Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.
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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Minha Cidade

Daqui
O Natal que se aproxima devolve-me à lembrança imagens de outros natais. Os natais da minha infância, da minha juventude. Os natais em que Lisboa era o palco de tudo. As lojas que eu frequentava com a minha irmã, donas de um pequenino orçamento que distribuíamos por presentes para Pais e Avós. Eram sempre as mesmas lojas, na mesma Avenida de Roma. Lisboa não me faz falta mas está dentro de mim em determinadas alturas. O natal é uma delas.

As imagens do mercado de arroios onde se comprava a abóbora para os sonhos
As imagens da cozinha dos meus Avós onde tudo acontecia para que fosse Natal à mesa
As imagens das jarras de azevinho
As imagens dos pequenos cartões para os presentes que se compravam na tabacaria da porta ao lado
As imagens dos embrulhos que se faziam mais ou menos às escondidas e que se apalpavam também à sucapa dos adultos
As imagens de natais tão diferentes

Este ano o Natal afigura-se ainda mais complicado do que nos últimos anos. Não tenho lista feita nem me apetece fazê-la. O meu lado Grinch nem sequer está ao de cima, porque ainda não consigo pensar em Natal...
...mas consigo pensar na minha cidade, que eu acho linda e que a Luísa fotografa tão bem!

"Naquele momento creio ter entendido: a cidade não é um lugar. É a moldura de uma vida, um chão para a memória. Enrolei a linha, e regressei a casa, o poente avermelhando a paisagem e os flamingos trazendo o céu para junto da terra. Então, ganhei certeza: a cidade em que nasci estava destinada a nascer de mim. Um arame invisível nos prendia os pulsos, a mim e à minha terra natal." 
in Pensageiro Frequente
A Cidade Sonhada,
Mia Couto

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Calçada Portuguesa


Daqui

Um dia vou estudar a origem da calçada portuguesa e as razões pela qual fazem dela um dos cartões de visita de Portugal e, principalmente, de Lisboa. Até esse dia chegar, vou pensando, optimisticamente (não sei até que ponto é correcto este termo), que a calçada portuguesa vai ser sempre o nosso cartão de visita.
Gosto de olhar para os passeios e observar as pedras, os cubos que se encostam uns aos outros, encaixados em piso de areia. Não gosto de olhar para as pedras a saltarem do seu alinhamento, a provocarem a quebra dos saltos altos, a dificuldade em circular com carrinhos de bébés ou cadeiras de rodas. Gosto de olhar para os passeios e descobrir os desenhos que as pedras pretas formam no meio das brancas, revelando verdadeiros artistas naqueles que, de joelhos no chão e martelo na mão, foram abrindo espaços na areia e foram encaixando pedras. Não gosto de ouvir dizer que se está a pensar substituir toda a nossa bela calçada portuguesa por pedras rectangulares, lisinhas e bem assentes, superfícies quase perfeitas, deliciosas para skaters, inofensivas para os saltos altos. Gosto de assomar a uma das janelas do Tivoli e ver a avenida que se estende até aos Restauradores, até ao Marquês, feita de calçada, branca e preta, ladeada por árvores maravilhosamente vestidas dos tons de cada estação, salpicando o branco da calçada das cores de cada uma delas. Gosto de pensar na Feira do Livro, instalada no Parque sobranceiro à Avenida, também ela feita da memória de muitos de nós que, procurando o cheiro das palavras que nos embalam as ideias, caminhamos sobre as pedras polidas por tantos passos que por elas foram passando.
Gosto de olhar para esta fotografia do
imagino-me sentada num dos bancos da Avenida
talvez apenas olhando
talvez apenas observando
atentamente
quem por mim passa sem me olhar
pisando pedras de história
afastando com a biqueira dos sapatos
as folhas que vestem o chão
de Outono

Se a nossa calçada morrer, morre uma parte considerável do nosso ADN de cidade cheia de cultura e tradição e isso não constitui uma mais valia para quem passou, para quem passa, mas, principalmente, para quem passará a andar pelos passeios portugueses.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Biografia [na 4ª década]


