A toda a hora ouvia as reclamações. Que não viam nada. Que estavam apertados. Que quem chegava depois ficava à frente e isso não é justo. Que se estavam a amarrotar as roupas. Sinceramente. Isto durante dias a fio, aos meus ouvidos. Evitava vir para o pé deles só para não ter que fazer de conta que estava surda. Como não há nada melhor do que vir de férias, corpo descansado e mente vazia de ideias postáveis, hoje decidi ouvi-los. Escutei as reclamações e os protestos, um de cada vez lá disseram o que os atormentava. A falta de espaço para se mexerem, a falta de ar respirável, a falta de visibilidade. Dei-lhes razão. Soltei-os. Deixei-os experimentar a sensação de estarem no chão sem nada a apertá-los. Depois criei novos espaços habitáveis. Fui buscar outros que já há algum tempo estavam arrumados à espera de terem, também eles, um novo lugar na nossa organização. Aspirei, limpei o pó, subi e desci o escadote tantas vezes quantas as necessárias para que todos estivessem cómodos nos seus novos lugares, sem outros à frente a tirar-lhes a visão. Ouço-os agora respirar, respirações pesadas e cadentes, ritmadas, próprias de quem dorme o sono profundo depois de um grande esforço físico. Sorrio-lhes. Também eu estou feliz por os poder ver a todos, lombada a lombada, título a título (descobri que tenho um repetido..., resultado da desarrumação...), autor a autor. Estou feliz por ver que em muitos locais da minha casa há lugares que também eles podem ocupar, fazendo-me companhia no dia a dia, lembrando-me das palavras que cada um encerra. Os meus livros ganharam novos espaços e estão felizes. Sinto-o!
Grafia
A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Ponto de Situação # [1]
A toda a hora ouvia as reclamações. Que não viam nada. Que estavam apertados. Que quem chegava depois ficava à frente e isso não é justo. Que se estavam a amarrotar as roupas. Sinceramente. Isto durante dias a fio, aos meus ouvidos. Evitava vir para o pé deles só para não ter que fazer de conta que estava surda. Como não há nada melhor do que vir de férias, corpo descansado e mente vazia de ideias postáveis, hoje decidi ouvi-los. Escutei as reclamações e os protestos, um de cada vez lá disseram o que os atormentava. A falta de espaço para se mexerem, a falta de ar respirável, a falta de visibilidade. Dei-lhes razão. Soltei-os. Deixei-os experimentar a sensação de estarem no chão sem nada a apertá-los. Depois criei novos espaços habitáveis. Fui buscar outros que já há algum tempo estavam arrumados à espera de terem, também eles, um novo lugar na nossa organização. Aspirei, limpei o pó, subi e desci o escadote tantas vezes quantas as necessárias para que todos estivessem cómodos nos seus novos lugares, sem outros à frente a tirar-lhes a visão. Ouço-os agora respirar, respirações pesadas e cadentes, ritmadas, próprias de quem dorme o sono profundo depois de um grande esforço físico. Sorrio-lhes. Também eu estou feliz por os poder ver a todos, lombada a lombada, título a título (descobri que tenho um repetido..., resultado da desarrumação...), autor a autor. Estou feliz por ver que em muitos locais da minha casa há lugares que também eles podem ocupar, fazendo-me companhia no dia a dia, lembrando-me das palavras que cada um encerra. Os meus livros ganharam novos espaços e estão felizes. Sinto-o!
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1 comentário:
É, quando gostamos deles sentimo-lo...
Beijos.
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