Daqui |
A mulher chegou.
O parque de escritórios, moderno, com espaços verdes e água em lagos e fontes, agrada-lhe. Há qualquer coisa que naquele lugar transmite uma boa energia que lhe apetece captar.
Lembra-se que o estacionamento é pago e não sabe, para já, quanto tempo demorará nos escritórios. Contorna a rotunda. Sobe uma rua e pensa ter entrado num outro mundo. À parte daquele onde o verde, a água a correr e os edifícios altos e cheios de vidros reflectores da luz do sol e do brilho da água constituem um ambiente de filme. Nesta rua íngreme não há verde nem água a correr. Há prédios cinzentos, desbotados e esboroados, com vidros partidos e entradas danificadas. Não consegue perceber porque é que os bairros sociais são sempre tão feios, tão tristes, tão propensos à disseminação dessa tristeza. Estaciona o carro, pega na pasta, na agenda, no caderninho moleskine e lança-se a pé, a caminho do seu destino dessa manhã.
A porta é giratória. Põe o pé lá dentro e é levada, sem ter de empurrar, a um átrio espaçoso. O mármore preto do chão é um espelho onde os tacões das botas, também pretas, ecoam.
Não está nervosa. Está decidida e confiante numa decisão que adiava de dia para dia.
Quando a manhã chega ao fim e faz o caminho de regresso ao carro que a espera, não resiste em olhar a sua imagem reflectida nos vidros espelhados do edifício que agora abandona e onde, no futuro, voltará muitas vezes.
Acha-se bem. Apoia mentalmente a escolha de roupa e acessórios que fez para este dia importante. Sorri para si mesma no espelho.
2 comentários:
Há qualquer problema com este post, Vera. O título está sobreposto ao texto e não consigo ler. Como isso só acontece neste texto, creio que o problema não é do meu computador...
Carlos, no meu computador está tudo perfeito...saia e volte a entrar...pode ser que resulte a "solução do informático"! lol
Obrigada por me seguir :-)
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