A minha Máquina noutras Mãos,
Julho 2009,
Monte Real
Comprei este livro em 2000. Li-o de uma assentada. Hoje abri-o ao calhas. Li tudo o que comigo se passa. Entre mim e eu. Entre mim e o que de mim não sai para o papel.
Julho 2009,
Monte Real
"AUTO-RETRATO, MARÇO DE 1994
Gosto muito desta mulher que olha para mim com serenidade, com uma câmara fotográfica na mão. Sou eu. Tenho cinquenta e dois anos. É na curvatura dos dedos que primeiro se nota a passagem do tempo. Quando estudava fotografia, o professor puxava-me os ossos da mão até os sentir estalar, dizia-me que os meus dedos eram demasiado rígidos para acompanhar a fluidez do mundo: «Descontrai-te. Entrega-te. Aceita» Para apanhar a rapidez do instante que passa é necessário prescindir completamente da brusquidão. Deixarmo-nos levar pela lentidão interior da velocidade.[...] Caí na fraqueza da paixão, mas nunca cheguei a cair no pecado mortal de me apaixonar por mim. Tinha boas defesas. Quando as defesas ideológicas começaram a soçobrar, servi-me da máquina fotográfica para me manter inexpugnável. Agora precisava de voltar essa máquina contra mim."
O Álbum de Camila, in
Inês Pedrosa, Nas Tuas Mãos,
Publicações D. Quixote, 1999
O Álbum de Camila, in
Inês Pedrosa, Nas Tuas Mãos,
Publicações D. Quixote, 1999
Comprei este livro em 2000. Li-o de uma assentada. Hoje abri-o ao calhas. Li tudo o que comigo se passa. Entre mim e eu. Entre mim e o que de mim não sai para o papel.
1 comentário:
Também o devo ter lido mais ou menos nessa altura. Não me apaixonei, mas gostei.
Beijo
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