. Há bem pouco tempo, o meu Universo.
Agora, a minha casa. O porto onde regresso após cada viagem, o destino desejado, o ponto final de cada dia.
Casa. O lugar por onde viajo hoje.
A mesa da casa de jantar pejada de papéis e dossiers. Os telefones. A minha agenda. O dia de hoje vai ser dedicado aos contactos. Iniciar novos e consolidar mais antigos. A conversa, o sorriso, as palavras. Os resultados vão surgindo e a lapiseira, fina, vai transformando em manchas escuras os espaços brancos da minha agenda. Aqui sorrio eu. A agenda em branco angustia-me. Gosto de a ver carregada de nomes de quem não conheço mais do que a voz ao telefone. Cada voz uma surpresa. Cada saída de casa uma nova Família que visito, vou conhecendo aos poucos, vou adicionando ao meu registo de memórias. [mais material para "aquele" livro que um dia vai acontecer].
A rotina da casa alterou. A rotina da Família alterou. A casa sente a minha falta, sinto-o, vejo-o nos pequenos pormenores que só eu detecto.

II. ...Dos Filhos

Os filhos. Neles também muita coisa mudou.
Estão mais crescidos e soltos. A alteração na minha vida tem feito com que se alterem também as rotinas deles. De repente parece que cresceram. De repente há namorado/namorada nos mais velhos. Há mais ausências na mesa de refeições, há mais presenças. Podemos ser só quatro, mas também podemos passar a oito. A flutuação. O movimento da Família. Cada um de nós é um Mundo, uma realidade, sonhos, pensamentos e palavras que se junta a outros Mundos e cria um Atlas de conversas, de dúvidas, de desejos e planos. Um Atlas onde os Países também têm cores diferentes, onde uns têm mais terra e outros mais água, onde uns sonham e outros estão bem presos à Terra.
Medo. Perda. Duas palavras que me ensombram volta não volta.
Orgulho. Palavra que define o meu Mundo de Mãe.
O meu Mundo, agora transformado em dois, divide-se por estas três palavras. Porque é enorme o sentimento de orgulho que tenho nos meus Filhos, mas enormérrimo o medo de os perder.

III. ...De mim

À cabeça vêm-me memórias de outros dias.
De determinados dias.
Dias. Lá ao longe.
Sinto-lhes o cheiro, a textura, a macieza do clima morno, os sorrisos que por lá andavam.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Breve Crónica do Tempo que passa

Daqui

Tudo mudou para mim.
O tempo deixou de ser contado entre lençóis engomados a preceito e peúgas estendidas aos pares para que a tarefa de as dobrar fosse facilitada.
O tempo passou a ter outra importância. A importância de um trabalho que gosto de fazer e que me traz num vaivém de kms, de conversas, de pessoas.
[Sobre estas tantas pessoas que tenho conhecido, quase poderia escrever uma centena de crónicas. São tantas as que tenho conhecido nestes últimos 17 meses.]
17 meses, tanto tempo e que parece tão pouco. Parece que foi ontem que me lancei nesta aventura, de braços abertos como se de asas se tratasse. De alma aberta para novos desafios.
17 meses, a altura em que as crianças ensaiam passos mais ousados, palavras mais completas. É como me sinto. Uma criança que está a arriscar as aventuras de andar e falar.
O ano encerrou as portas comigo em sucesso e Janeiro trouxe consigo a surpresa de novos desafios. A princípio fiquei quase em coma. As palavras ouvidas a ressoarem-me no cérebro. A minha vida a passar como um filme. 46 anos. Tudo o que fui fazendo. Tudo o que me fez o que sou.
Já estive suspensa. Depois vieram dias de formação. Ouvir, ouvir, ouvir. Escrever, aprender, digerir, dar a volta a todos os pensamentos e tentar que se arrumem e me ajudem a arrumar-me.
A nova etapa já começou. Plena de desafios. Plena de trabalho. Horas e horas fora de casa...

E eu? Eu só. A Vera. A que lê. A que pensa. A que espera sempre mais.

Continuo eu. A leitura em ponto lento. O pensamento sempre presente. Eu, os outros, o presente e o futuro, porque ainda não atingi a capacidade de um dia de cada vez.
Continuo a acreditar que no futuro algo de melhor vai acontecer. Continuo que os dias vindouros me irão surpreender. Coisas boas. Acredito sempre nelas.

sábado, 17 de dezembro de 2011


Daqui

Há dias mágicos...

