Recordo. Não muito claramente, mas recordo. O tempo em que não gostava de ficar só. De estar só. Em que pensava que não conseguiria sobreviver e que não saberia o que fazer com o silêncio e a solidão em que ficava.
Dou por mim a desejar a solidão e o silêncio. A desejar não ter que partilhar palavras que quero só minhas. A desejar poder não estar, porque estar é violento, é algo que me imponho. E no não estar, viajo.
Atravesso o silêncio murmurado do oceano e entrego-me. Ao seu azul feito de reflexos do céu. Ao seu branco da espuma das ondas. Ao seu azul escuro das manchas das rochas. E alcanço.
Alcanço o Universo das gentes e das palavras. Por onde, por todo o lado, me rodeiam vozes, corpos, caras, pessoas. Não páram. Andam. Correm. E dão voz. Vozes.
À minha solidão desejada, a de estar só sem perder o som das palavras de outros. Sem perder de vista pessoas.
Que me povoam a solidão...
Post escrito de frente para o Mar. Com o Sol a aquecer corpo e alma. Com o Mar a tocar a música de fundo.
6 comentários:
A solidão, saber a dose certa de solidão que nos convém, talvez nem sempre nem nunca,...q.b.,para pensar para rir só, para apreciar momentos como esse.
Bjos
Tita
eu, então, "sufoco" por não poder estar só, por não sentir nunca o silêncio, que me faz tanta falta...
Que tal te sentes hoje, com este solzinho, amiga?
Beijos.
Sempre gostei da minha solidão como uma necessidade de respirar, de me encontrar, só por uns momentos, só meus.
É isso mesmo.Nada como a solidão povoada por aqueles que amamos.
Lindo texto.
Beijokas
gostei tanto de ler.t
jocas maradas.sempre
Tens que ter mais destas conversas com o mar... estás um must!
bj do sul
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