Assaltam-me dúvidas que me incomodam. Mais uma vez penso que pensar demais não é terapia para ninguém. Pensar faz doer e dôr é o que maior parte de nós, humanos, não quer sentir. Assaltam-me dúvidas sobre o que andamos a fazer. O que andamos a construir. O que vamos deixar, se é que vamos deixar alguma coisa. Que sociedade é esta que se foi reformulando, adaptando a novas descobertas, tecnologias e exigências e que se vai esquecendo, todos os dias, que tudo é obra humana? Humanos?! Será que ainda existem alguns? Ou será que todos e cada um de nós já não passa de uma mera peça de uma máquina que se vai revelando devoradora das características que fazem de nós humanos? Onde estão sentimentos, princípios e regras? Faço parte de uma geração que assistiu à mudança. O termo de comparação está na memória e na voz dos que me antecederam. Na minha carga genética existem os dois termos de comparação. No meu ser, humano, só um prevalece e é esse um que me faz gostar de pessoas e de diferença. O termo de comparação que cresceu comigo, e do qual não tenciono abdicar, acredita em solidariedade e justiça que não vejo prevalecerem numa sociedade onde, pela Carta dos Direitos que nos devia reger a todos, todos deveríamos ter direitos e deveres iguais. Há muito por fazer, muito por mudar e não consigo ver vontades de mudança. Não posso ficar indiferente a notícias que continuam a surgir sobre comportamentos desadequados dentro das escolas, pior, dentro de salas de aula onde o professor deveria ser o símbolo da autoridade a respeitar. Não posso ficar indiferente a notícias que me alertam para o facto de a sociedade estar a fazer dos seres/pais máquinas que se veêm obrigadas a cumprir objectivos cada vez mais difíceis, para conseguirem manter o que por direito deveriam ter - uma Família. Preocupo-me, mas não sei como fazer a mudança e esta ignorância volta a preocupar-me. Não percebo porque não se cumprem regras, não percebo porque não se punem, na hora, comportamentos que não podem ser o exemplo para outros. Assaltam-me tantas dúvidas. Gostava de poder contribuir para a mudança, gostava de ser parte dela, porque é necessária, urgente, para que nós, os humanos, sejamos o que realmente somos. Cabeças que pensam, mas que pensam certo, corações que sentem, mas que não podem amolecer, transmissores de regras e princípios que não podem desaparecer sob pena de as nossas sociedades passarem ao lado da sua caracterização maior - Civilizações.
2 comentários:
Muito bem escrito... Vejo as coisas da mesma forma, e por vezes assusta um pouco.
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Partilho de todos esse pensamentos. Sinto uma certa indignação por coisas que vejo acontecerem, faltas de respeito pelo ser humano.
Pertenço à geração que não assistiu à mudança mas que lhe cabia pegar na mudança e mudar ainda mais para melhor, sempre para melhor, e sinto que todas as gerações nos dias de hoje estão a andar para trás.
Bom saber que não é só dos meus olhos...o mundo está realmente com uma crise de valores!
Adorei o Post!
bjinhos
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