Viajei em Lisboa sem rede, que é como quem diz, enfrentei sozinha medos que podem parecer completamente desprovidos de sentido se forem atribuídos a uma pessoa da minha idade e que sempre viveu em Lisboa, que cresceu em Lisboa, que aos 10 anos andava sozinha de metro de casa para a escola e vice-versa.
A cidade mudou imenso na última década e foi precisamente há uma década que eu a deixei de frequentar diariamente, trocando-a pela pacatez de uma língua de terra paralela ao mar, onde tudo se passa devagar (ou relativamente devagar) e onde controlo tudo. Lisboa deixou de ser uma zona de conforto e passou a ser uma zona de desafio. O metro, que eu dominava, onde eu entrava a ler e saía a ler, subindo e descendo escadas quase automaticamente sem levantar os olhos das páginas, passou a ser um local onde é preciso estar com atenção a cores, mudanças de linha, novas paragens, novos destinos.
Viajar sem rede foi viajar sem a companhia de ninguém que tenha vivido a mudança e que me guiasse.
Hoje, ao fazer a leitura diária dos blogues, parei no Nocturno. A reflexão sobre a dependência/independência despertou em mim a vontade de reflectir e escrever sobre estas características que cada ser humano tem e que o tornam distinto em relação aos outros. Fez-me pensar em mim enquanto pessoa (se não é já isso que faço todos os dias quando aqui me sento a escrever, correndo o risco de me tornar cansativa, obsessiva, desprovida de imaginação...) e quais as mudanças que tenho observado em mim mesma ao longo dos anos e das situações de cada momento. Nunca fui uma pessoa dependente. A educação é a base de qualquer ser humano. Acredito nesta minha verdade. A educação que recebi dos meus Pais foi uma educação de responsabilidade aliada à confiança, pois uma não pode existir sem a outra. [Desde muito pequena que me deslocava sozinha pela cidade, a pé e de metro. Desde muito nova que ficava sozinha com os meus irmãos mais novos, de férias, aqui nesta zona, enquanto os nossos Pais estavam em Lisboa a trabalhar.]
Cresci independente e responsável e acho até que foi essa vontade de ser independente que me fez começar a trabalhar tão cedo e a deixar a Faculdade pela primeira vez. No entanto a vida não é uma recta, uma linha onde se põe um pé à frente do outro e se anda em equilíbrio, sempre em frente. A vida é uma linha, sim, no sentido do seu início e do seu fim, mas uma linha que se vai enrolando e desenrolando e nos obriga a voltas e reviravoltas, sempre em equilíbrio. [Pelo menos, no meu caso tem sido assim.] A minha independência foi transformada em semi-independência, pois se é verdade que me basto a mim mesma para tudo o que faço diariamente, não me basto a mim mesma economicamente. E a tese de que fala a Luísa, sobre a alteração da nossa biografia pela 4ª/5ª década da vida, é uma tese que subscrevo por inteiro. Se por um lado os quatro anos que já levo da minha 4ª década de vida têm sido anos de encontro, também têm sido anos de muitas questões, de muitas dúvidas, de muita vontade de mudar sem saber por onde iniciar a mudança. Sinto-me agora, como não me lembro de me ter sentido na altura própria, a viver uma fase de adolescência em estado puro. As características que definem os adolescentes quase se podem aplicar a mim pela proximidade de sentimentos que envolvem.
Ontem, ao andar sozinha em Lisboa, sem ter ninguém por quem olhar, a quem ter de dizer cuidado, senti-me de volta a mim. À pessoa com quem estava habituada a viver e que há muito tempo perdi de vista.

sábado, 10 de julho de 2010

Em Lisboa, Em Casa


Sonho, invariavelmente, com uma casa antiga. O soalho de madeira de tábua corrida que estala sob os meus pés. Os tectos altos e decorados com florões de gesso. As janelas grandes. Compridas. Protegidas, por dentro, por portadas de madeira. Trancadas com pequeninos fechos metálicos de correr. Sonho invariavelmente comigo a viver numa casa destas. De Lisboa antiga. Apenas eu.
Surpreendo-me no pavor da solidão e no anseio de viver só.
No centro da Lisboa de milhares de pessoas sós.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Há Bocado...

Daqui

...ia falar de Felicidade e não falei.
Mas porque não falar da felicidade?
Conceito. Palavra. Estado. Sentimento.
De que é feita?
Como se inscreve no ser de cada um de nós?
Que outro conceito, palavra, estado ou sentimento, a fazem rebentar, sair de nós?
Hoje senti-a.
Nasceu em mim pela razão mais banal.
E permaneceu.
E durante momentos sei que fui realmente feliz...