O dia de Inverno em que acordamos com o Sol a fazer riscas de sombras nas paredes do quarto e a aquecer os pés da cama.
O dia de Verão em que o calor nos acorda cedinho e nos chama para a vida, irresistível na sua energia e alegria.
O dia em que acordamos depois de uma noite bem dormida e de um sonho que nos pôs com um sorriso nos lábios e um calor no coração.

Hoje é um dia mágico sem que nada disto tenha acontecido.
As letras comovem-me sempre, as leituras muito mais e quando tudo isto se alia às emoções, então há, de certeza, magia na maneira como olho o dia.
Uma colega desta "profissão" recente vê hoje o produto do seu trabalho nas bancas - Velocidade Colher - e eu não consigo desligar este acontecimento importante na vida dela, do meu sentir.
Trabalhar num projecto como é O livro, é trabalhar na obtenção de um resultado que, não é à toa, se diz ser idêntico ao de ter um filho. É uma coisa que nasce, mas uma coisa onde tudo transpira o ser de quem nele trabalhou. Ao folhear o livro da Gasparzinha não me senti a folhear apenas mais um livro de culinária. Senti-me a fazer parte do mundo dela, porque é isso que um livro deve transmitir, bocadinhos de quem o criou, e o livro dela traz logo isso no início, a dedicatória.
Hoje, o dia é mágico para ela. E este post é para ela.
A fotografia escolhida, do meu fotógrafo/blogger preferido. Uma fotografia que me faz sonhar com cartas de amor. As cartas que gostaria de ter atadas com uma fita vermelha dentro de uma gaveta perfumada com o cheiro intenso de sabonetes de outras eras.
Hoje, o dia é mágico porque me fez vir aqui e, ao chegar, encontrar 12 comentários para publicar. Cheios de saudades, de ternura e de pedidos de regresso. E as lágrimas a virem-me aos olhos, porque, às vezes, o virtual consegue ser tão mais forte que o real.
Hoje, o dia é mágico. Por vocês.
Obrigada!

sábado, 5 de novembro de 2011

Continuo por Aqui


Diário de Lisboa - The Lisbon Diary

Completou-se na quinta feira um ano. Um ano inteirinho de trabalho intenso, de uma reviravolta imensa na minha rotina de Mãe, Dona de Casa, blogger dedicada.
Os resultados têm sido excelentes, surpreendentes para mim e, penso, para todos os que de mais perto me conhecem. Impensável, na minha cabeça, esta coisa de andar de um lado para o outro, a entrar de casa em casa desconhecida, a sair de minha casa à hora em que todos regressam, a entrar em minha casa à hora em que já muitos dormem.
Sim, tem sido uma vida marcada pela diferença relativamente aos últimos 13 anos. De casa. De Filhos. De Família. De roupas. De pós. De refeições. De tantas coisas completamente enfadonhas e absurdamente pouco criativas. No entanto, foi no meio de tão pouca criatividade em meu redor que nasceu este blogue que acumulou 126 seguidores ao fim de 3 anos, que acumulou comentários que me deixaram orgulhosa dos pontos e vírgulas que sempre soube usar e das palavras sem erros que vou ter de reaprender a escrever.
Sinto-lhe a falta. Aqui foram ficando pedaços de mim. Os pedaços que realmente eram meus e os que ia inventando, deixando sair à medida que as mãos se agarravam às teclas. Cheguei a imaginar, na minha cabeça desprovida de outras preocupações que não as inerentes à esplendorosa carreira de Dona de Casa, que alguém, lendo o meu blogue, me convidaria para escrever em locais de maior visibilidade e que a oportunidade de ter um livro com o meu nome na capa poderia surgir. Nada disto aconteceu...
Hoje, em conversa com alguém que também gosta da escrita, embora a condimente com sabores e cheiros diferentes dos meus, voltou esta vontade súbita de dar aos outros as minhas palavras. Porque elas continuam a dançar cá dentro da cabeça quando, agarrada ao volante, ando por estradas conhecidas e desconhecidas, com vontade de ter um aparelhómetro que ligado ao meu cérebro fosse registando o que naqueles momentos únicos de solidão me vai surgindo como escrevível.
Depois o sinal de sms abanou o meu telefone e outra pessoa, esta das mais importantes na história deste blogue, veio avivar a vontade de voltar a ler comentários aos meus posts.
Nada como as imagens do Artur para me porem a escrever! As saudades dele também são grandes!
Fui lá buscar esta fotografia. Aquela pode ser a minha mão. A mão que empurra, dia após dia, portas de escada de prédios desconhecidos e que faz trabalhar o que me leva a cada casa onde entro.
Um ano. Foi o tempo que já passou desde que começou esta minha nova vida.
65 é o número de pessoas que passaram a estar ligadas a mim por causa de uma máquina. 44 é o número de pessoas que me conheceram, a mim e à máquina, mas não ficaram tão ligadas a mim.
59,6% é o número que representa o meu sucesso nesta actividade.
Eu, que nunca fui fã de números, vivo agora em função deles. E vivo bem...mas tenho saudades das minhas letras que sempre me ocuparam a mente.
Continuo por Aqui e sei que apenas depende de mim, mas preciso de incentivos e esses, vêm daí!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Aos poucos, também vou lendo...

