Daqui |
lembro-me que havia uma máquina de escrever. Não igual a esta!
Era preta, pesada, fita vermelha e letras encarrapitadas em cima de uns ferros que se chegavam à frente de cada vez que lhes tocavamos. Batiam no papel, deixavam a marca e vinham à frente, mostrar-se!
Na mesma escrivaninha havia um mata borrão, uma elipse com corpo que se balançava em cima do papel escrito a tinta permanente e que absorvia as letras, duplicava-as em negativo.
E havia um Avô. Que lia o velhinho Diário de Notícias enorme.
E dois sofás de napa vermelha. Um deles está cá. Na minha casa, no meu escritório, encostado às estantes dos meus livros.
O Avô que me ensinou a ler naquele jornal estendido no chão.
A máquina de escrever que não era um brinquedo, mas que os nossos dedos gostavam de utilizar, matraquear, fazer barulho e ouvir a campainha que tocava quando o rolo chegava ao final do papel, avisando que era obrigatório mudar de linha. A máquina não era um brinquedo, mas o Avô deixava que brincássemos.
A máquina de escrever mudou de mãos. Das do Avô para as de um dos seus Netos. Lá está ela, em destaque, para nos relembrar as tardes em que o Avô nos deixava ouvir aquela campainha.
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