Calcorreando


Em 1946 era assim o local por onde passei hoje toda a manhã.
Durante horas entrei e saí de lojas carregadas de bijuteria, de peças avulso, de roupa indiana, de lenços e echarpes, de molas para o cabelo, de tudo e mais alguma coisa.
Sim, estive noutro dos meus elementos!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

N o c t u r n o


Chego ao anoitecer.
O corpo cansado dos kilómetros percorridos, a implorar por água cálida e sabonete perfumado.
A desejar a macieza do teu corpo, a envolvência do teu abraço, o refúgio do teu amor.

Chego ao anoitecer.
O rio abre-me os braços, as luzes acendem-se nas colinas.
Há nuvens no céu de Abril.
Ignoro-as e prendo-me ao espectáculo da minha cidade, a quem regresso sempre sedento.
Dos cheiros das vielas, da luz à beira rio, das vozes, dos fados, das penas.
Deixo-a dizer-me que me ama.
Deixo-me acreditar.

Chego ao anoitecer.
Adivinho o teu sorriso, a tua pressa serena de de mim gostar.
E, apesar da noite que cai sobre nós, molhada por chuva temporã,
Sorrio-te e estou em paz.

Nos braços da noite, embalado na maresia do rio, adormecido na beleza.
Tua.
Da minha Cidade.

sexta-feira, 5 de março de 2010

É Sexta Feira # [12]


O nosso inconsciente é um sub mundo tramado. Finge-se de bem comportado e vai armazenando as informações que o lado consciente de nós lhe fornece. Processa-as, cataloga-as e finge que as arruma. Depois, quando o consciente baixa a guarda, eis que vem ele, em pezinhos de lã, com todas as pastas "Confidencial" debaixo do braço e desata a folhear, a folhear, a folhear. O consciente não consegue detê-lo e a cabeça mergulha em toda aquela informação.

Têm sido assim as minhas noites. Sobressaltadas, interrompidas, dormidas em intermitências, adivinhando o que não pode ser adivinhado porque não se sabe o que a realidade tem ainda para nos mostrar. Se já há um tempo andava em prenúcio do que iria acontecer, agora então esse prenúncio está ainda mais desperto em mim, não havendo forma de o arrastar para dentro de um armário do inconsciente, deixando-o lá guardado, trancado a sete chaves para que não me ensombre os dias e as noites.

Hoje guiarei até Lisboa. Pela hora de almoço, eu e o Martim, também ele preocupado, mais do que seria desejável, com a saúde do Avô. Vamos os dois visitá-lo. Por umas horas estaremos lá, presentes, tentando colmatar todas as horas em que as loucuras dos nossos dias nos obrigam a estar ausentes. Apenas pressentindo...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Tempestade

Fotografia gentilmente
emprestada por

"Life is not about waiting for the storms to pass...it's about learning how to dance in the rain."

