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Na minha casa há um rádio antigo. Já não toca há muito. Tem um problema de saúde próprio de rádios antigos, um problema de válvulas. Lembro-me quando o meu avô trocava válvulas da televisão a preto e branco. Agora já não tenho avô nem televisão a preto e branco. Tenho este rádio, que não toca e que não serve para muito mais do que para enfeitar a pedra de mármore da consola onde repousa. Digno, cheio de vontade de se mostrar melhor do que qualquer estereofonia comprada numa loja de electrodomésticos de massas.
Acaricio-lhe a caixa de madeira enquanto lhe limpo a poeira que sobre ele cai dia após dia. Penso-o capaz de me contar o que já passou, de me lembrar o que a minha memória já apagou por falta de espaço.
O meu rádio serve de serra livros, faz companhia a uma velha jarra de loiça onde os cravos nunca faltam e nunca perde a sua vontade de voltar a tocar...
...músicas de um tempo que de longínquo por tudo o que já aconteceu depois dele, me parece sempre ter sido perto de hoje.
Acaricio-lhe a caixa de madeira enquanto lhe limpo a poeira que sobre ele cai dia após dia. Penso-o capaz de me contar o que já passou, de me lembrar o que a minha memória já apagou por falta de espaço.
O meu rádio serve de serra livros, faz companhia a uma velha jarra de loiça onde os cravos nunca faltam e nunca perde a sua vontade de voltar a tocar...
...músicas de um tempo que de longínquo por tudo o que já aconteceu depois dele, me parece sempre ter sido perto de hoje.
4 comentários:
É engraçado pois tinha o pressentimento que irias escrever sobre esta fotografia.Tem graça também que tenhas colocado o Carlos do Carmo, não cheguei a pôr, mas um bocadinho mais à esquerda estava um disco de 78 rotações,(vinil pequenos) do Carlos do Carmo com uma capa muito bonita, apenas o fado não era o mesmo, era "os putos".A capa era algo parecida com a foto em baixo que tiraste aos filhotes e que está muito bonita.
Bjs
Este simples, genial e exuberante diálogo com que António Silva nos habituou, acaba por ser a melhor definição de rádio que já se ouviu:
"E isto toca?" – pergunta-lhe - "Se toca! Liga-se à parede e é uma torneira a deitar música!".
Era o tempo em que o rádio ocupava um lugar de destaque na casa e a família reunia-se para ouvir atentamente as músicas e as vozes da rádio. Tivemos um desses que também avariou e o aldrabão a quem o meu pai confiou a reparação nunca mais devolveu.
Gosto de fotografia. Gosto de cravos. Gosto de música. Amei esse conjunto... e esse rádio, fonte de nostalgia ou de escape para uma imagem ternurenta.
Adoro a canção. Aliás, já a tive no EQ.
Beijos.
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