Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Qual Infância?



Da infância diz-se que é a melhor parte da nossa vida. Os anos em que se pode passar pela vida pensando apenas em brincar, em não pensar. Pena é que para muitas crianças a infância não seja a parte da vida dedicada ao não pensar. Existem por todo o Mundo crianças sem oportunidade de brincar. Existem perto de nós, tão perto que assusta não podermos fazer nada para lhe proporcionar o que deviam ter por direito. São tantas as crianças e Famílias que vivem em situação de pobreza, seja ela assumida ou disfarçada. São tantas as situações complicadas com que se deparam os que, nas escolas, convivem com estas crianças. Depois, existem os bairros em que os apoios às crianças e famílias são uma realidade e os bairros em que estes apoios não existem...
Hoje fui ao ATL da Galiza. Por lá não existem mãos a medir. São muitas as crianças que frequentam as salas de estudo, as aulas de português para estrangeiros, as explicações, os apoios, a Escolinha de Rugby. Quem trabalha com estas crianças dá tudo o que tem. Faz de todos os poucos um muito que aos olhos de quem nada tem se torna mágico. Inventa formas de estimular o bom comportamento na Escola, o bom aproveitamento nos testes. Apoia, apoia, apoia, sempre!
Ao fim do dia, à conversa com uma Mãe/Professora numa outra Escola de um outro bairro carenciado, ouvi os desabafos de coração apertado de quem vê, todos os dias, crianças que não têm como marcar almoços, porque apesar de terem direito ao ASE, não têm sequer os setenta cêntimos que precisam...crianças que não têm famílias estruturadas nem quem as apoie...crianças que saem de casa de mochila às costas mas passam dois dias sem ir à escola, sem que ninguém controle por onde andam, o que fazem.
Fico com o coração apertado. Com uma sensação terrível de impotência, porque sei que seriam necessários muitos ATL's da Galiza pelo nosso Concelho fora, seriam precisas muitas pessoas como as que lá trabalham para poder deitar mão a todas estas crianças. Com o coração apertado por saber que ainda estamos muito longe do dia em que todas as crianças poderão viver como se deve viver na Infância. Com um sorriso nos lábios e despreocupação, pensando apenas em brincar.
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