Pego no telefone. Quase me cabe na palma da mão. Penso se devo fazê-lo. Marcar o teu número. Ouvir o toque, deixar que atendas, ouvir a tua voz, sentir-te ouvir-me respirar do lado de cá da linha. Em silêncio. Só te quero ouvir. Resisto. Tremem-me as mãos, a garganta seca ao mero pensamento de ter de expelir som para falar contigo. O meu corpo deseja-te. Como te deseja.O sangue que corre dentro de veias e artérias queima-me por dentro. Uma tempestade humana que de mim se apodera, que me sufoca. De pouco me vale a clareza do cérebro que se mantém intacta e que envia mensagens de perigo ininterruptamente. De pouco ou nada me vale passar os olhos pela mesa, tentar concentrar-me em folhas e letras que exigem ser lidas e que os meus olhos desfocam e transformam num só vocábulo. O do teu nome. Rodo a cadeira. A chuva começou a cair em gotas grossas e encorpadas, fustigando os vidros antigos, com bolhas de ar, os originais deste andar onde todos os dias me encerro para trabalhar, ou talvez apenas para fugir da vontade que todos os dias me levaria a ti. Tranformando dois mundos numa aventura maravilhosamente perigosa. Lá em baixo o Tejo. Cinzento, reflectindo o peso das nuvens negras que lhe servem de tecto, corre macio para o mar. Pego no casaco pendurado no bengaleiro de ferro, visto-o, troco os saltos por umas botas baixas, confortáveis, de caminhada e desço os quatro andares de madeira encerada que me separam da tempestade de final de tarde em Lisboa. Não carrego chapéu de chuva. Saio a porta pesada de madeira lacada de verde. Os pés nos degraus de pedra. A chuva a cair. O barulho da chuva na calçada, nos telhados, nos vidros. Os carros que rolam indiferentes a quem nos passeios se encolhe para não ser atingido pela água que fazem saltar quando passam. Velozes no macadame escuro da cidade. Escuro como o dia de chuva. Alheada de tudo lanço-me passeio a baixo. Ando sem rumo. Sem pensamentos. Apenas o teu nome a ribombar-me na cabeça, uma, duas, três vezes, por cada passo que dou. Penso estar a enlouquecer. Viro o rosto para cima, para o céu, e deixo que a água me cubra. O cabelo, os olhos, a boca. Preciso da sensação de frescura, de libertação. O teu nome continua cá, mas agora dentro do peito. Guardado. Resguardado da insanidade de um cérebro que não o quer deixar ser esquecido. Murmuro-o. Quero senti-lo nos meus lábios. Como se da chuva fria tivesses aparecido propositadamente para me beijar. A sensação é de quase conforto. Estás em mim. Só eu sei disso. Sorrio. O toque de sms de dentro da algibeira do casaco. O teu nome...a garganta seca, as mãos tremem, o corpo (re)deseja-te e a tempestade volta. Acompanhando a chuva que continua a cair do céu cinzento e carregado de Lisboa.

sábado, 30 de janeiro de 2010

A Cidade


Onde estarei esta noite. Com os meus Filhos grandes e uma Amiga da Catarina. Em grupo, com uma cunhada Professora (área de Artes) e os seus Alunos. Uma noite de Teatro. Diferente. Na cidade para assistir à peça A Cidade.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Sábado em Lisboa, por Acidente

Os mais novos ganharam um convite para ir ao Circo, no Coliseu, no sábado ao final do dia. Eu ganhei uma viagem a Lisboa, para os deixar. Como não vou diariamente à cidade e não me mantenho a par do que a autarquia alfacinha vai fazendo, ganhei também a agradável surpresa de chegar a um Terreiro do Paço completamente vedado ao trânsito. Indo eu para o Coliseu podia/devia ter ido pela A5, túnel do Marquês, Restauradores...mas como sou completamente obcecada pela Marginal, pela proximidade da água e da luz que só ela nos pode dar, nem equacionei a hipótese de usar a A5. O Circo deveria começar às seis. Terreiro do Paço, Jardim do Tabaco, Rua dos Bacalhoeiros, Rua da Madalena, Martim Moniz, Praça da Figueira, Rossio, Restauradores, finalmente ao pé do Hard Rock... trânsito, imenso trânsito... pessoas... milhares de pessoas... de crianças... de presentes debaixo dos braços... "não pode parar aqui minha Senhora, a sua Filha deixa os Irmãos no Coliseu, a Senhora vira aqui, dá a volta e quando voltar a este ponto já a sua Filha deixou os Irmãos"... certo! A luz da reserva do gasóleo acesa (outra mania não inventariada - deixar o carro avisar-me de que devo abastecer, deixar a luz acender, andar até ao ponto que acho que já não vou poder andar mais!), trânsito infernal, bateria do telemóvel a avisar que estava descarregada! Yes!!! Que fim de sábado!!!! Lá consegui. Subir pela lateral da Avenida, virar à esquerda, descer a Avenida, passar os Restauradores, chegar ao Rossio e circundá-lo, voltar a subir em direcção ao Hard Rock.... BRUTAL. Depois, bem, depois só levámos meia hora a subir a Avenida da Liberdade em direcção ao Marquês. Não consegui perceber. Milhares de carros, em Lisboa, a um sábado às seis da tarde.
Ao contrário do que seria de esperar não estava enervada nem stressada nem irritada por me ter tido que enfiar naquela aventura automobilística. Soube-me bem. Fui ver, sem o ter planeado, as iluminações de Natal da Baixa Lisboeta. Arrependi-me de não ter levado a máquina fotográfica comigo. O tempo que estive parada na Avenida teria dado para umas belas fotografias nocturnas. Fui ver a lufa lufa do Martim Moniz onde se misturam raças, cheiros e pessoas. Fui ver a excitação dos turistas a tirarem fotografias tendo como pano de fundo as luzes de Lisboa.
Sim, sou maluquinha! Adorei este meu fim de dia de sábado :-)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

É Bom Quando Nos Sentimos Assim...

