Teias (I)

Algures, da Net

Vivo no meio da multidão. As pessoas cruzam-se na minha vida. Entram, saem, passam. De todos os lados, de todas as idades. Pessoas. O que eu gosto de pessoas. Quantas pessoas conheço. Às vezes apetece-me fazer uma lista de pessoas. Inventariá-las, listá-las, transformá-las numa célula de Folha Excel. Tirar-lhes a identidade e a importância relativa que têm na minha vida. Na minha multidão. Há pessoas que podem entrar e sair. Não me importo. Estou habituada a este movimento, a esta inconstância. Há pessoas que sei que estão por aí. Na minha multidão. Não preciso de as ver, sinto-as, pressinto-as. Sei-as parte da minha Teia, sei-as fiéis ao espaço. Há pessoas que entram. de rompante. Tecem os fios da sua teia rapidamente, tecem-nos fortes, querem senti-los inquebráveis, e quando o trabalho está terminado, saem. Deixam o espaço vazio...sinto-lhes a falta, não as consigo pressentir em parte nenhuma, não há cheiro nem rasto que possa seguir. Balanço na minha parte da teia, desequilibrada, em esforço para me manter, mas fazem-me tanta falta! Onde estão? Onde estiveram todo o tempo que não estiveram aqui, comigo? Vão voltar?