Tenho o livro no colo. Hesito.
Abro-o, saio do mundo e começo a devorar palavras?
Mantenho-o fechado, no meu colo, qual botija de água quente, sentindo-me aquecida e reconfortada apenas pela sua presença?
Basta-me. Inexplicável sentimento que me liga a maços de folhas escritas pelas mãos de outros. Inexplicável conforto transmitido por um mero objecto.
Tenho o livro ao colo e não hesito.
Acaricio-o como se de um dos meus filhos se tratasse. Primeiro a capa, cabelos do livro, depois cada folha por si, a face, o peito e as costas.
O livro pressente-me. Também ele se sente reconfortado com a minha presença e a minha atenção.
As páginas abrem-se. Retiro uma frase. Uma qualquer de entre as muitas que se alinham naquelas duas páginas. "Preciso ser um outro/para ser eu mesmo [...]". E sei que este livro me entende, mesmo quando o abro ao acaso. Não é por mero acaso que ele existe para mim, em mim.
1 comentário:
gostamos sempre dos livros que nos espelham !
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