É verdade que sou casada. E Mãe de Filhos. De quatro, mais precisamente. Também é verdade que sou vaidosa. Que gosto de dar nas vistas. Que me produzo (umas vezes mais, outras menos) todos os dias. Gosto de me sentir gira. Gosto de me sentir mirada. Gosto que olhem...hoje senti-me assim. É Bom!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Filas e Filas depois...Finalmente!

Hoje voltámos às Belas Artes. A matrícula online não estava a dar, o telefone da Faculdade estava sem capacidade de dar saída a tanta chamada, a Catarina estava a stressar. O que vale é que estes passeios à cidade nos sabem pela vida. As duas, de comboio e depois a pé pelas ruas da baixa. Sem os rapazes e rapazinhos atrás de nós, sem termos que tomar conta, chamar a atenção, ralhar e ser árbitro em discussões. Estes nossos momentos são deliciosos. Ainda mais porque o nosso poder de observação é aguçado, os pensamentos quase se complementam e, muitas vezes, as frases saem em coro sobre determinado assunto.

Na estação de S. João, as máquinas dos bilhetes estavam avariadas e a bilheteira fechada. Estivemos na fila, à espera que um funcionário carregasse de moedas a única máquina que funcionava. Estivemos na fila da secretaria da Faculdade para nos certificarmos que a matrícula online tinha sido validada. Estivemos na fila para pedir o certificado de matrícula para podermos tratar do passe Sub-23. Estivemos na fila para almoçar. Estivemos na fila para tratar do passe.

De regresso à nossa terra pequenina, fomos para a fila da secretaria do Liceu pedir o reembolso do custo do pedido de recurso do exame de Desenho...

No dia da Fila conseguimos tratar de tudo, ou melhor, quase tudo. O cheque do reembolso do recurso ainda não está assinado...passados quinze dias de o termos pedido...

Corro o risco...

Eu e a minha máquina,
Chiado,
Setembro

de me estar a apaixonar perdidamente.


Não por uma pessoa mas por milhares. Não por um local específico mas por toda uma cidade. Uma cidade que é a minha, mas que está tão diferente e sempre tão bonita. Durante 22 anos vivi nesta cidade, durante 11 anos foi ela o meu destino diário no percurso casa-trabalho. Nunca dei demasiada atenção ao que me rodeava, nunca usufrui do facto de ter nascido e crescido numa cidade que tem uma luz inconfundível, calçada como mais ninguém tem, uma parte antiga feita de prédios maravilhosamente encostados ao rio que nos dá a maresia, a proximidade da água na nossa tradição de viajantes e descobridores de novos mundos.

Agora, dez anos passados sobre a decisão de abandonar o percurso casa-trabalho, vou a Lisboa de olhos que observam e captam os mais ínfimos pormenores. Passados dez anos, quando saio desta minha terra pequenina, chego à cidade e vejo tanta mudança. Espanto-me com inovações (como o alargamento da linha de Metro e o nascimento de tantas e tão bonitas estações) e espanto-me também com a quantidade de pessoas que circulam, a pé ou de carro. E quando chego perto da Praça Duque de Terceira, com a estação de comboios à vista, aperta-se-me o coração. Não me apetece voltar já, para a minha terra pequenina, onde há poucas pessoas a andar a pé de um lado para o outro, mas há um mar imenso que me inunda os olhos e o espírito...
...de água, azul e maresia!



quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ortografia Antiga

Eu e a minha Máquina,
Chiado,
Setembro


Esta porta meteu-se pela máquina dentro. Quis vir comigo e eu fiz-lhe a vontade. A grafia fez-me apetecer os clássicos portugueses em edições antigas, com a grafia antiga. Vou pesquisar e ver o que encontro...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Alfacinha

