Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

O Último Dia de Agosto

Eu e a minha Máquina,
Montargil,
Agosto 2010

Agosto.
O mês do calor. O mês das férias. O mês da pausa.
Termina hoje.
A Catarina já regressou das suas mini-férias alentejanas, sem Pais, sem Irmãos. Ela e o/as Amigo/as. Encontrou o quarto mudado e semi-arrumado.
Os rapazes andam por aqui, a giboiar, de sofá para sofá, da sala para os quartos e vice-versa.
No 1º andar o movimento de quem faz obras. Envernizar chão é a etapa que se pretende agora ultrapassar.
Eu ando de um lado para o outro. Faço umas coisitas. Enceto outras. Sento-me. Levanto-me. Penso nos muitos quilos de roupa que tenho para engomar e penalizo-me por não conseguir fazer em casa o que faço durante as férias - tirar do estendal, dobrar bem dobrado e enfiar nas gavetas. Estupidez minha. A electricidade que eu poupava, o cansaço que não sentiria.
No último dia de Agosto sinto-me como se fosse o último dia do ano. Verdadeiramente, para mim, os anos definem-se pelos anos lectivos e não pelos anos do calendário que os dita de Janeiro a Dezembro. Se há altura em que planeio algo mentalmente, essa altura é a do recomeço das aulas.
O que espero do próximo ano: que a Catarina consiga entrar no curso que no ano passado lhe escapou; que o Manel consiga, com a mudança de área de estudos, obter boas classificações e realização pessoal; que o Martim goste (mais uma vez) da nova escola; que o Mateus faça um bom 4º ano. Para mim: que os quilos que a balança me diz que vieram comigo de férias se cansem e se vão embora rapidamente; conseguir encontrar um part-time aqui na zona que me liberte um pouco da casa e me permita manter o apoio que tenho dado aos meus Filhos.
Agosto termina hoje. Foi tão rápido! Termina hoje também o meu período de férias. A partir de amanhã, tal como na história da Gata Borralheira, a realidade voltará. Não existirão passarinhos para me dobrar a roupa ou arrumar a casa...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sonho [nas palavras de uns e desenho de outro]

Das mãos de Richard Câmara

[...]
«Victor Hugo dizia:"Poucos trabalham para realizar os seus sonhos, a maioria apenas ressona". Já Anatole France exclamava:"A loucura é o sonho de uma pessoa. A razão é, sem dúvida, a loucura de todos."
Segundo Freud, nós somos o que sonhamos. Se sonhar pequeno, será insignificante. Se nada sonhar, nada será. Aproveite para sonhar sonhos enormes, sonhos fantásticos, sonhos impossíveis. O máximo que pode acontecer é algum desses sonhos realizar-se. Mas aí, como tudo na vida que vale a pena viver, o sonho deixará de ser sonho. Aliás, já agora, qual foi o seu último sonho?"
Facebooker
Edson Athayde

Reentré 2010

Eu e a minha Máquina,
Agosto 2010

I.
Regressar a casa também significa reunir os amigos.
Antigos e recentes.
Com um menú que nos faz acreditar que ainda estamos de férias.
Com o tom bronzeado a dar-nos ainda "aquele" ar saudável.
Sorrisos e conversas que se prolongam, que se cruzam, que ficam por encetar porque o tempo não chega para todas as palavras que se querem dizer.
Aperitivo para que outros encontros aconteçam!

Eu e a minha Máquina,
Agosto 2010

II.
Regressar a casa também significa combinar, com amigos, programas diferentes que nos permitam aproveitar os dias de Verão que ainda restam.
Um dia passado na margem de uma barragem, com o sol a escaldar, à sombra de árvores, a andar de barco. Silêncio. Conversas. Partilhas. Daqueles/as que só os amigos sabem partilhar.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Juventude Prolongada por Deformação Profissional

[...]
«E isso podia significar ou desespero de isolamento ou juventude prolongada por deformação profissional. Isso: juventude prolongada por deformação profissional. Já tinha reparado, efectivamente, que os professores não são bem homens. Lidando com jovens, dissolvem a personalidade, ficam uma geleia de jovens e de adultos. Só mais tarde vi que também o artista marra, esforçadamente, para a juventude. Estará a arte virada para a frente e a velhice para trás. Enfim, hoje penso que Sérgio brincava às idades. E que, se se mantinha jovem, era, ao contrário do que dizia, pelo desejo danado de conservar justiça à sua luta da juventude.»
[...]

