Finjo que não os sinto, que não os vejo.
Fingir é infantil, mas ser infantil também é uma forma de resistir ao que não se quer importante.
Já não são as palavras que me incomodam.
A elas transformo-as. Não as ouço como são ditas. Baralho-lhes as letras e faço outras que me cantem aos ouvidos.
Doem-me os estilhaços de afectos. Dispersos. Escondidos. Desfeitos.
Doem-me os abraços que não se sentem e as atenções que desaparecem
Doem-me as dores que se vão instalando sem remédio, a escuridão que todos os dias pinto de luz.
Avanço. Os passos sempre seguros.
Tacteio quando me sinto hesitar.
Não caio.
A força que me mantém é muito maior.
Sei-o.
Até quando?
Não o sei...
1 comentário:
Tão bonito Vera. Tocou-me bem fundo.
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