«A Festa dos Vizinhos surgiu em Portugal há cinco anos, mas nasceu em 1999 em Paris (França), quando foi criado um grupo de amigos, a associação "Amigos de Paris", para mobilizar as pessoas no combate contra o isolamento, estendendo-se a 15 países da União Europeia.», fonte: TSF Online
Nem desconfio como será actualmente a vizinhança dentro de um prédio e nas ruas envolventes.
A minha infância e juventude foi passada num prédio de 3 andares. Conhecia todos os vizinhos, da cave ao 3º andar. Todos me tratavam pelo nome, todos me perguntavam "pelos papás e pelos manos". Com um ou outro existia uma relação de proximidade maior que passava pelo bater à porta se precisássemos de alguma coisa à última da hora. No meu prédio não havia crianças com quem brincar mas havia nos prédios vizinhos miúdos da minha idade que frequentavam o mesmo Liceu e com quem ia e voltava da escola, com quem estudava. Conhecíamos os vizinhos dos prédios da nossa rua, dizíamos bom dia e boa tarde quando nos cruzávamos. Conhecíamos os lojistas e sabíamos os seus nomes. O Sr. Albano da padaria, a D. Graça do cabeleireiro, a D. Rosa do oculista, a Drª Leonilde da farmácia, etc.
Já saí de Lisboa há quase 22 anos e o local onde moro actualmente é um local basicamente residencial e não o típico bairro lisboeta. Não sentido uma saudade diária de viver em Lisboa ou uma vontade de regressar, sinto, volta não volta, a nostalgia do sentimento de pertença a uma comunidade mais alargada do que a meramente familiar ou afectiva.
O Dia Internacional dos Vizinhos, que pode à partida parecer uma ideia disparatada de mais um dia especial, poderia ser o ponto de partida para a criação dessas comunidades se não fossemos tão individualistas, tão fechados sobre nós próprios, tão pouco solidários e detentores de tão pouco sentido cívico.
Ser vizinho, principalmente, dentro de um prédio, obriga a determinadas regras e formas de conduta que ao não serem cumpridas, facilmente levarão a quezílias, a desentendimentos e até a processos judiciais (o barulho a horas menos próprias, os grelhadores nas varandas, o que se sacode janela fora sem se ter atenção à roupa estendida no estendal do andar de baixo, o lixo, a limpeza da escada, o pagamento dos condomínios, a preservação dos espaços comuns, ...).
Sonho com a visão cinematográfica de bairros onde os vizinhos se organizam para resolver problemas que a todos afectam, se organizam para auxiliar outros vizinhos em dificuldades, preparam recepções de boas vindas a novos habitantes.
Seria bom que este Dia fosse um ponto de partida para saírmos do casulo e iniciarmos projectos de boas práticas de vizinhança!
4 comentários:
Querida Vera, hoje, com obras intensas no andar de baixo e a cabeça a latejar ao ritmo de martelos e berbequins, estou com dificuldade em entrar no espírito da boa vizinhança. Mas amanhã é outro dia… ;-D
Confesso que além do meu companheiro ainda não vi ninguém hoje.
A vivenda do lado esquerdo está vazia, a que pega com a minha (geminada) vazia está, a da frente tem de vez em quando gente estranha, as pessoas que a compraram há uns anos não vivem lá, arrendam os quartos, um pouco mais acima é a casa de vizinhos emigrantes que só estão em Agosto...
Como vês, vivo num deserto...
Já foi uma zona cheia de crianças que saltavam os quintais de um lado para o outro, frequentaram o mesmo infantário e os restantes estabelecimentos de ensino até ao 12º ano.
Voaram todos do ninho e na rua já não se ouvem as suas gargalhadas...
Abraço
Dia mundial do condomino , devia ser, pois saõ esses os que mais padecem
Quem me dera a boa vizinhança de antigamente ... agora, no mesmo predio, as pessoas mal se falam...
Bjos
Teresa A
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