Eu e a minha Máquina,
S. Pedro Estoril
Outubro 2008
Estou à beira de ganhar raízes no prolongamento das minhas pernas e de me transformar numa espécie desconhecida de vegetal que sobrevive dentro de casa, num habitat aquecido pelo calor da caldeira do ferro de engomar e do forno do fogão. Nunca sonhei transformar-me num vegetal. Num animal sim, numa ave. Agora num vegetal? Convenhamos que tirando a parte estética da questão, a vida de uma árvore com raízes profundas num determinado local da terra não é uma coisa interessante por aí além.
Posto isto e dado que hoje está um sol meio envergonhado que até convida a sair de casa, decidi. Vou buscar o surfista à Escola e vamos para S. Pedro. Os dois. Ele vai fazer o gosto ao dedo e atenuar um pouco a pressão do estudo e das aulas e eu vou simplesmente sentar-me a fazer fotossíntese. E a ler. E a fotografar (há que tempos que não fotografo). E a tentar recuperar o meu estado inspirativo. E a viver um pouco.
Volto já. A cheirar a mar, com olhos inundados de azul, corpo aquecido e alma muito mais livre.
4 comentários:
Olá, gostei da fotografia e do texto...Espectacular....
Beijos
Para além do texto com muito estilo e humor, aí está uma brilhante decisão. Não doi nada, (acho que a fotossíntese não deve ser dolorosa) aquece a mãe e arrefece o filho (que a água deve estar fresquinha).
Kat
Através das lentes se descobrem outras coisas nas coisas de sempre.
Esta é a nossa praia tb.
De preferencia, qdo a maré está baixa.
E ir às esplanadas , no Inverno .. que bom !
Bjos
Teresa Alc
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