"Apertei-lhe a mão pela primeira vez na Primavera de 1967. Por essa altura, estava no segundo ano do meu curso na Columbia University e não passava de um rapaz ignorante que, para além de ter um apetite por livros, acreditava ou alimentava a ilusão de que, um dia, os seus escritos possuiriam qualidade suficiente para que pudesse intitular-se poeta, e, como lia poesia, tivera já oportunidade de conhecer o homónimo do indivíduo a quem acabava de apertar a mão, um homem que se arrastava ao longo dos últimos versos do vigésimo oitavo canto do Inferno.
(...)
Quando ele se apresentou como Rudolf Born, é óbvio que pensei imediatamente no poeta. Alguma relação com Bertran?, perguntei.
Ah, retorquiu ele, essa infeliz criatura decapitada. Talvez, mas não me parece provável. Falta-me o de. É preciso ser-se nobre para se ter o de, e a triste verdade é que eu serei tudo menos nobre."
Sem comentários:
Enviar um comentário