Estou a tentar. Como te prometi. Tenho o caderninho de capa castanha à minha frente. A tua letra, grande e bem desenhada. Decidida. Todas as tuas palavras alinhadas, numeradas, numa ordem que eu deveria perceber. Tenho a certeza que quando pensaste nestas palavras que me ofereceste, pensaste em resultados que iriam surgir. Mas como fazer para que façam sentido num mesmo texto? Sim, tens razão. Não tenho pensado o suficiente nelas. Tenho-as transportado comigo, todos os dias, com o carinho com que se transporta algo muito querido, mas não tenho pensado nelas. Por onde andam os meus pensamentos? Há um distanciamento enorme entre o meu eu criativo e o meu eu real. Cada um puxa para seu lado a pessoa em que habitam. E as tuas palavras? Acho que aquela fusão cósmica que existe entre nós fez com que tu soubesses que este presente de aniversário me daria um imenso prazer. Eu gosto dos teus desafios e os textos mais bonitos que por aqui passaram foram resultado de desafios teus, de revisões tuas. Às vezes gostava que as nossas vidas não fossem tão distantes. Vês? Lá estou eu a pedir mais do que tenho. Tenho o meu caderninho castanho com a tua letra grande e bem desenhada. Sempre comigo. Um pedaço de ti a comungar dos meus dias, a tornar ubíqua a tua presença.
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