Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Saltos [para o desconhecido, ou não]

I.
Completaram-se 11 anos sobre a data em que saí, pela primeira vez na minha vida de adulta, da minha zona de conforto. Na altura, há 11 anos efectiva numa grande empresa nacional e já com três filhos, comecei a observar a minha vida à lupa. Saía cedo de casa e voltava tarde. As crianças ficavam num colégio, onde eram dos primeiros a chegar e dos últimos a sair, a casa era tratada por uma empregada. Papel e lápis ajudaram-me a decidir o que o meu inconsciente me dizia para fazer - deixar de trabalhar fora de casa e dedicar-me às crianças e à casa. A vida, tal como estava organizada, alterou-se completamente mas para melhor. Deixaram de existir ansiedades com a hora de fechar do colégio, deixei de ter de andar de casa para Lisboa e vice-versa, deixei de sentir um enorme peso na consciência de cada vez que algum deles adoecia (enquanto trabalhadora, sentia-me sempre em falta de cada vez que tinha de ficar com um doente).
II.
Em Novembro de 2010 voltei a sair da minha zona de conforto. Desta vez um salto muito maior, desta vez um salto para o desconhecido. Longe de tudo o que alguma vez fiz a nível profissional, longe de papéis, canetas, computadores, arquivadores e telefones que eram a minha especialidade, decidi dizer sim a uma actividade comercial. Divulgar/promover um produto que cá em casa não tem mistérios para ninguém e que todos utilizam/estão habituados a ver utilizar. Vender não é o meu género, impingir muito menos, portanto tem sido com muito gosto e com muito prazer que tenho desempenhado este meu novo trabalho. A saída da zona de conforto é, neste caso, radical. A minha cabeça, até agora programada para a gestão familiar, está, de repente, programada para o atingir objectivos. Convém dizer que os objectivos são criados de mim para mim, mas a exigência comigo é uma característica que me define e, portanto, a fasquia é sempre alta, o que eleva também o nível de stress. A angariação de contactos é, para mim, a questão mais complicada deste trabalho. Tendo que continuar a minha função de gestora da casa/da família, o tempo para andar na rua não é muito...mas se não andar na rua, se não falar com outras pessoas (outras que não as do meu círculo de rotina), como encontrar novos clientes?
Ponho-me a pensar na hipótese de ter que investir algum do meu lucro em literatura especializada nesta área.
III.
Sair da zona de conforto.
Acção extremamente difícil para grande parte de nós. O que está dentro do círculo é o conhecido, o que não nos afronta, o que não nos põe o coração mais depressa se não tivermos forma de resolucionar esta ou aquela questão. Mas será que fechar o círculo e ficar lá dentro, é mesmo a melhor forma de viver? Acredito que viver é um desafio que devemos propor-nos em cada dia que se inicia e, sendo um desafio, devemos enfrentá-lo com a vontade de nos superarmos, de fazermos cada vez melhor, de darmos mais de nós aos outros, de saber receber mais dos outros.
Eu saí e estou a gostar!

1 comentário:

Belita disse...

Gosto! :)

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