Quase não tenho escrito.
Quase não tenho lido.
O que não quer dizer que viva à margem do que vai acontecendo no mundo que gosto de dominar - o das artes, da escrita principalmente.
A minha pilha de "por ler" aumenta consideravelmente e ainda bem que as estantes estão quase prontas, porque estou com uma vontade imensa de os ver bem alinhados e organizados. À partida vou arrumá-los por autor. Acho chique!
Apesar de ainda não ter luz de mesa de cabeceira ou uma luz que me permita ler sem a luz do tecto a ofuscar-me os olhos, o meu novo quarto tem sido tão inspirador de uma bela leitura antes de dormir!!!! Em cima da mesa de cabeceira estão três livros. Dois que aguardam mais concentração e disponibilidade (pelo nº de páginas que ostentam) e este cuja capa aqui publico e que tem sido o meu companheiro. Desde que li o primeiro livro de Michael Cunningham, fiquei apaixonada pelas suas palavras e pontuações. Não me escapou mais nenhum dos seus livros e nenhum deles me desapontou. O homem escreve mesmo bem e lê-lo é um prazer sem medida.
Agora, por exemplo, está a dar-me uma vontade de louca de subir as escadas, deitar-me em cima da colcha fofinha, castanho escura, parecida com chocolate, recebida de presente no Natal e desatar a ler...impossível!
Tenho de ir buscar o Mateus às 15:30. Tenho demonstração às 17:00.
Fica para logo à noite.
Depois de ver o Irmãos&Irmãs na RTP 2.
Os meus guilty pleasures mantêm-se inalterados!!!!

Espelho Meu...

Da Net
Ultimamente tenho andado aborrecida com os espelhos.
A imagem que me devolvem não me agrada. Em nada.
Ando a precisar de apanhar sol, sob pena de me perguntarem se estou doente pois nesta altura do ano é normal já ter uma corzinha mais saudável do que a que ostento agora.
Todos os dias reviro a cabeça para pensar e decidir o que vou vestir. Estou farta do meu guarda-roupa e já aceitava um patrocínio que me vestisse dos pés à cabeça. Mais formal/profissional, mais hippie chique, estou mesmo a precisar de um novo guarda roupa e calçado.
Outra coisa que me anda a enterpigaitar os miolos é o facto de sofrer de uma soneira crónica que as horas de sono nocturno não conseguem reparar e de uma preguicite aguda que as actividades domésticas fazem aumentar.
Diria mesmo que a astenia primaveril se instalou em mim, dos pés à cabeça. Alguém quer sugerir tratamento para tanta queixa egocêntrica?

Misturando Realidades

Da Net
Tenho tido algum pudor em falar da minha actividade.
Por achar que não se coaduna, por achar que talvez não seja muito ético falar aqui do que vou vivendo nesta minha nova aventura. O que se passa é que algo que nunca me havia passado pela cabeça fazer se transformou completamente num projecto a tempo inteiro. O planeamento é uma característica essencial na actividade em que me insiro agora e dedico-lhe uma boa fatia de tempo. Depois, tenho também  que acompanhar os meus clientes. Aqueles que me receberam e que se renderam, aqueles que me receberam e não se renderam. Todos merecem o meu respeito e a minha atenção. Um bom pós-venda é meio caminho andado para novas vendas.
Para além da minha responsabilidade profissional, existe também a minha paixão por pessoas. Tenho conhecido pessoas extraordinariamente interessantes, completamente diferentes umas das outras, mas pessoas tão idênticas naquilo que me leva às suas casas, às suas cozinhas. Sendo que eu já praticava no meu dia a dia o "não preconceito", agora pratico-o muito mais. A partir do momento que uma pessoa que não me conhece de lado nenhum aceita receber-me em sua casa e passar comigo cerca de duas horas, que interessam as diferenças que possa ter em relação a mim?
 Desloco-me sempre com a mesma vontade e ânimo. Mais uma ficha de cliente, novos hábitos ou apenas uma repetição de rotinas já vistas noutra cozinha, quando saio de casa saio sempre de sorriso interior, de pensamento positivo, de vontade de vencer. E tem resultado em cheio!
Em casa de cada um, a educação tem-se revelado um exercício constante, porque se há pessoas que respeitam o trabalho que faço e se portam à altura desse factor - aquele é o meu trabalho -, outras há (até agora um ínfima percentagem!) que não conseguem manter uma postura de quem assiste ao trabalho de outrém.
Gostava de, um dia, juntar todos os meus clientes num jantar. Para que todos se conhecessem nas suas diferenças, se unissem no que os tornou um factor comum. Ando a pensar nisto e a pensar como reagiriam eles.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Documento Histórico (e eleitoral) no Dia do Estudante

