Grafia

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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Terminei o Rio das Flores

Ao contrário do que me levava a recear lê-lo, não me desiludi. É um livro bem escrito, um histórico que por vezes, a meu ver, peca pela excessividade de números e de informações relativas ao período de "instalação" de Salazar e do Estado Novo em Portugal. À parte isto, é um romance interessante sob o ponto de vista de criação e caracterização das personagens que nele nascem e vivem.

Diogo, foi a personagem de que mais gostei, porque me identifiquei tanto com ele. Dono de uma herdade no Alentejo, "construtor" de uma Família que tudo tinha para ser perfeita, é dominado por um sentimento de asfixia perante a vida rotineira que leva na herdade, pela falta de espaço para respirar, pela necessidade de se isolar, de partir sozinho. Acaba por partir, para uma terra que, embora também dominada por uma ditadura, respira a liberdade da alegria contagiante do povo que a habita. E por lá vai ficando. E por lá cria outra Família, e para lá se muda o primeiro Filho da primeira Família, também seduzido por uma terra enorme, diferente da pequenez da terra que lhe deu a língua.

"Quem ama não trai". Por vezes não é o Amor que se põe em causa quando a necessidade de mudança, de voar, nos leva para longe do que se ama. É tão somente a sensação de asfixia pela rotina que nos vai amachucando, secando os olhos, o espírito e o coração para tudo o que nos rodeia e que nos devia provocar emoções fortes.

O Rio das Flores não me fez desejar recomeçar assim que o terminei, mas consolou-me um pouco nesta minha insatisfação constante, neste meu desassossego e fez-me ficar ainda mais ciente de que pertencer ao sexo masculino tem as suas vantagens quando se têm estas características no carácter.

E é só...

4 comentários:

Patti disse...

Também gostei bastante do Rio de Flores, pela descrição histórica de factos muito real e que revelou muitíssima pesquisa da parte do MST.

A minha moral da história não é propriamente a tua, porque como cada um sente a história e os personagens, depende da maneira de. Daí a beleza e a magia dos livros. Existem os que adoramos e que outras pessoas detestam e isso é muito engraçado de ser conversado.
O livro é sempre o mesmo, as pessoas é que o vêem de maneira diferente.
Até a mesma pessoa pode tornar a ler o mesmo livro passado um certo tempo e já terá, nessa altura outra ideia diferente dele.

V. disse...

Li este teu post asim muito muito muito muito muito por alto porqu etenho o livro para ler lá em casa e não queria levar rigorosamente informação nenhuma sobre ele.

Gostaste? Todos com quem tenho falado adoraram o livro.

**

@me@@@ disse...

Eu li o EQUADOR e não me desiludi, quanto a este que referes já li boas criticas mas ainda não o li...

:-)

1/4 de Fada disse...

Também gostei do Rio das Flores, mas como o li pouco depois do Equador não consegui, talvez, dar-lhe o devido valor, porque adorei O Equador de paixão e dificilmente poderia gostar deste da mesma maneira. Apreciei principalmente as partes passadas no Brasil. E gostei muito da tua visão.

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