Promessa,
Vergílio Ferreira,
2010. Quetzal Editores
págª 52

Digo que...

Eu e a minha Máquina,
Isla Mágica, Sevilha,
Agosto 2010

...foram sete os livros que me acompanharam.
O número não foi escolhido ao acaso. Os títulos também não.
Dos sete consegui ler dois, iniciar o terceiro (O Elefante Evapora-se; Promessa; Solar). A minha capacidade de concentração não esteve no seu melhor e as conversas, banhos de mar e de sol na praia também não deram tréguas, deixando para trás as páginas que todos os dias carregavam o saco de praia.
Por outro lado, empenhei-me na leitura dos jornais e reforcei a minha opinião sobre a atracção que sinto pela palavra escrita em estilo jornalístico.
Com computador mas sem net portátil, as férias foram uma pausa forçada na actividade cibernáutica. As canetas, os lápis e lapiseiras, o caderno. Todos se passearam comigo, sem que uma única linha fosse escrita.
Regresso devagar.
As palavras também hão-de voltar.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Só Porque Tinha Muitas Saudades de Blogar....

A minha Máquina noutras mãos,
Tavira,
Agosto 2010

Um dos meus cunhados é repórter de imagem num dos quatro canais portugueses.
Já foi noutro.
É um dos cunhados de quem mais gosto.
Pai de cinco Filhos.
Na praia falou-me de um projecto que está para acontecer e no qual o nome dele vai estar envolvido.
Disse-me que me ia enviar por mail para eu ler.
Esta manhã foi a primeira coisa que fiz. Abrir o mail e ler.
E responder-lhe que quem escreve tem um dom.
E quem tem o dom de saber e conseguir escrever deve compartilhá-lo.
Porque não há nada mais belo que as palavras quando bem utilizadas.
Alinhadas. Separadas pelas pontuações certas.
Agora fico à espera. Ansiosamente. Que o projecto se concretize e seja um êxito!

Cadeira Vazia

Eu e a minha Máquina,
Praia dos Salgados
Agosto 2010

Cadeira de praia não é para mim. Praia é sentir o quente da areia, de preferência a escaldar, por baixo da capulana, porque toalha turca também não é para mim. As toalhas turcas pesam no saco da praia quando as carregamos para lá, pesam ainda mais quando regressam a casa, ensopadas de água, micro partículas de areia e sal. Se a areia tiver sido namorada pelas ondas durante a noite e ficar ligeiramente húmida, também não me faço rogada e faço dela a minha cama. Na praia, qualquer spot é um bom spot. Com sol aberto e escaldante ou com céu nublado, esbranquiçado e pesado de calor, praia é praia e quem não a aprecia bem burro é.
Sinto-me hoje um bocadinho aborrecida pelo facto de não ser dona de um património que me permita aproveitar mais dias da estação do ano que mais aprecio. O ano, comprido e custoso de passar, tem 365 dias. Destes, só 22 foram de descanso e passaram tão rápido que duvido que cada um deles tenha tido as mesmas 24 horas que tem cada um dos outros 343 que passo na labuta do dia-a-dia. Provavelmente ninguém está preparado para o regresso à realidade quando as férias de Verão terminam, mas eu, Sol-dependente, Mar-dependente, queria mesmo poder continuar por lá. Na terra onde as praias são grandes e pegadas umas às outras, onde as dunas, que atravessamos para encontrar areal com pouca gente, cheiram a flores silvestres, onde os dias se aproveitam até à última gota de sol no horizonte.
Na nossa companhia de praia faltaram hoje seis pessoas. Nós.