Documento Saído de uma Gaveta...

Chegou por mail.
Com uma pequena palavra hifenizada "Lembras-te?".
E eu, cujas memórias de infância e boa parte da juventude não passam de um vocábulo - memórias -, não pude deixar de sorrir, sózinha, para esta imagem de um papel amarelado e vincado pelas dobras que o caracterizam como vindo directamente do fundo de uma gaveta onde está guardado há muito tempo.
A letra própria de uma máquina de escrever de fita.
Os nomes. Alguns deles, agora conhecidos.
Outros, ilustres desconhecidos.
O meu, sem apelido! Talvez um prenúncio da minha actividade de bloguer onde só o primeiro nome viria a lume.
Hoje, este documento histórico da minha passagem pelo Liceu D. Fílipa de Lencastre, é um contributo para a comemoração do Dia do Estudante e também um contributo para futuras promessas eleitorais do "senhor que se segue". É uma prova de que a actividade cívica sempre foi muito importante para mim (mesmo não me lembrando bem destes tempos!).
Não o vou comentar. Vou apenas deixá-lo aqui. Para que cada um de vós o analise e deixe as considerações que achar pertinentes!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Partilhas de [Cabelos] [Esfregonas]

Da Net

Na semana passada fui duas vezes ao cabeleireiro.
Luxo, luxo.
Da primeira vez fui porque o meu cabelo já estava a abusar da minha paciência. A cor estava a precisar de ser tratada e o aspecto de "esfregona" já me estava a chatear. Saí de lá linda de morrer, como só estou quando saio do cabeleireiro com a minha "esfregona" tratada por mãos que sabem e que têm a paciência infinita de esticar e alisar um cabelo que não é fácil.
Quando todos foram chegando a casa, fui lendo nos olhos que me olhavam que algo não estava bem. Enquanto o penteado de cabeleireiro durou, a coisa foi-se aguentando, mas mau mau foi quando a água do chuveiro caíu em cima do penteado e o secador de casa secou a, de novo, "esfregona". Realmente, os olhos que me olhavam não mentiam e o aspecto do meu cabelo estava tudo menos bom.
Voltei ao "salão" no final de tarde de sábado. Coisa rápida. "Dar um banho" aquela cor estranha e torná-la mais normal.
Saí de lá, outra vez, linda! Desta vez os olhos que me olharam já o fizeram com um ar de aprovação...
A cor está diferente, mas mudar é bom. Eu adoro mudar.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Partilhar

Daqui
Penso que já todos os que me leêm e seguem perceberam que a minha vida se alterou.
O número de posts diminuíu drasticamente e o tempo que costumava dedicar à leitura/comentário do que os outros bloggers escrevem/publicam diminuiu também.
Aceitei, em Novembro, um desafio que me foi colocado pela minha Filha. A falta de tempo dela para a actividade que desenvolvia a par da Faculdade, levou-a a desafiar-me a ser eu a desenvolvê-la. No início estive renitente, mas depois pensei que não tinha nada a perder e que era uma parvoíce sentir receios completamente infundados, mas, no fundo, próprios de quem está há 11 anos em casa a tratar exclusivamente da gestão familiar. Seria eu capaz de entrar em casa de outras pessoas, de mostrar com qualidade um produto que utilizo há sete anos, sem parar um dia? Seria eu capaz de procurar novos clientes, de gerir a minha actividade de uma forma profissional, a par da gestão familiar? Eram receios demasiados, mas apenas meus, enumerados dentro da minha cabeça.
Decidi que iria arriscar, porque uma vida sem riscos para pisar e ultrapassar é uma vida morta e vida e morte são contradições e não sinónimos.
Na altura em que tomei esta decisão, tomei também outra. Não tornar público no Vekiki o que fazia. Porque a política da empresa a que pertenço agora não é a publicitação da actividade nem a angariação de clientes de outra forma que não a referenciação.
Passados já três meses de actividade produtiva e que me tem dado (a mim e à Família) uma melhoria da qualidade de vida, penso que não estarei a actuar mal se disser finalmente o que ando a fazer e que me retira tempo cronológico e mental para as minhas escritas.
Ando a demonstrar
E estou a adorar!!!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Prazer em Estado mais do que Puro, Puríssimo

