Desculpem-me se o assunto é por demais batido e falado e discutido e conversado, mas eu não consigo deixar de me sentir roubada. Melhor, muito roubada.
Todos os anos, religiosamente em Julho, quando as listas dos livros escolares para o ano lectivo seguinte são publicadas, eu encomendo os livros. Via Internet, pagamento multibanco, entrega ao domicílio. Todos os anos pago uma pipa de massa antes de ir de férias. Este ano decidi que não ia fazer nada disso. Fui de férias calma e sossegada e o assunto livros tratar-se-ia em Setembro depois de um mês de descanso merecido.
Para o Martim consegui arranjar todos os livros emprestados, uma vez que emprestei os que tinham sido do Manel e nunca mos devolveram. Tranquilo.
Concentrei-me, de seguida, a enviar mails com a lista dos livros para o Manel. Enviei muitos mails e sms's. Com muito esforço (porque os livros adoptados mudam de escola para escola e, por vezes, dentro da mesma escola, de professor para professor) lá consegui que me emprestassem alguns livros, não me livrando de comprar a maioria deles (e estamos a falar de manuais que custam entre €26 e €37!). Primeiros TPC de Matemática. Livros emprestados, o mesmo nome, os mesmos autores, capa diferente. O Manel envia-me um SMS a dizer que tinha feito um exercício que não era o certo porque o livro era diferente. Fiquei em pulgas. Então? O manual alterou por dentro. Não consigo achar isto normal. Não consigo aceitar que em tempo de crise global, as editoras se deêm ao luxo de alterar por dentro um manual que até poderia servir para mais do que um ano lectivo, só para garantirem a sua quota de mercado. Também não consigo aceitar que os Professores entrem neste esquema e não optem por criar nas bibliotecas das Escolas Bolsas de Livros Usados para auxiliarem os Pais/Encarregados de Educação que têm no mês de Setembro cargas de despesas quase incomportáveis.
Quando se fala tanto em autonomia das Escolas, em diminuição das despesas, em crise generalizada, em ambiente, em sustentabilidade, como é que a política dos livros escolares não é alterada? Não considero de bom tom que se escolha um novo manual só porque a capa alterou, se a matéria que lá vem dentro é a mesma. Não considero de bom tom que se continue a sobrecarregar as Famílias desta maneira quando se pedem já tantos sacrifícios e quando o índice de natalidade é cada vez mais baixo e a população cada vez mais envelhecida.
Mas...no fundo...somos capazes de ter o que merecemos, porque somos um povo que não se une em reclamações efectivas. Todos barafustamos, individualmente, no interior das nossas casa e famílias, mas não nos sabemos organizar, para que as reclamações cheguem a quem as possa ouvir e solucionar. Há muito a mudar na sociedade portuguesa. Há muito trabalho a fazer em termos de solidariedade e capacidade de resolução comunitária de questões que afectam essa mesma comunidade. Que tal, começarmos a pensar em contribuir para esta mudança?
Para o Martim consegui arranjar todos os livros emprestados, uma vez que emprestei os que tinham sido do Manel e nunca mos devolveram. Tranquilo.
Concentrei-me, de seguida, a enviar mails com a lista dos livros para o Manel. Enviei muitos mails e sms's. Com muito esforço (porque os livros adoptados mudam de escola para escola e, por vezes, dentro da mesma escola, de professor para professor) lá consegui que me emprestassem alguns livros, não me livrando de comprar a maioria deles (e estamos a falar de manuais que custam entre €26 e €37!). Primeiros TPC de Matemática. Livros emprestados, o mesmo nome, os mesmos autores, capa diferente. O Manel envia-me um SMS a dizer que tinha feito um exercício que não era o certo porque o livro era diferente. Fiquei em pulgas. Então? O manual alterou por dentro. Não consigo achar isto normal. Não consigo aceitar que em tempo de crise global, as editoras se deêm ao luxo de alterar por dentro um manual que até poderia servir para mais do que um ano lectivo, só para garantirem a sua quota de mercado. Também não consigo aceitar que os Professores entrem neste esquema e não optem por criar nas bibliotecas das Escolas Bolsas de Livros Usados para auxiliarem os Pais/Encarregados de Educação que têm no mês de Setembro cargas de despesas quase incomportáveis.
Quando se fala tanto em autonomia das Escolas, em diminuição das despesas, em crise generalizada, em ambiente, em sustentabilidade, como é que a política dos livros escolares não é alterada? Não considero de bom tom que se escolha um novo manual só porque a capa alterou, se a matéria que lá vem dentro é a mesma. Não considero de bom tom que se continue a sobrecarregar as Famílias desta maneira quando se pedem já tantos sacrifícios e quando o índice de natalidade é cada vez mais baixo e a população cada vez mais envelhecida.
Mas...no fundo...somos capazes de ter o que merecemos, porque somos um povo que não se une em reclamações efectivas. Todos barafustamos, individualmente, no interior das nossas casa e famílias, mas não nos sabemos organizar, para que as reclamações cheguem a quem as possa ouvir e solucionar. Há muito a mudar na sociedade portuguesa. Há muito trabalho a fazer em termos de solidariedade e capacidade de resolução comunitária de questões que afectam essa mesma comunidade. Que tal, começarmos a pensar em contribuir para esta mudança?
2 comentários:
Olá! Apesar de acompanhar o blog é a 1ª vez que comento. Tenho apenas uma filha de 2 anos e meio e... tenho sérias dúvidas se vou ter mais. Não pq lá em casa não se possa alimentar mais um; não pq ache q as crianças devam ter todos os brinquedos e mais algum, ou pq devam vestir unicamente roupa de marca. Sou bastante equilibrada, mas cometo umas loucuras nesses campos. Aquilo que me preocupa é unicamente como dar uma educação (leia-se escolaridade) de qualidade a mais do que uma criança. Concordo, mas não sei como, nos podemos organizar, porque na educação, tal como na saúde e segurança pública, este país precisa de uma reviravolta!
:) Obrigada por partilhares estes bocadinhos da tua vida!
Bjs
Espere até eles chegarem à faculdade - passar a pagar renda de um quarto mais todas as despesas inerentes, as deslocações, fotocópias, livros extremamente caros e propina máxima... É, de facto, angustiante. Infelizmente em Portugal funciona assim. E quando alguém reclama, ainda temos os professores das chamadas "universidades de topo" a dizer que a culpa é dos pais que deveriam ter previsto tudo isto e começar a poupar 10 anos antes de os filhos nascerem!
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