Zona de Serviço


O meu cérebro é um écran onde as três dimensões existem, sem óculos especiais.
Os olhos do cérebro não se cansam da paisagem de mar azul e extenso.
O olfacto detecta o odor silvestre das plantas que crescem nas dunas. Dunas imensas que atravesso para que o areal sem ninguém em redor seja uma realidade difícil mas possível de encontrar.
Regressar. Palavra que não estou ainda preparada para pronunciar. Conceito que não estou ainda preparada para concretizar.
Zona de serviço. Onde me encontro. Onde todo o serviço me espera. Impaciente.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Invisível, de Paul Auster

"Apertei-lhe a mão pela primeira vez na Primavera de 1967. Por essa altura, estava no segundo ano do meu curso na Columbia University e não passava de um rapaz ignorante que, para além de ter um apetite por livros, acreditava ou alimentava a ilusão de que, um dia, os seus escritos possuiriam qualidade suficiente para que pudesse intitular-se poeta, e, como lia poesia, tivera já oportunidade de conhecer o homónimo do indivíduo a quem acabava de apertar a mão, um homem que se arrastava ao longo dos últimos versos do vigésimo oitavo canto do Inferno.
(...)

Quando ele se apresentou como Rudolf Born, é óbvio que pensei imediatamente no poeta. Alguma relação com Bertran?, perguntei.
Ah, retorquiu ele, essa infeliz criatura decapitada. Talvez, mas não me parece provável. Falta-me o de. É preciso ser-se nobre para se ter o de, e a triste verdade é que eu serei tudo menos nobre."

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Mais MEC

"Acho os livros do Saramago mal escritos, no sentido de serem convencidos da sua própria grandeza. É uma espécie de declaração ao mundo. A importância dos livros só se verifica muito tempo depois. Não é uma questão de declarar as minhas ideias. Isso, fazem filósofos e outras pessoas assim. Os romancistas são contadores de histórias."

terça-feira, 10 de agosto de 2010

25 de Abril (muito, muito) Atrasado

"(...) num país onde a corrupção não só é praticada como é aceite pela sociedade com um piscar cúmplice de olhos, onde as pessoas se matam nas estradas, onde durante décadas se produziram paisagens suburbanas que parecem um lego comido por uma praga de gafanhotos, onde a Justiça funciona pior que uma associação de estudantes de liceu, onde jornalistas e políticos existem no seu mundo alternativo de frases feitas e folhetim, uma espécie de reality show que busca votos e audiências.
(...)
«Tenho duas hipóteses, sempre tive. Ou digo 25 de Abril Sempre. Ou digo Méeee!»".

texto completo, de Hugo Gonçalves, aqui

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Paul and Helen

- Debbie called.
- Debbie who?
- Debbie.
- No last name?
- I thought you would know.
- I don't know any Debbie.
- What if it's Bebbie? Webbie?
- What did she say?
- Call her.
- Did she leave her number?
- She said you had it.
- Under which name? Bebbie Webbie?

da série televisiva "Mad About You"

