Foi há 20 anos.
Na altura, o meu cunhado mais velho era repórter de imagem da RTP. Trouxe-nos, dentro dum saquinho de plástico, daqueles que tem um fecho de correr em cima, um pedaço do muro com um certificado de autenticidade.
O muro separou uma cidade a meio durante 28 anos, impondo a barreira não só física mas ideológica, social, económica, entre duas partes de uma mesma cidade, entre uma população.
Ao fim de 20 anos, a cidade ainda não conseguiu reunificar-se completamente. Principalmente no que diz respeito ao sector económico, ainda existem discrepâncias entre o que foi uma e outra parte da cidade, de cada lado do Muro.
Não sei bem onde anda o meu pedaço de liberdade, de betão cinzento pintalgado de cores vivas, mas sei que algures ele existe e eu não esqueço as pessoas que viveram e morreram para que um dia o Muro fosse apenas um monte de pedaços de betão espalhados pelo chão. Não esqueço estas pessoas e outras, que por todo o Mundo, continuam a ter que lidar com barreiras. Físicas ou não, mas que lhes barram o direito a serem livres, a serem iguais em oportunidades e direitos.
O Muro caíu mas no Mundo há ainda muitos muros que precisam de ser derrubados.
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