Gosto de bancos de jardim.
De madeira tratada, assente em ferro pintado de verde escuro.
De madeira ressequida pelo tempo, esbranquiçada, assente em ferro pintado de verde escuro.
Na Alameda lisboeta onde vivi havia-os de pedra. Com um feitio nas costas que me fazia lembrar, sempre que os olhava, pastilhas elásticas Chiclets.
Gosto de os ver vazios. Envoltos na pouca vegetação que vai sobrevivendo na cidade. São pontos evocativos da pausa. Do descanso. Da leitura.
Gosto de os ver ocupados. Sofá urbano de uma só pessoa. Sofá urbano de pares de pessoas. De mãos dadas ou braços sobre os ombros. Protegendo.
Gosto de os ver a velar carrinhos de bebés. Que dormem. Que chucham. Que descobrem as mãos e brincam com elas. Sob olhares atentos e de deleite de mães jovens para quem a aventura da maternidade está ainda a começar. Sob olhares atentos e de orgulho de avós que se maravilham com a beleza de uma maternidade repetida, mais calma, mais branda.
Gosto de os ver ocupados por idosos. Bengalas nas mãos, olhando quem passa, comparando interiormente o que viram e o que veêm, fazendo de tempos diferentes o presente do seu tempo.
Gosto de pensar que, um dia, vou ter tempo para me sentar num banco de jardim.
1 comentário:
Espero que sim, Vera, e não só sentar-se de fugida, como às vezes faço, mas sentar-se e estar e contemplar e meditar. Há bancos de jardim que incitam ao mais saboroso dos «ócios criativos», mas exigem uma permanência mínima de quatro horas. ;-)))
Obrigada pela referência.
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