Antecipo o dia em que me dizes que vais voar para longe.
Cerro os lábios até fazer sangue.
Cerro-os para que não deixem que se soltem palavras sem nexo, descontroladas.
Os olhos abrem as defesas e soltam água, infinita.
Enlouqueço por antecipação?
Não, reajo como não hei-de reagir nesse dia vindouro.
Dizes-me que vais voar para longe.
Cansaste-te, precisas do ar que não te consigo dar.
Escancaro a boca num riso idiota. Feio de tão falso.
Gargalho enquanto por dentro morro.
Um riso feito do desespero e do silêncio em que mergulham os abandonados.
Os olhos páram. Fixam-se na imagem de ti e, imóveis, não acompanham o riso da voz.
sonhos.pesadelos.inquietações.mera loucura.
3 comentários:
quando é assim, teremos que abrir caminho e deixar-lhes voar, porque senao morrem eles por falta do ar necessario!!
um dia as feridas saram e ficamos como novas, olhamos para tras e ficam apenas recordaçoes (sem dor)
beijo
Tem calma Vera, eles voam sim, mas sempre perto do ninho mesmo quando estão a 1000 Km de distância. :)
Bjo
Tita
Gargalho enquanto por dentro morro
é isso mesmo
jocas maradas...sempre
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