Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Prazer em Estado mais do que Puro, Puríssimo

Livraria Galileu, Cascais
O final de tarde de segunda feira passou a incluir uma deslocação a Cascais.
O que lá vou fazer não me compensa ir, voltar a casa e regressar a Cascais, por isso decidi enfiar o carro no estacionamento subterrâneo (onde se paga com a Via Verde, o que é um must) e deambular por ali. Não tinha nenhum destino em mente e, por isso, saí do estacionamento e pus-me a andar pela Avenida Valbom. Claro que Avenida Valbom quer dizer Santini, mas também quer dizer Galileu e foi para lá que dirigi os meus passos e o meu olhar claramente atraído pelas bancadas de livros usados que estão sempre ali à porta, à mão de semear, a atrair atenções que acabam sempre por se dividir com o interior da loja.
Eu adoro livros, sejam eles novos a estrear ou antigos ao ponto da grafia ser diferente e as folhas amareladas quase se desfazerem entre os dedos quando as passamos. Durante um bocado estive ali, absorta nos usados, entretida a recordar a colecção RTP que faz parte do meu imaginário infantil, perdida nuns pequeninos volumes de libretos de óperas conhecidas. Depois o frio começou a incomodar-me. Empurrei a porta fechada/encostada e entrei. Lá dentro, o silêncio. Não era um silêncio pesado, era um silêncio próprio de qualquer local sagrado, de um espaço onde se reflecte. Na Galileu não se veêm livros como num qualquer outro espaço livreiro da modernidade. Prateleiras enormes, organizadas por estilo literário, estantes enormes, organizadas por autor, barulho, muita luz, música e muita gente, muitas vozes, muito som de fundo. Na Galileu existe um ambiente quase de museu. Os livros estão ali expostos, ao nosso dispôr, mas de um modo intimista, apetecível. Eu não procurava nada em particular, tal e qual como não procuro nada quando entro na FNAC e saio de lá com qualquer coisa debaixo do braço. Mentalmente decidi não gastar dinheiro, portanto só estava ali para passar o tempo e ver capas, ler sinopses, pouco mais do que isso...mas acabei por me encostar a um pequenino escaparate onde os títulos eram anunciados a partir de €1 até €5. Títulos da Cavalo de Ferro. Não gastar dinheiro! Mensagem que surgia projectada no écran do meu cérebro, mas para a qual esse mesmo cérebro não queria olhar. Despertada a atenção para os títulos, as lombadas, as histórias ali à minha frente, já nada havia a fazer. O cérebro  pragmático iria perder a batalha. Assessorada pela anfitriã daquele maravilhoso espaço, lá fui eu fazendo uma pilha. Dois volumes mais grossos, os outros finos e tentadores, foram-se transformando em propriedade minha e só eu sei como ser proprietária de livros me transforma numa pessoa verdadeiramente feliz.
Saí da Galileu carregada com um saco amarelo cheio de livros a preços inferiores ao de qualquer jornal diário. Se por vezes gastar dinheiro me instala na consciência um peso que dificilmente suporto, ontem aqueles euros ali deixados instalaram um contentamento imenso em mim.

1 comentário:

Maya disse...

Já comprei lá. Um livro em francês de que não estou a recordar o nome ...

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