Diário de um Feriado

Da Net

I.

Começou cedo o meu dia feriado. Uns calções e um casaco de carapuço, umas chinelas nos pés. A praia ali em baixo. As ondas à espera da prancha. O sol que aquecia os muros e os bancos de madeira cobertos de bolhinhas de humidade. Por ali fiquei. Rosto e corpo virados para o sol, deitada no muro, o barulho das ondas e o cheiro do mar.

II.

Passei no supermercado para comprar pão para o pequeno almoço (ontem não o deixei a fazer, hoje não me apetecia fazê-lo!). Num escaparate os livros da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Chamou-me a atenção o livro Justiça Fiscal, o último texto de Saldanha Sanches. Trouxe-o comigo.

III.

Junto à estante, antes de o arrumar, passo os olhos pelo livro. Depois pelo volume que lhe vem anexo, textos de amigos íntimos e familiares do fiscalista. As lágrimas caem ao ler as palavras de Maria José Morgado. Escritas após a morte, dedicatória apaixonada e sofrida. Muito bonitas e fortes.

IV.

Corrida entre pontos do concelho de Cascais. Necessidades dos Filhos, compromissos dos Filhos. Alguma tensão no ar. Quem não está habituado a estas correrias de um lado para outro com todos atrás acaba por stressar...

V.

O regresso a casa. O almoço rápido. Sai a Filha. Vai trabalhar. Ficamos os dois. No sofá. Um filme para um (adormecer) e um portátil ao colo para pôr em dia mails e tarefas relacionadas com a escola (para mim).

VI.

Está frio. Os pés já não se sentem quentes enfiados nas havaianas. Escurece o céu. O dia aproxima-se do fim. Amanhã será um dia de novas correrias. Sózinha com os quatro. Com a tensão num nível mais baixo, porque "o hábito faz o monge".