domingo, 8 de agosto de 2010

Ai-Ais

Tenho trinta e cinco anos e não tenho culpa. Não resisto. Quando vou ver um filme para maiores de dezoito anos, ainda sinto que me "deixaram" entrar. Quando estou no meu «Volkswagen», às vezes cacarejo de deslumbramento, porque me parece magia que haja um motor atrás de mim a empurrar-me pela calçada acima. Tudo o que eu não compreendo, Televisão, vídeo, Heidegger, me dá prazer. Tenho sempre medo de ser "apanhado" pela polícia. Tenho carta mas sinto que não devia ter. Quando vou à farmácia comprar Lexotan, tenho medo que me perguntem onde é que arranjei a receita e telefonem para os meus pais. Quando vou namorar para um hotel, o meu coração bate de terror quando enfrento o senhor da recepção. Por cada check-in preciso de um check-up. Quando vou a um julgamento, estou sempre à espera que toda a gente dispa as togas e diga «Era só a brincar!». Quando me tratam por «senhor doutor» só me apetece rir, porque ainda tenho pesadelos que vou chumbar no exame da quarta classe. O meu comportamento não é normal. É raro portar-me como um homem. Em vez de me zangar, amuo. Em vez de tomar posição, faço beicinho. Não tenho qualidades adultas. Não tenho coragem. Sou simplesmente atrevido. Sou daqueles que se chegam ao pé dum polícia, chamam-lhe «palerma!», e depois põem-se a fugir. As consequências das minhas acções são coisas que me escapam.
(...)
Nós, os Ai-Ais - os Adultos Infantis Atrasados Irremediavelmente - deveríamos organizar-nos. Poderíamos mandar imprimir emblemas simpáticos, para usar à lapela, a dizer «Hello! I'm an AI AI". Este emblema de Ai-Ai também serviria de aviso à navegação. Por exemplo, é sabido que as mulheres gostam de crianças e uma das poucas vantagens de ser Ai-Ai é atrair as mulheres. Há até uns livros que ensinam as mulheres a defenderem-se deles, género «O Síndroma Peter Pan».
(...)

"Cuidado Com as Criancinhas", de Miguel Esteves Cardoso

sábado, 7 de agosto de 2010

Comunicado

A Vera está de férias. Sem net. Está triste por não poder escrever. Pediu-me para eu manter o blogue. Vou fazê-lo com palavras de autores escolhidos por mim. Espero que continuem a vir e a gostar de andar por cá. Durante Agosto sou eu que mantenho o Vekiki!

Rafa

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

De Onde Vens? Venho da Festa...

Uma das minhas Avós, quando eramos pequenos e a seguir a uma festa ficávamos naquele estado de semi inconsciência que nos dificultava a locomoção e, consequentemente, a ida para casa, tinha sempre este dito acompanhado da mímica facial que indicava alegria ao ir para a festa e cansaço ao sair da festa.
É mais ou menos nesse estado de embriaguez que me encontro. A festa foi até bem tarde e o meu despertador mental acordou-me bem cedo.
Hoje é o dia de ir. Ainda tenho de tratar da escola e do quiproquo da mudança.
Saio agora. Hei-de voltar para pequeno-almoçar com a Família adormecida.

domingo, 1 de agosto de 2010

19 Anos!!! [Quase a Ir de Férias]

Eu e a minha Máquina,
Ontem à Meia-Noite

Já devia ter escrito este post ontem, quando não havia ninguém em casa e o silêncio era propício a palavras inspiradas. Não o fiz e chorar sobre o leite derramado não é bem o meu life style. Andar para a frente e deixar no passado o que a ele pertence.
A "Menina" chegou ontem do Norte da Europa. Feliz e sorridente, como sempre. Com histórias divertidas para contar e a experiência de vida de um povo e de um país completamente diferente do nosso [a Noruega é quatro vezes maior do que Portugal e tem metade da população, não se veêm polícias, não há ladrões, há pessoas que se suicidam por não aguentarem tanta perfeição!].
Ela chegou e eu respirei com mais felicidade, porque não há dúvida de que ela me faz muita falta.
Dizem os entendidos que não devemos querer ser os melhores amigos dos nossos Filhos, mas existirá algum problema se considerarmos os filhos os nossos melhores amigos? Não sei e também não me preocupo muito. Sei que a minha Filha, a única Mulher cá em casa além de mim, é mesmo uma grande companheira que tenho. Há coisas que sei que ainda não posso conversar com ela, porque apesar da sua maturidade é minha Filha, mas sei que ela me compreende muito para além do que eu digo, do que lhe conto. E isso é também um factor de júbilo para mim.
Comemoro hoje o 19º aniversário da minha experiência como Mãe. Uma experiência a que fui dando seguimento durante 10 anos seguidos, mais três vezes. Uma experiência que não me canso de viver e que quero continuar para sempre, enquanto por cá andar.
Hoje, todo o Mundo gira em torno desta companheira incansável, feliz, sorridente e eternamente decidida!
Parabéns Kiki
Muitos Anos de Vida
:-)
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