Livraria Galileu, Cascais
O final de tarde de segunda feira passou a incluir uma deslocação a Cascais.
O que lá vou fazer não me compensa ir, voltar a casa e regressar a Cascais, por isso decidi enfiar o carro no estacionamento subterrâneo (onde se paga com a Via Verde, o que é um must) e deambular por ali. Não tinha nenhum destino em mente e, por isso, saí do estacionamento e pus-me a andar pela Avenida Valbom. Claro que Avenida Valbom quer dizer Santini, mas também quer dizer Galileu e foi para lá que dirigi os meus passos e o meu olhar claramente atraído pelas bancadas de livros usados que estão sempre ali à porta, à mão de semear, a atrair atenções que acabam sempre por se dividir com o interior da loja.
Eu adoro livros, sejam eles novos a estrear ou antigos ao ponto da grafia ser diferente e as folhas amareladas quase se desfazerem entre os dedos quando as passamos. Durante um bocado estive ali, absorta nos usados, entretida a recordar a colecção RTP que faz parte do meu imaginário infantil, perdida nuns pequeninos volumes de libretos de óperas conhecidas. Depois o frio começou a incomodar-me. Empurrei a porta fechada/encostada e entrei. Lá dentro, o silêncio. Não era um silêncio pesado, era um silêncio próprio de qualquer local sagrado, de um espaço onde se reflecte. Na Galileu não se veêm livros como num qualquer outro espaço livreiro da modernidade. Prateleiras enormes, organizadas por estilo literário, estantes enormes, organizadas por autor, barulho, muita luz, música e muita gente, muitas vozes, muito som de fundo. Na Galileu existe um ambiente quase de museu. Os livros estão ali expostos, ao nosso dispôr, mas de um modo intimista, apetecível. Eu não procurava nada em particular, tal e qual como não procuro nada quando entro na FNAC e saio de lá com qualquer coisa debaixo do braço. Mentalmente decidi não gastar dinheiro, portanto só estava ali para passar o tempo e ver capas, ler sinopses, pouco mais do que isso...mas acabei por me encostar a um pequenino escaparate onde os títulos eram anunciados a partir de €1 até €5. Títulos da Cavalo de Ferro. Não gastar dinheiro! Mensagem que surgia projectada no écran do meu cérebro, mas para a qual esse mesmo cérebro não queria olhar. Despertada a atenção para os títulos, as lombadas, as histórias ali à minha frente, já nada havia a fazer. O cérebro  pragmático iria perder a batalha. Assessorada pela anfitriã daquele maravilhoso espaço, lá fui eu fazendo uma pilha. Dois volumes mais grossos, os outros finos e tentadores, foram-se transformando em propriedade minha e só eu sei como ser proprietária de livros me transforma numa pessoa verdadeiramente feliz.
Saí da Galileu carregada com um saco amarelo cheio de livros a preços inferiores ao de qualquer jornal diário. Se por vezes gastar dinheiro me instala na consciência um peso que dificilmente suporto, ontem aqueles euros ali deixados instalaram um contentamento imenso em mim.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Agora os Casacos não Páram Aqui

