Grafia

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quinta-feira, 27 de maio de 2010

[IN] D E C I S Õ E S

Do alto da nossa idade adulta dizemos muitas vezes que "no nosso tempo é que era, na nossa altura as coisas eram diferentes e melhores, os miúdos agora têm tudo e não sabem nada...". Concordo que muitas coisas mudaram, que muitas mudaram para melhor e outras tantas são diferentes. Melhores? Piores? Não tenho forma de fazer essa avaliação sem cair em frases feitas e em "verdades" de Velho do Restelo. O que eu sei é que, talvez pela maneira como a minha geração tem assumido a pa/maternidade, os nossos jovens e adolescentes são mais protegidos do que nós alguma vez fomos, são crianças durante mais tempo, demoram a atingir o ponto de maturidade que gostavamos que encontrassem mais cedo, nas suas vidas, o que não lhes facilita a vida em termos de tomada de decisões que, para já, decidirão o rumo a tomar nos anos mais próximos. Falo da orientação escolar quando o 9º ano termina.
Já por aqui tenho deixado a minha opinião crítica e desfavorável relativamente à forma como se encontra organizado o sistema educativo no período que medeia entre o 5º e o 9º ano de escolaridade. São anos de mudança, anos de passagem de 2º para 3º ciclo, anos de preparação para o secundário, durante os quais a exigência que é pedida aos alunos não os prepara de forma alguma para a exigência que lhes é pedida a partir do momento em que ingressam no ensino secundário. Já aqui expressei também a minha opinião sobre a junção de ciclos, ou seja, juntar numa escola o que dantes se encontrava separado entre "Ciclo Preparatório" e "Liceu". Acredito que aqueles cujos Pais optam por os matricular numa Escola Secundária quando transitam para o 3º Ciclo, acabam por apanhar mais rápido o "comboio de alta velocidade" que é o ritmo do secundário. Dentro de toda esta falta de exigência e facilitismo, não é raro acontecerem bons resultados no 9º ano, a todas as disciplinas, conferindo aos alunos a sensação de que seja qual fôr a área de estudos que escolherem (Ciências e Tecnologias, Humanidades ou Artes), o sucesso estará minimamente garantido. A orientação escolar/profissional que é feita nas escolas também não é a solução milagrosa para indecisões ou pré-estabelecidas vocações e os jovens lá tomam uma decisão, uns às cegas, outros mais ou menos crentes de que estão no caminho certo, outros absolutamente convencidos de que será aquele o caminho a seguir.
O primeiro ano do secundário, tal como o primeiro ano do ensino universitário, constitui sempre um ano de embate. Os resultados descem, as amizades separam-se, a adaptação a novos colegas é por vezes complicada. O ano lectivo transforma-se num ano de muitas dúvidas, indecisões e frustrações, por vezes.
A minha atitude é porventura estranha aos olhos de alguns/outros Pais&Mães. O ensino não é gratuito e ter filhos a estudar traduz-se num esforço financeiro grande, mas não considero que a postura de castigos e grandes sermões seja o caminho para motivar à obtenção de melhores resultados. Tenho, neste ano lectivo que se prepara para terminar, o exemplo acabado de que a escolha feita aos 15 anos não é adequada à realidade dos nossos jovens. Mais uma vez, a minha experiência me vem dizer que talvez ganhassemos todos mais se o sistema de ensino assentasse numa maior base de ensinamentos durante um período que se estendesse para além do 9º ano de escolaridade.
Termina este ano lectivo. Com indecisões, com mais orientação profissional, com mudanças, com esperança que o próximo decorra nos caminhos certos!
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