Não sei quando fiquei assim ou se sempre fui assim ... lembro-me, quando fui Mãe pela segunda vez, de estar a conversar com uma colega de trabalho sobre a facilidade de comoção após sermos Mães.
O que sei, de certeza, é que há coisas, situações, que me deixam sempre num mar de lágrimas. Tudo o que envolva crianças é certo e sabido que dá direito a muito funganço e esfregar de olhos.
Foi o que me aconteceu quando vi na SICNotícias o documentário Ainda há Pastores?. Lembro-me perfeitamente. Foi na altura do Natal, entre o Natal e o Fim de Ano. Estavamos na cozinha a tratar do jantar. Eu já tinha visto o anúncio ao documentário e estava à espera de o ver. E vi. E chorei perdidamente.
Chorei por aquela Menina.
De seu nome Rosa. Sem poder ir à Escola. A viver no meio da serra, em Folgosinho. Longe de tudo e de todos. A trabalhar "no duro". Com a cabeça cheia de sonhos que não sabia se iria poder concretizar algum dia. Chorei e agarrei-me ao computador. Internet fora, entrei em contacto com o realizador do documentário. Falámos ao telefone. Soube o que poderia fazer por ela, o que poderia fazer-lhe chegar. Fiz uma campanha pelos mails dos amigos/as. Reuni roupa, calçado, livros, revistas, cadernos, canetas e lápis, produtos de higiene. Coisas básicas para quem, como nós, vive no meio da civilização. Coisas maravilhosas para quem, como ela, vive no meio de uma serra gelada e deserta tendo por única companhia os animais que pasta.
Enchi sacos que entreguei na SIC. Que lhe chegaram pelas mãos do mesmo homem que a filmou e a mostrou ao Mundo. E passei a receber sms's dela. Não só a agradecer, mas também a dar notícias, a querer saber notícias, às vezes só para dizer olá. E quando os sms's chegam, os meus braços e as minhas pernas arrepiam-se e os meus olhos insistem em produzir lágrimas.
Estou a contar isto porque acabei de receber um sms da Rosa - "Olá, é a Rosa. Da Serra!"
15 comentários:
:)
Só posso dizer que saio daqui a sorrir.
Que giro...a solidão da serra, faz com que as pessoas necessitem estar mais perto do mundo...nem que seja para dizer Olá. Comovi-me com este post...de verdade.
Quem está agora de lágrimas nos olhos sou eu.
Tu não existes. Já desconfiava mas agora tive a certeza.
Beijinhos
Bom dia Vera!!!
Amei o seu post...tenho uma casa em Melo, pertissimo de Folgosinho, e bem sei como deve ser duro ter a vida que a Rosa tem...porque conheço aquela realidade e aquela gente maravilhosa (minha mãe é de Melo!!!)...
Além de tudo adorei a forma entusiastica com que reagiu...!!!Conheço alguem parecido...Um abraço!
Aqui, agora depois de ler este post, também à olhos lacrimejantes...
são estas "coisas" que me fazem acreditar que SIM é possível fazer diferente, mais e melhor!
bjinhos
Eu acredito que é possível fazer sempre algo por alguém. Por mais pequeno que seja o nosso gesto, a nossa atitude a mais simples. É a minha maneira de estar na vida. Porque sim :-). Obrigada a todos!
:) és uma pessoa linda, mas isso eu já sabia!
parabéns pela atitude louvavel e muito bonita...
creio que nós sós não podemos mudar o mundo, mas acho que se todos nós tiver-mos um gesto como este um dia na vida, a diferença será visivel.
gosto de ti!
:)
beijao
O2, obrigada!
Também vi esse documentário, mas como sei que não sou lá grande coisa, confesso que nem me lembrei de um acto tão altruísta como o teu.
No outro Verão, fiz um passeio em Agosto das 12 aldeias históricas de Portugal. Magníficas, recuperadas e muito bem protegidas. Nem aprece coisa nossa, que anadonamos o património ao Deus dará.
Bom, dizia eu, que nesse passeio, fui a Folgosinho, para rever os chafarizes decorados a azulejos com poemas.
E resolvi ir pelo caminho pior de todos: o de 15 km de cabras, que vai do Covão da Ponte a Folgosinho e onde vi o Mondego sõ com 1metro de leito.
E este caminho porquê? Porque me lembrei da Rosa e quis ver mais ou menos onde morava.
Aquilo é magnífico no Verão, longe de tudo e de todos, com uma paisagem a perder de vista sem descrição. Qualquer coisa de sonho, para mais apara mim que adoro o campo e a serra e prescindo do mar.
Agora no Inverno....deve ser um horror de solidão, gelo, abandono e tristeza.
Beijinhos à Rosa.
São estes gestos como o teu que engrandecem o ser humano.
Essa reportagem não vi mas ainda ontem no programa 30 Minutos da RTP passou mais uma história de vida neste nosso portugal profundo, uma criança que quer ser pastor tal qual o pai dele, e crescer com as ovelhas e cabras no meio natural onde nasceu.
Não tenho palavras para comentar este post. Não serviriam para nada mesmo. Palavras, levas o vento. Acções não! São pessoas como tu que fazem a diferença.
Kat
A Rosa fez-me sorrir por dentro, conheço outras Rosas neste nosso Portugal e foi com muita curiosidade que vi a reportagem que fizeram passado algum tempo da 1ª.
Fiquei com um sorriso quando li este post. Vai-nos dando noticias da Rosa!
Está prometido :-)
Sempre que houver notícias dignas de post, elas virão aqui ter.
Beijos para todos vocês!!! Obrigada pelas vossas palavras e pelo interesse nesta Menina :-)
De facto, é fácil fazer felizes pessoas como a Rosa que têm tão pouco. O teu gesto foi enorme e de certeza que tens uma amiga para o resto da vida, a Rosa da Serra! :)
Bjs!
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