Largo da Graça trazido daqui

Acordei com saudades de Lisboa, com uma vontade enorme de passear por ruas, travessas e vielas da cidade. Não sei porquê. Hoje acordei alfacinha. Ao pequeno almoço tardio conversava com a Catarina sobre esta minha vontade. Quando terminámos e me sentei a dar uma volta pelos "vizinhos" tomei conhecimento da homenagem feita a Sophia Mello Breyner no quinto aniversário da sua morte no blogue da Laurinda Alves e quase me arrepiei...a minha vontade de ir a Lisboa teria alguma coisa a ver com esta homenagem? Adivinhei-a e preciso de me juntar a ela? Não sei...apenas sei que me apetece Lisboa!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Deambulações

A minha Máquina nas mãos da minha Filha, Janeiro 2009
Parte I.

Recebi uma mensagem de manhã "Que tal vir cá ter, almoçamos e vamos até à Feira do Livro?". Que rica ideia! Nem pensei duas vezes. Comboio, passeio a pé até ao Rossio, ponto de encontro que tínhamos combinado via sms. Eu gosto de percorrer estes caminhos a pé. Primeiro porque sofro de claustrofobia e não consigo viajar de metro tranquilamente, segundo porque gosto de andar a pé e quando o faço em Lisboa sinto-me cheia de felicidade, de vontade de viver, por isso, quando tenho de ir a Lisboa, percorro ruas a pé. Ia eu muito contente, no meu passo rápido porque a hora do encontro se aproximava e já não era só uma amiga, mas duas, que me esperavam, quando me cruzo com alguém a quem reconheci a cara embora não me conseguisse lembrar de onde. Continuámos, cada uma na sua direcção, mas acabámos por nos virar para trás. Vera, sou eu, a Carmo, do Filipa! Claro que sim. Onde trabalhas? Na CML, nos Casamentos de Stº António. Risos. Eu estou em casa, há quase 10 anos. Que giro, há um tempo escrevi sobre ti no meu blogue. A sério? Sim. Toma lá o enedereço e vai ler, acho que vais gostar. Trocámos números de telemóvel e endereços virtuais. Despedimo-nos com sorrisos encerrando memórias de tempos que estão tão longe!

II.

Finalmente no Rossio! As três. Cada uma tão diferente da outra, entre cada duas relações diferentes mas de amizade e de prazer na companhia. Almocinho cheio de conversa e de sorrisos, e de risos a anteceder mais passos que nos levariam ao "paraíso"...
Avenida da Liberdade acima, com breves paragens para deitar os olhos para umas poucas montras especiais. A conversa sempre boa, sempre amalucada, sempre divertida. Pelo caminho, uma de nós abandonou o grupo. Valores mais altos se levantam e alguém tem de trabalhar neste país, certo? Continuámos duas e duas deambulámos pela Feira do Livro durante toda a tarde. As compras aconteceram, controladíssimas, mas aconteceram. Eu, felícissima por comprar 4 e pagar 3, fui bem comportada e por menos de €20 trouxe quatro livros que não sendo êxitos de escaparate ou de vendas me pareceram realmente boas companhias de leitura. E eu gosto de ler coisas pouco conhecidas, pouco divulgadas. Manias! Não posso dizer que não me chamaram alguns outros, dos mais vendáveis, mas esses deixo-os como sugestão de presente para dias de aniversário, natal ou coisa do género...Ainda trouxe dois belos caderninhos de desenho com capas tipicamente portuguesas para a minha "artista" e uma amiga e consegui, sem comunicar com elas, acertar nas capas que cada uma gostava de ter (Ginginha portuguesa e Eléctricos!).
Foi uma tarde bestial. Voltei ao meus Meninos muito feliz, muito cheia de vontade para enfrentar o stress de regresso a casa! Tenho de agradecer às minhas duas Amigas, a que me desafiou, a que eu desafiei para se nos juntar, uma tarde bem passada nas ruas da minha cidade do coração.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Urbe

A minha Máquina nas mãos da minha Filha

Florida Luminosa Maravilhosa Romântica Antiga Histórica
Moderna Barulhenta Acelerada Povoada Apressada
A Cidade
Lisboa

Faz hoje um Ano


que tirei esta fotografia

que fui almoçar a Lisboa a um sítio incrível
que passeei pelas ruas da Baixa, na calma, na conversa, ao Sol


hoje volto a Lisboa, mas cada dia que se vive é um dia que não volta...

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