Daqui |
Alturas há em que o chão parece me querer fugir dos pés. Escorrego, sinto-me em desequilíbrio constante, amparo-me, mantenho-me direita e sigo em frente.
A escrita é o meu centro gravítico quando a vida parece querer atirar-me borda fora. É na escrita que faço a minha terapia, como se falasse de mim para mim, como se eu fosse as duas parte de uma sessão. Eu e a terapeuta de mim.
No momento em que a vida decide parar de me balouçar nos seus ramos, o chão mantém-se plano e fácil de palmilhar. As palavras deixam de rodar incessantemente a pedir que as liberte. Aninham-se umas nas outras no conforto do sossego e pedem que as deixe repousar. E eu, que amo as palavras, aconchego-as em mim. Pego-lhes ao colo e embalo-as como se de um filho se tratasse. Deixo-as descansar de tantos dias de exigência. Deixo-as esconderem-se na parte de mim que descobriu que há mais para lá de mim mesma. Na parte de mim que, escondida também, me fazia igonorar-me.
Sigo o caminho.
Gosto de mim por isso.
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