Qualquer um de nós, Adulto, sabe que a partir do momento em que passamos da fase da puberdade e início da adolescência, começamos a ser tratados como "crescidos". São-nos aumentadas as responsabilidades, são-nos pedidas atitudes mais responsáveis. Nem sempre é fácil corresponder às expectativas dos que já adultos esperam de nós comportamentos para os quais ainda não nos sentimos preparados para ter.
A vida adulta não é uma vida fácil, precisamente por todas as responsabilidades que acarreta. A passagem do 9º para o 10º ano é uma das fases da vida dos nossos jovens em que são sentidas maiores dificuldades. O grau de exigência do ensino básico em nada se compara ao grau de exigência do ensino secundário. A preparação, em termos de hábitos de estudo, é muito deficiente. Os alunos habituados a uma carga horária que lhes disponibiliza tardes/manhãs livres para o estudo encontram no secundário uma carga horária que pouco ou nenhum tempo livre lhes deixa. O primeiro período é sempre uma fase de susto, para estudantes, pais e professores.
Parece-me que seria importante reflectir numa eventual reorganização do sistema de ensino. A separação física entre segundo/terceiro ciclo e secundário, acaba por criar alunos que não crescem o suficiente para fazer frente aos desafios que o secundário lhes trará. Por outro lado, deveriam ser estimulados os hábitos de estudo em casa, individualmente ou em grupo para que os alunos se fossem habituando a organizar apontamentos próprios a interagir com os colegas em grupos de trabalho e não apenas de diversão.
Por outro lado, do lado das Famílias, é muito importante o apoio. Saber como agir perante resultados menos satisfatórios é um factor determinante no auxílio que se dá aos alunos. Se os maus resultados se devem apenas a preguiça, a dependência do computador e outro tipo de diversões, então há que agir com o típico castigo da retirada do elemento de diversão sem ter problemas de peso na consciência. Se os maus resultados se devem à falta de bases com que o básico prepara os alunos, então os Pais devem motivar, devem estar mais atentos, mais cooperantes e dialogantes com a Escola através dos Directores de Turma, encontrando estratégias comuns para que se consigam superar as dificuldades. Os hobbies ou desportos praticados não devem ser retirados. Eles são o momento de pausa, de descarregamento da energia e do stress que se vão acumulando durante a semana de trabalho.
Finalmente, os Pais de mais do que um Filho deverão ter em conta que determinada escola, por ter sido boa para um dos filhos, poderá não o ser para todos. É importante ter essa sensibilidade mesmo que ponha em causa toda uma organização familiar.
Por último é importante, para os alunos do secundário, entenderem que todas as notas contam. Desde o 10º ano. A média que os fará entrar ou não nas Faculdades desejadas será calculada tendo em conta as notas desde o 10º ano. Estudar, Estudar, Estudar. Criar hábitos de trabalho e de organização para que o tempo lhes chegue para o estudo e ainda lhes deixe de bónus alguma disponibilidade para os hobbies é extremamente importante.
Aos Pais cabe o estímulo, o acompanhamento, o diálogo, mas também a exigência!
3 comentários:
O sistema de ensino cá é completamente diferente daí, há notas a partir da 2ªclasse que vão determinar o futuro desse aluno. A partir do 9ºano há 3 tipos de escolas secundárias, só 2 dão acesso ao ensino superior, não não atingir os niveis exigidos durante a primária praticamente lhe fica vedado o ensino superior, restando os cursos de profissionalização e os cursos médios. É um bocado selectivo mas funciona e todos conseguem ter um diploma profissinal, superior, médio ou básico. Excelente post
Micas, estamos a falar da Suiça, certo?
Eu concordo contigo Vera, isso seria a perspectiva ideal sobre como gerir a educação das crianças. Mas existe um contexto social que não permite que as coisas evoluam nesse sentido. Os jovens são desresponsabilizados assim como os pais de toda e qualquer questão que seja mais chata. Recai sobre quem? Sobre ninguém. Aliás, recai essencialmente sobre nós professores. Para além de ensinar matéria, também educamos li-te-ral-men-te crianças.
Pá, não é uma questão linear. Não é simples. E não vai ser resolvida num futuro próximo, garanto.
Caímos no facilitismo e a responsabilidade e respeito, nem vê-los.
O que eu tenho medo, sinceramente, é daqui a dez anos ver estes jovens mal orientados (LOL) por aí a fazer nada.
daqui a uns (valentes) anos volto a este post :))
Enviar um comentário