Não sabia porque desenhava aquelas figuras. Tão pouco percebia porque insistia em emoldurá-las e esburacar a parede para as pendurar à vista de todos. A verdade é que todos os dias desenhava mais uma. Parecia-lhe estar a desenhar uma árvore genealógica sem nexo. Uma árvore genealógica no feminino, apenas. Impossível. Nenhuma árvore genealógica se faz sem a parte masculina. E lá iam aparecendo elas, dançarina da dança do ventre, a andar de balão, a atar um laço ao dedo para não esquecer de ir aos correios pôr "aquela" carta, a caçar coelhos...e ela gostava. A cada uma das meninas desenhadas atribuía um parentesco e uma história que relacionava com a sua. Primas, Irmãs, Tias e Sobrinhas iam surgindo numa família que só a sua parede conhecia e que ela amava. Era a sua forma de anular a solidão. Desenhar figuras que pendurava na parede.
6 comentários:
A sua Máquina é um engenho maravilhoso, prezada Vekiki. Criativa, esteticamente correta, a cara da modernidade.
Um beijo!
Giríssima essa composição de iamagens e a história que lhes criaste.
As coisas que tu e at tua máquina fazem: ela capta, tu imaginas.
A combinação perfeita.
Parabéns
Gostei da história, Verinha e asimagens dos artista são lindas e a merecer aquelas molduras.
Oliver, obrigada! Eu adoro fotografar. É um gosto que herdei dum Avô que fotografava e revelava, em casa. Obrigada pela visita :-)
Patti, esta parede está mesmo gira. Obrigada pelo elogio :-)
Velvet, as minhas imagens ajudam-me a pensar melhor nas palavras :-)
Gi, obrigada :-)
Também servem para tapar os buracos mal feitos, pelo menos nas minhas paredes têm vários! :)
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