Não digas nada. Mantém-te em silêncio.
Mas a minha cabeça anda à volta com tantas palavras, durante todo o dia.
Deixa. Deixa que as palavras se enlacem umas nas outras, se afastem e se entendam entre si. Não precisas de as colar a um papel ou a um écran só porque estás farta de as ter a martelar-te na cabeça. Vá, vai lá dormir.
Mas se me apetecer deitá-las fora? Se me apetecer dizer-lhes que não quero dormir com elas?
Não podes. Elas fazem parte de ti. Por muito que as enxotes e que as vás deixando por aqui e ali, elas vão sempre renascer e voltar a bailar na tua cabeça, a fazer-te cócegas nos dedos quando as escreves.
E quando elas não fazem qualquer sentido? Quando, na sua pressa de serem as primeiras, se atropelam umas às outras e saem cá para fora em catadupa?
Ordena-as, dá-lhes a sensatez que sozinhas não conseguem atingir.
Que cansaço me provocam. Sinto uma vontade inexplicável de silêncio e de paragem. Preciso que tudo pare. Se tudo parar por instantes, as palavras poderão sossegar? Irão silenciar-se?
Como queres que te responda a essa pergunta? Conseguirás alguma vez parar tudo à tua volta? Parar-te a ti própria? Não. Essa paragem não faz parte deste Mundo...
Sim tens razão. As palavras não se param. Olho à minha volta. Existem por todo o lado, entram-me pelos olhos dentro, obrigam o meu cérebro a assimilá-las, percebê-las, traduzi-las e dizê-las. Estou numa roda viva. Palavras, palavras, palavras......................eis-me de volta ao Silêncio.
1 comentário:
Dos melhores textos que já escreveste.
Parabéns.
Beijinhos
Ps: tens razão. Estamos em sintonia:)
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