Grafia

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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Do Campo para a Cidade

Admito a minha urbanidade assumida. A proximidade da capital, o mar ali ao fundo da rua, as características várias deste concelho onde resido, são parte de mim e não me imagino a viver sem elas. Já houve um tempo em que estive pertíssimo de largar tudo isto e de me instalar numa cidade de interior, também algo elitista, mas longe do mar. Não fomos...
No entanto, a vida das cidades de interior e das suas populações continua a atrair-me. O custo de vida, por exemplo. São cidades rodeadas de pequenas povoações, aldeias e vilas onde ainda existe o culto da terra, onde quem lá vive sabe as alturas certas de semear/plantar e colher. Onde ainda existe a troca entre vizinhos. Uns têm laranjas, outros têm couves, e as trocas fazem-se naturalmente pelo excesso e pela necessidade. Muito diferente do consumismo obrigatório de quem vive fechado em pequenos apartamentos em prédios de muitas pessoas.
Ontem, ao princípio da noite, a minha cozinha foi invadida por produtos vindos directamente de um determinado pedaço de terra ali para os lados de Estarreja. Laranjas, tangerinas e limões apanhados especialmente para nós. [não os pude fotografar porque a máquina estava sem bateria...] E também duas abóboras para sopa e uma gila (as que não se podem cortar com faca e têm de ser atiradas ao chão para abrir). E ainda um saco de 5 kg de farinha de centeio e muitas regueifas!!!!
Não sei explicar muito bem o que senti quando vi todos aqueles sacos encostados aos armários da cozinha para arrumar, mas foi assim um sentimento de conforto, foi como se dentro de cada um daqueles sacos, dentro de cada uma daquelas frutas viesse um bocadinho de abraços das pessoas que as colheram e as ensacaram para nós. Foi uma sensação boa de acompanhamento, de amizade para sempre. A sensação de que a Família é mesmo constituída, também, por aqueles que ao longo da vida se cruzam conosco e acabam por criar laços e ficar para sempre nossos.
Obrigada :-)

3 comentários:

Joana disse...

O apelo do campo, ou do interior! Imaginamos uma vida mais mágica, com tempo para tudo, com vizinhos e mercearias e picket fences brancas... Será que é mesmo assim?

Belita disse...

E faltaram as compotas, esqueci-me :)

aisongamonga disse...

E não referiste as limas. Ou será que não as identificaste. ;)

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