Daqui
Foi há onze anos.
A fusão de duas empresas, as reestruturações, os funcionários de duas empresas a terem de cohabitar.
Eu tinha menos onze anos do que tenho hoje. E menos um filho. E três filhos pequenos que largava num colégio bem cedo e recolhia bem tarde. Com os meus filhos eu partilhava as piores horas do dia. Deles. Minhas. As horas em que o cansaço já só pede o silêncio, em que as birras se acumulam sem razão. Sentei-me à mesa da casa de jantar da altura e fiz contas. Alinhei despesas, as despesas pelas quais trabalhava, e decidi. Deixar de trabalhar. Deixar de pagar um colégio que me levava o ordenado quase todo. Deixar de correr para uma cidade feita de gente que corre.
Passaram-se onze anos.
De maneira inesperada e impulsiva, troquei o ram ram da vida de Mãe e Dona de Casa pela agitação de uma actividade que exige de mim organização, planeamento, estabelecimento de objectivos e responsabilidade. O que a princípio me pareceu um desafio quase impossível, transformou-se num prazer. As pessoas que vou conhecendo em cada demonstração que faço, as pessoas que conheci numa empresa cuja dinâmica é verdadeiramente motivadora.
Alteraram-se as rotinas da casa. A Mãe já não está sempre em casa e tudo o que continua a fazer com os Filhos tem de ser planeado e encaixado entre reuniões semanais, demonstrações e entregas de Bimbys.
As tarefas domésticas que até Novembro desempenhava diariamente com mais ou menos afinco, afiguram-se-me agora aborrecidas e preciso de me disciplinar muito para continuar a assegurá-las.
Amanhã fechamos o mês de Fevereiro. Tenho menos uma venda do que em Janeiro, menos duas do que em Novembro e Dezembro. Não gosto da sensação de ter trabalhado muito e não ter conseguido alcançar o mesmo patamar ou um superior, mas também isto é parte da aprendizagem. Aprendo a ser humilde, a não me lançar para voos para os quais ainda não tenho treino suficiente.
Amanhã fechamos Fevereiro e lançamo-nos em Março.
Eu espero ter um bom mês. Conseguir angariar bons contactos, expandir a minha rede de negócio e planear o meu tempo de maneira a conseguir postar diariamente.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Notícias da Bloger Desaparecida

Esta semana foi sugada pelo meu constante movimento.
Constato isso quando abro o meu blogue, o meu sitemetter e vejo o que por aqui aconteceu.
Desde sábado ausente, as visitas desceram tão abruptamente quanto eu não queria que descessem. Mas também, quem é que visita um blogue onde nada acontece durante cinco dias seguidos?
Na minha vida acontecem ao ritmo da luz imensas coisas. Vão-se acumulando os nomes e os locais que vou conhecendo pela primeira vez. Vão-se acumulando experiências e partilhas. Vão-se acumulando contactos que nem sempre querem ter o prazer de me ver entrar em suas casas...
E por minha casa também se vão criando adaptações a este novo estilo de vida da Stay Home Mother. Confesso que o cesto das meias e cuecas para dobrar está um pouco sobrelotado, mas nada que um belo serão não consiga resolver. A roupa para engomar tem continuado a ter o seu lugar de destaque na cozinha e a máquina da roupa não consegue perceber qualquer diferença, pois o seu ritmo de trabalho não abrandou.
O Natal foi finalmente desfeito, as decorações arrumadas e a sala voltou a ter um canto disponível ao ver a árvore de natal sair porta fora.
A vida move-se ao seu ritmo. Agora mais acelerado para mim, mas também mais feliz.
Questiono-me sobre como suplantar as faltas no blogue, as faltas de leitura...mas não me penalizo por elas. Sei-me humana e, apesar de lamentar, sei que não consigo chegar a tudo de forma igual, mas estou contente com esta nova vida em que cada saída de casa é um desafio, um novo conhecimento, um novo percurso.
A vida move-se ao seu ritmo e eu desafio-lhe a velocidade. Feliz. Sorridente.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Partilha [Completamente] Fútil

Saldos.
Palavra mágica para uma grande parte da população mundial. A época mágica que se inicia cada vez mais cedo e que me faz pensar nas grandes somas que as lojas mais presentes em Centros Comerciais arrecadam quando não estão com os preços reduzidos. Vender a 50% do preço marcado é, com certeza, vender e ainda ganhar dinheiro, certo?
Já tenho dito por aqui que centros comerciais não são o meu destino preferido e que a gastar dinheiro o faço sempre, em primeiro lugar, em livros.
Foi pelos livros que comecei hoje. Depois de uma reunião na CMC que me deixou empolgadíssima para trabalhar na (minha) preparação para falar num seminário para que fui convidada, segui viagem em direcção ao Cascaishopping. Tinha umas coisas para trocar, dois livros para comprar (leituras para a escola), enfim...fui dar um giro, sair da rotina.
Mergulhei de cabeça na FNAC. Sem uma lista de "eu quero" escrita ou na cabeça, fui passeando pelos expositores. Procurei o livro do Martim e uma agenda de 2011 (que ele pediu para "se organizar") e depois fui-me deixando viajar entre capas e páginas. O resultado foi volumoso.
Deixo para trás a FNAC e entro no reino feminino, trapos. Curiosa a minha falta de vontade para comprar esta ou aquela peça de roupa. As calças de ganga (embora por vezes me farte delas) continuam a ser a melhor peça de vestuário alguma vez inventada pelos homens e eu, mulher, agradeço-lhes! No entanto, enfiada naquele universo de etiquetas  com os preços reduzidos a metade, acabei por me deixar tentar por outros tecidos e outros formatos.
Regressei a casa com algumas coisas novas. A sensação é boa!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Christmas Eve

