Eu e a minha Máquina
Há um bocadinho...
[...]"Repetimos que a fé é, face à morte, o maior lenitivo. Mas que é a fé verdadeira senão o absoluto do Amor? O Amor é o verdadeiro rosto de Deus. Um agnóstico pode encontrar esse rosto em cada ser humano. O Amor, vi-o, cintilante, nos teus dedos, enquanto acariciavas a tua filha, no caixão, como se de novo a acariciasses no berço, enquanto dormia. Não era uma despedida; era uma promessa de cumplicidade inesgotável, o que os teus dedos desenhavam, sobre o rosto e as mãos da tua filha morta. E essa promessa iluminava a capela, o caixão, o silêncio, cada uma das pessoas que chegavam para a cerimónia da despedida. Parece-me que não há outra razão para ter filhos. Nem há que temer perdê-los, porque o Amor não se perde, nem envelhece, nem morre. Basta olhar para as estrelas. Como eu olho para ti."
Os Íntimos,
Inês Pedrosa,
D. Quixote, Abril 2010,
Pg.95
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