O Verão da passagem dos meus 14 para 15 anos foi O Verão. Acho mesmo que nunca mais voltei a ter um Verão em que tudo fosse tão maravilhoso e tão mágico. Talvez por causa deste Verão o Mar e tudo o que o rodeia seja o meu pano de fundo em todos os momentos da minha vida e este local onde vivo seja A minha Terra, de coração.
No Verão de 80 tive o meu primeiro namorado, o meu primeiro amor à séria. Um rapaz mais velho do que eu nove meses, filho de uns amigos dos meus Pais, de Moçambique. Pertenciam ao grupo dos chamados "retornados" e vieram viver para S. João do Estoril. Foi aqui que se reencontraram com os meus Pais e que nós, Filhos, nos conhecemos.
Foi um namoro muito inocente, muito cheio de ternura, de momentos de brincadeira na praia, de protecção minha. Apesar de mais velho do que eu, era um rapaz e todos os rapazes são muito infantis nesta idade em comparação com as raparigas. Eu funcionava como uma "advogada de defesa" das parvoíces, das infantilidades, da falta de responsabilidade, e morria de amores por ele. Com o final do Verão chegou a hora de voltar para LIsboa, para o Liceu. Ele ficou por cá, já que era por cá que vivia. Nestas idades (se calhar em todas) os amores não funcionam à distância e eu fui alimentando um amor platónico por uma pessoa que rapidamente mudou de amores.
Fomo-nos vendo sempre. Hoje, pensava nele quando voltava de ter ido buscar o Martim à Escola, quando percebo que o carro da frente era o dele. Buzinei. Parámos lado a lado no stop seguinte e abrimos os vidros. Ele o do pendura, eu o meu.
- Parabéns!
E sorrimos. E cada um seguiu o seu caminho. Mais uma vez.
1 comentário:
Os designios do Espirito Santo são insondáveis e têm formas estranhas de se revelarem
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