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Este Verão fui acusada de só ler "jornais intelectuais"
Paciência. Lamento. Ou melhor, lamento por aqueles que não os leêm e preferem os jornais onde as mortes e as desgraças fazem vender muitos e muitos milhares de exemplares.
O Jornal de Letras faz-me feliz. É um jornal que leio de uma ponta a outra e que guardo religiosamente durante 15 dias, o tempo necessário para que outro número novinho em folha chegue às bancas.
Às bancas, mas não a todas. Encontrar o JL pode revestir-se de carácter de missão impossível. A forma como olham os donos de tabacarias/quiosques quando se pergunta por este jornal é como se estivessem perante um ET do mais estranho e ousado filme de ficção científica. Respostas do género "Deixámos de ter, ninguém o comprava", são frequentes.
O tempo que páro para ler este jornal é um tempo que considero uma dádiva. Gosto de ler as crónicas do José Luís Peixoto e do Gonçalo M. Tavares. São as primeiras páginas que procuro. Ler e pensar que parece tão fácil escrever tão bem! Gosto de ler as páginas dos lançamentos, descobrir quem publicou o quê e sobre quê. Gosto de ler as páginas centrais, especialmente quando o tema é a Educação. Vendo bem, gosto de o ler todo e por momentos de me sentir parte do todo que é este jornal "intelectual".
Que me desculpem os jornais generalistas. Não aguento mais crise, futebol, crimes e acidentes naturais. Preciso do oxigénio que me vem daqueles que tendo conhecimentos, fazem das suas vidas, a forma de dar mais cor e alegria às vidas de todos nós. A cultura é um bem precioso em qualquer sociedade, sendo que nos dias que correm, cinzentos e depressivos, é ela a minha salvação.
4 comentários:
Um excelente texto que subscrevo, sobretudo o último parágrafo.
Só não tenho dificuldade em comprar o jornal porque está reservado todas as semanas na papelaria da esquina.
Beijinhos
Olá Velvet :-)
Aqui na minha zona também o tenho reservado, mas no Algarve, durante as férias, foi complicado encontrá-lo.
Obrigada por teres deixado a marca da tua passagem.
O último parágrafo sintetiza uma atitude lúcida face ao essencial. Concordo!
Ah, também reservo o tal...
Mceurodrigues
Estou plenamente de acordo... cansada de tanta crise, cansada de tanta desgraça, de tanta estupidez humana, dou por mim a ler apenas revistas técnicas q me ensinem algo de bom e livros que me façam relaxar... posso até andar ignorante, mas é uma opção lucida... até mesmo o telejornal, agora só o vejo uma vez por semana, como eu costumo dizer das desgraças todos sabemos, agora alimentar isso não.. de resto, se as pessoas querem estar perto, fazer parte de uma sociedade que arregacem as mangas e façam-no fora do sofá, participem em campanhas de apoio a uma causa, façam companhia aos idosos inscrevendo-se num banco de tempo, deem atenção aos de casa que muitas vezes estao tao preocupados em ajudar os outros q se esquecem dos filhos, enfim, ha mtas maneiras activas de participar sem ser alimentar revistas idiotas de fofocas (n entendo e desprezo essa compra), sem ser mal dizer q nao tomar uma atitude... precisamos de revolucionários que dêem a cara, q juntem multidões com discursos e soluções viaveis e não de fala baratos de café cheios de cultura enlatada.
Enfim, da-me um desconto... hoje estou agreste!
Beijinhos e as melhoras para o teu forno!
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