I.
Chegou. É hoje. O Dia dos dias. Para muitas crianças do planeta, para alguns adultos que conseguem manter em si a magia e a ansiedade próprias das idades tenras da infância na véspera de Natal.
Lembro-me. Da excitação deste dia há muitas, muitas vidas atrás. A excitação era tanta que acabava sempre em ralhetes. Os meus Pais, atarefados com os mil e um preparativos e nós, três, em alta excitação e confusão (mais ou menos o que acontece agora cá em casa).
Difícil gerir estes dias. Véspera com uns, almoço com outros, jantar de Natal com outros. Entre casas nos vamos dividindo, tentando viver a magia, tentando não desiludir ninguém, cheios de boa vontade e ternura e alegria para repartir.
São já poucas as crianças. Cá em casa, só um anseia verdadeiramente por este dia, por logo À noite. Fica numa ansiedade que quase lhe tira o sono. E não, não é o mais novo. É o penúltimo!
A todos os que aqui deixaram umas linhas em jeito de comentário do post anterior e de Feliz Natal, agradeço. À Joana um beijo especial. A todos os outros que vieram em silêncio, mil beijos especiais. Por continuarem a vir. Por não me abandonarem e não me fazerem sentir só, também aqui na virtualidade da existência.
II.
É para a cozinha que sigo. Em modo zen, interior, para preparar pratos que serão o almoço de Natal de uma outra Família. Uma responsabilidade que me apeteceu assumir. Um desafio que me apeteceu aceitar. O final de 2010 revela-se-me rico em desafios, revela-se-me o ponto de partida para uma outra vida.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Da Matéria de Que Foram Feitos [e ainda são] os Meus Sonhos

Daqui
(blogue que acabei de descobrir e do qual já sou fã.
pelas imagens...e não só!)
Esta fotografia transportou-me, rápida e magicamente, para uma conversa que tive na passada terça feira com o meu MM nº1.
Falavamos sobre o futuro, sobre o que uma profissão pode ser, sobre de que pode ser feita uma profissão para que nunca deixemos de a amar com a paixão com que se deve amar tudo o que fazemos na vida.
Falavamos sobre a comunicação social e sobre todos os campos que pode abranger, sobre as várias perspectivas interessantes que pode ter.
Quando eu era jovem, tão jovem como este meu Filho nº2, sonhei ser médica. Não uma médica qualquer, vulgar de lineu, de consultório limpino, arrumadinho e bonito, ou mesmo de hospital, mas uma médica que atravessaria fronteiras, que viajaria para países onde a saúde não existe como um direito mas como um luxo de alguns. O meu sonho, aos 15 anos, era ser Médica sem Fronteiras. Queria sair do conforto e mergulhar de cabeça nos países pobres, no meio de pessoas carenciadas, ajudar, ajudar, ajudar. Era o sonho dos meus dias de estudante adolescente. Depois, as minhas falhas no saber matemático obrigaram-me a repensar o percurso académico e virar as agulhas do meu caminho.
A medicina de ajuda transformou-se em jornalismo de guerra. O mesmo pensamento - ir para locais de crise, de necessidade de ajuda -, porque as letras, as palavras, as frases, podem ter um impacto muito forte, podem ajudar a mudar o Mundo. Isto pensava eu na glória ingénua dos 16 anos.´
Educar Filhos é muito. Partilhar é um dos pedacinhos de educar e eu gosto de partilhar com eles. Gosto que eles saibam que eu também tive dúvidas, também tive incertezas, também andei baralhada até encontrar um caminho, apesar de não o ter percorrido até ao fim. Gosto que eles saibam que também tive sonhos e que, muitos deles, continuam a existir dentro de mim e a fazer-me lutar por eles. Gosto de lhes transmitir a ideia de que sonhar não é parvo, de que viver não é só difícil mas também é maravilhoso, de que a vida não é um caminho em linha recta e por isso os nossos sonhos podem transformar-se de um dia para o outro e o nosso percurso pode mudar de sentido, sem que precisemos de nos culpabilizar, de nos sentir estranhos.
Esta fotografia acordou em mim o sonho de poder contribuir para a mudança do Mundo. Um sonho que nunca abandonei e que tento realizar diariamente. Um bocadinho aqui, um bocadinho ali. Ajudar não custa nada. Transformar é possível!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Atingir Objectivos, Superar Expectativas

