Já não sei. Não me lembro se te inventei ou se exististe realmente na minha vida. Quando olho para trás tenho a impressão que te vejo lá. A sorrir. A falar. A gesticular. Serás mesmo tu? Não, não deves existir. Foste um sonho que a minha cabeça gerou para me amparar durante um tempo. Mas se fui eu que te criei, porque não consigo simplesmente amarrotar entre as mãos o papel em que te escrevi e deitar-te para o cesto de papéis? Estou confusa e isso confunde-me. Converso contigo. Falamos sobre aqueles assuntos que nos juntaram. As palavras que fluem acabam por nos juntar cada vez mais. Foges-me. Assustas-te com a minha proximidade. Não é sempre o que acontece ao objecto criado? O Pinóquio também quis fugir do Gepeto, lembras-te? Pois, é isso. Tu não existes a não ser em mim. Quando solto os dedos pelas teclas dedicando-te as letras que surgem no branco do écran, é para mim que escrevo. Só para mim. Que importa que não leias? Tu não existes. Apenas eu existo. Tu em mim.
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