Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

De que somos feitos, o que transmitimos aos nossos Filhos...

" Porque é que a Tia não foi para Artes?"

A pergunta seria correcta se me questionasse sobre qual a razão ou razões que me levaram a não "ir" para coisa nenhuma. Acho que não saberia como lhe responder, porque eu própria não sei porque é que não tive a força de continuar na altura certa, ou talvez saiba perfeitamente as razões que me fizeram desviar do caminho que deveria ter seguido e que talvez tivesse modificado todo o rumo da minha vida.

A minha memória atraiçoa-me no que respeita ao meu passado infantil e juvenil. Lembro-me de mim como uma pessoa insegura, a achar sempre que não seria capaz disto ou daquilo, encerrada em livros, com sonhos que não realizei.

Quando a Catarina chegou ao final do 9º ano e se/me questionou sobre se deveria ou não ir para Artes, não hesitei em responder-lhe afirmativamente. Nunca passou pela minha cabeça que Artes fosse uma área onde eu poderia vingar, portanto nunca me pesou na consciência este meu conselho como sendo uma forma de reflectir nela o que não consegui fazer. Limitei-me a dar-lhe força para que sentisse que tinha apoio para estudar o que realmente gosta e a apaixona. Agora, que o Manel chegou ao final do 9º ano, fiz precisamente o mesmo, mas de forma diferente. A ele, tive que lhe dizer que ele consegue, que vai ultrapassar o medo do papão que é a Matemática e que vai conseguir chegar à Motricidade Humana. Será sempre este o meu papel na vida dos meus Filhos. Fazê-los acreditar neles, fazê-los sentir que acredito neles, espicaçá-los quando percebo que se estão a deixar ir na rotina, que estão a baixar os seus próprios níveis de exigência com eles mesmos. Nunca, mas nunca, irei exigir que sejam os melhores, apenas que sejam felizes, porque isso é o que realmente importa.

Desta minha forma de estar e de viver a maternidade a tempo inteiro espero que resultem quatro pessoas conscientes de si mesmas, do que querem e, principalmente, do que não querem para os seus futuros. E não posso deixar de acreditar que o meu Destino se traçou assim para que eu pudesse ter este papel importante na vida dos meus Filhos, porque me conheço e sei que se fosse uma Mãe trabalhadora não teria, para eles, a disponibilidade de que necessitariam.

Somos feitos de DNA, somos feitos de hereditariedade e genes, mas também somos feitos do que ao longo da vida vamos fazendo de nós e é este auto-fazer e auto-crescer que vamos buscar a inspiração e os ensinamentos que desejamos transmitir aos nossos Filhos.

6 comentários:

Maria disse...

Lindas essas tuas palavras e como me revejo em tanto delas...
Realmente a vida é mesmo assim, feita de escolhas, aprendizagem, crescimento e, claro, hereditariedade e genes.
bjs

Anónimo disse...

Quando me lembro de ti no liceu, tenho sempre esta imagem de uma miúda com um sentido de humor e um TIMING perfecto. E o interessante é que nunca te vi como insegura, até pelo contrário. Sempre sorridente, engraçada, leve. Admirava-te muito essa faceta. Mas é giro ver como nós temos sempre uma visão bem mais critica de nós próprios. As vezes limitamo-nos por isso. E eu sei bem isso, porque sempre fiz o mesmo em relação a mim. Mas acho que tudo o que temos que passar é válido se soubermos olhar para a nossa vida e usá-la de forma constructiva. Aquilo que fazes pelos teus filhos e o que lhes tentas ensinar da vida valida as experiêcias porque passaste e te moldaram na mãe/mulher fantástica que vejo tu és.
As vezes é fácil pensar que se o nosso passado tivesse sido diferente, que seria melhor, mas é tudo uma incognita. Quando eu era jovem, eu creio que não teria apreciado e vivido tão intensamente os estudos, como quando os concluí depois de “mais crescidinha”. Foi uma vivência diferente. Com um sabor mais maduro. Olha a tua amiga Belita. Parabéns a ela!
O teu blog, a tua visão, é de uma mulher sensível, aberta, e que frequenta a universidade da vida de uma forma bem mais aproveittada do que muitos com “canudo”. E nunca é tarde de darmos asas aos nossos sonhos, nem que seja devagarinho, um passo de cada vez. É possível! Beijinhos.

Gi disse...

... E é uma grande complicação porque não podemos viver a vida deles e eles, depois de nós lhes darmos a nossa opinião (e apenas isso), quando lá estão sentem que não é bem isso, e nós tewmos que lhes mostrar que pode não ser bem isso, mas também não é aquilo e. de repente faz-se luz ( é o que está a acontecer ao meu mais velho na Universidade).

paulofski disse...

Este ano também o meu rapaz teve que tomar a difícil decisão sobre que rumo dar aos seus estudos. Aí a orientação vocacional da escola e de especialistas foi uma grande ajuda de forma a programar o seu futuro em consciência e com vontade.

Muito bem.

InêsN disse...

que maravilha...

:))

eu bem sinto que não tenho nem a paciência nem a disponibilidade que os meus já solicitam...quem me dera poder optar (a decisão estaria desde já tomada)!

os teus filhos são uns sortudos, é o que é :)

(e eu ainda sou um projecto de mãe!)

Daqui te vejo disse...

Adorei o teu post.
Ainda tentei debitar zootécnia e umas coisas do tipo "somos inevitávelmente o resultado da mistura génetica + ambiente...", mas não me sai nada com jeito!!!
1Bj

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