Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Vazio # [Parte II.]

Máquina de Escrever oferecida pela O2



Saía a pé, caminhando, atenta umas vezes, alheada maior parte das vezes. Digerindo mentalmente as ideias que lhe atafulhavam o cérebro, que por lá iam ficando espalhadas, na sua maioria restícios de palavras que lera em livros que amara. Deixava-as espalharem-se e ocuparem os espaços que lhes agradavam. Já não tinha tempo para elas, para as arrumar em espaços certos onde as pudesse encontrar à primeira quando delas sentisse a falta. Já se cansara de ler histórias de amor. Eram todas iguais. Lamechas e irreais. Os amores que nos contam os escritores já não existem. No dia a dia é tudo demasiado complicado, apressado, individual, para que possam acontecer histórias de amor como as de alguns livros. Essas histórias, há muito as arrumara. Agora procurava ler palavras reais, na dureza e na descrição de pessoas e situações. Procurava descobrir nas palavras de outros as respostas para os anseios que lhe apertavam o coração e a alma. Tão apertados que às vezes pensava que não iria nunca mais conseguir respirar ou mesmo pensar. Tinha saudades da sensação de leveza de quando se acredita que ainda tudo é possível. Tinha saudades de olhares trocados, de mãos dadas e corações a bater rápido, de silêncios cúmplices. Seria sonhar demais? Seria apenas uma utopia de quem vive só desejar a companhia de alguém que preencha os vazios que a vida vai semeando? Não sabia responder às suas próprias perguntas e essa ignorância cansava-a. Tudo a cansava ultimamente. Por vezes sentia a necessidade urgente de uns braços que a apertassem com a ternura indizível do gostar a sério e que a protegessem. De si mesma. Dos seus medos. Dos seus desejos. Que a matavam. Aos poucos. Mãos que a afagassem seriam benvindas...os abraços não vinham e as mãos desejadas estavam sempre longe, demasiadamente longe. Então, exausta de tanta dúvida, tanta incerteza, tanta solidão, fechava os olhos. No écran dos seus olhos fechados, vindas do espaço desarrumado do seu cérebro, chegavam palvras de outros, daqueles que contam histórias de amor que já não existem...
let me tell you that i love you
...respirava fundo e adormecia sonhando, mais uma vez, com uma realidade que, para ela, só existia no mundo maravilhoso dos sonhos.

1 comentário:

Su. disse...

Oiiiii

Vou tentar postar aqui hoje, nao tenho conseguido nos ultimos dias!

vai dai, antes q me estique muito na prosa, aqui vai este beijo de esperiencia!

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