Da Net
Comercial. Actividade que nunca me passou pela cabeça desenvolver. Pensei sempre que não ia ser capaz de vender nada a ninguém, que me ia esconder debaixo da mesa ainda antes de conseguir começar a falar.
Desde a segunda semana de Novembro que ando embrenhada em actividade comercial. A "escarafunchar" completamente os meus contactos, a enviar mails e sms's a alertar para o "meu" produto. Em três semanas atingi o objectivo que me foi proposto cumprir em três meses e a partir desta meta atingida, estabeleci a mim mesma um objectivo para o próximo mês. Superei as minhas expectativas em relação ao que consigo fazer nesta área em que nunca pensei entrar. Tenho ouvido, dos meus clientes, grandes elogios quanto à maneira como demonstro o produto e como o explico. Para mim, é óbvio que não podia ser de outra maneira. Falo para pessoas (adoro pessoas) de uma máquina que faz parte do meu dia-a-dia há muitos anos e sem a qual já não me imagino na cozinha. Só assim consigo explicar o sucesso que foram estas três primeiras semanas.
Espera-me um novo mês.
Com um objectivo que eu estabeleci.
Se eu o atingir, o nosso Natal vai ser bem mais iluminado!!!!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Contra-Relógio


Ironia.
A amante dos relógios a sentir-se atraiçoada pelo tempo que eles contam, segundos, minutos, horas, sem parança!
De repente, como se o Mundo tivesse decidido girar cada vez mais rápido, vejo os meus dias a escoarem-se numa rapidez idêntica aquela a que a areia da praia absorve a água que por ela se estende.
A agenda repete os compromissos que o telemóvel vai anunciando de véspera.
A caneta vai riscando o feito, a cabeça vai listando e preparando o a fazer.
O carro faz kms, para trás, para a frente, transportando Filhos de um lado para o outro, num movimento quase automático, quase voluntário, como se o ser humano que o conduz não fosse elemento necessário à sua movimentação.
E enquanto a casa está vazia de Filhos está recheada de tarefas, sempre e sempre inadiáveis. E quando a casa se enche de Filhos, enche-se de vozes, de perguntas, de solicitações, de chamadas de atenção.
Os momentos de inspiração, tal como o tempo, fogem-me. Não há como fixar ideias em frases legíveis por outros.
A contra-relógio.
Eis como estou na vida.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Explicação de Ausência...

Durante dois dias inteiros, foi este o assunto que me ocupou todos os sentidos.
A partir de amanhã, quando, pela primeira vez, entrar em casa de alguém para pôr a trabalhar a máquina que no meu dia a dia trabalha vezes sem conta, passo a ser a Vera com mais uma ocupação, com mais uma responsabilidade, mas, com certeza, uma Vera com mais felicidade no olhar.
Pode parecer parvo, mas estes dois dias fora do meu pequenino Mundo seguro, foram um descanso que rapidamente se desvanece assim que meto a chave à porta de casa e entro. E me deparo com maior parte das coisas por fazer. As coisas que, comigo em casa, se fazem quase automaticamente. Não se trata de imodéstia, trata-se de me reconhecer como motor, como a peça que faz andar toda uma engrenagem.
Foram dois dias de descanso de corpo, mas principalmente, de alma.
A partir de amanhã passo a ter um objectivo diferente nos meus dias. Um objectivo que não tem nada a ver com transportes de Filhos, roupas e limpezas. Terei de me pôr à prova todos os dias, saber compreender quem tenho à minha frente e como conseguir conquistá-lo/a. Vai ser um desafio e tanto...mas não estou minimamente receosa. O que levo para mostrar é algo que conheço perfeitamente e que domino, de trás para a frente, da frente para trás.
Se vou ter sucesso? Vou, de certeza!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Muito Rapidamente [antes de ir domir]


Foi rápido.
Quase não dei pelo tempo a passar.
Amanhã repito a dose.
Depois, estou por minha conta.

Quando cheguei a casa tinha uma doente no sofá, com febre, mas aprovada no exame de código que foi fazer a Lisboa logo de manhã. Também tinha os rapazes mais pequenos a fazer os TPC. Pelo caminho para casa ainda fiz um desvio pela praia para recolher o mais velho que tinha ido apanhar umas ondas. Já era de noite.  Estava gelado, mas feliz, claro.

Durante o dia, o telefone esteve no silêncio. As mensagens não pararam e fui sabendo de tudo. Os testes recebidos e respectivas notas. O que se ia fazendo.

Quando cheguei a casa tive mais beijinhos e abracinhos do que costumo ter no dia a dia. Tantas saudades que os "pequenos" tinham de mim...

Amanhã volto para lá.
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