O que poderá interessar aos outros aquilo que faço? Não sei se este blogue é a minha faceta exibicionista ou se todos nós nos transformámos, dentro das nossas solidões privadas, em Big Brothers que espiolham o que se passa por todo o lado onde essa invenção maravilhosa chamada Internet consegue chegar. A minha condição é igual à de tantas outras mulheres por esse Mundo fora. As que durante anos tiveram esta condição por obrigação e as que a têm nos nossos dias por razões que vão da obrigação pelo desemprego à opção de vida consciente. Eu própria, na maior parte das vezes, quando começo a escrever, penso que não deveria expôr determinadas coisas, mas depois solto os dedos e as coisas aparecem e eu deixo-as ficar (não gosto da Censura!).
O dia de hoje foi dedicado à roupa. Desde manhã até agora dei cabo da pilha de roupa de casa e de roupa de cada um que havia para engomar. Apesar de ter já outra pilha seca e dobrada pronta para vir receber o mesmo tratamento, decidi guardar todas as ferramentas e dar por terminado, por hoje, esta tarefa doméstica.
Enquanto engomo tenho a televisão ligada (SIC Notícias) para ir ouvindo vozes. Não é bem a mesma coisa que ter companhia humana, da que se proporciona à conversa, mas à falta de melhor, serve. Há dias em que até consigo dar atenção às palavras televisivas, mas há outros, como hoje, em que pouco mais sei do Mundo do que o "Caso Mário Crespo" e o "Início do Julgamento do Concorde". A minha cabeça esteve hoje em sintonia com a minha Avó. Como eu gostava que ela ainda pudesse fazer-me companhia, porque agora é que eu a entendo bem. A minha Avó era muito comunicativa, adorava conversar e ter gente por perto. Em determinada altura da vida dela, ficou sozinha e era sozinha que passava os dias. A única distracção que tinha era, ao final do dia, mais ou menos por esta hora, sair e ir até à loja duma senhora (oculista) com quem adorava conversar. Ali ficava, dava dois dedos de conversa, para voltar a casa, de língua desenferrujada, de novo sozinha. Bem sei que a minha situação não é tão dramática, mas há dias em que me sinto tão a minha Avó. São muitas horas...
3 comentários:
Gosto de ler as suas cronicas, pois identifico-me bastante com alguns dos seus gostos e pensamentos.
Tb me revejo nalgumas situaçoes, como esta de se sentir só ... Eu , lido bem com a solidão e com a minha companhia... mas tb gosto de "ouvir vozes", em casa . Hoje ouvi Rodrigo Leao e na Tv algumas homenagens a Rosa Lobato Faria.
Dela, li apenas um ou dois livros ( de que gostei) e via-a na Tv . Relembrei o Humor de Perdiçao, que foi um programa de humor unico!
Bjs
Teresa A.
:(
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