Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009


O que és capaz de fazer por mim?

Solidão povoada

Eu e a minha Máquina, Fevereiro 2009
Maria Helena Vieira da Silva, Le Còrtege, 1934
Museu Colecção Berardo, De Vieira da Silva a Torres Garcia

Recordo. Não muito claramente, mas recordo. O tempo em que não gostava de ficar só. De estar só. Em que pensava que não conseguiria sobreviver e que não saberia o que fazer com o silêncio e a solidão em que ficava.

Dou por mim a desejar a solidão e o silêncio. A desejar não ter que partilhar palavras que quero só minhas. A desejar poder não estar, porque estar é violento, é algo que me imponho. E no não estar, viajo.

Atravesso o silêncio murmurado do oceano e entrego-me. Ao seu azul feito de reflexos do céu. Ao seu branco da espuma das ondas. Ao seu azul escuro das manchas das rochas. E alcanço.

Alcanço o Universo das gentes e das palavras. Por onde, por todo o lado, me rodeiam vozes, corpos, caras, pessoas. Não páram. Andam. Correm. E dão voz. Vozes.

À minha solidão desejada, a de estar só sem perder o som das palavras de outros. Sem perder de vista pessoas.

Que me povoam a solidão...

Post escrito de frente para o Mar. Com o Sol a aquecer corpo e alma. Com o Mar a tocar a música de fundo.

Continuação da Tentação...

Por vezes penso que tenho poderes sobrenaturais.
Ontem quando me sentei aqui para escrever estava inundada do cheiro do bolo de chocolate que no forno ia crescendo e perfumando a casa. Saíu o post que se leu...

Agora, na Comercial, disseram que não nos esquecessemos de que hoje é o Dia do Chocolate...olha, podia ter agendado o post e fazê-lo sair à meia-noite. Hum...e agora? Bem, vou à procura de uma bela imagem do doce mais apreciado do Mundo e vou fazer um texto informativo.

E pronto! Fica, aqui, à vossa disposição uma caixinha de bombons. Cada um tem direito a um. Passem pela cozinha e bebam também um bocadinho de chá! Dizem que a bebida quente a seguir a uma refeição calórica ajuda a dissolver as gorduras e a eliminá-las mais facilmente.

Bom Dia do Chocolate :)


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Odor e Sabor

Trouxe-a daqui

Fiz bolo de chocolate. Aquele que gostas de provar enquanto ainda o estou a bater. Saíu-me tão bem desta vez. Cresceu e está com um aspecto fofo e suculento. Se queres que te diga nem sei porque o fiz. Não é dia de festa e não me parece que vá ter visitas. Ultimamente não tem aparecido ninguém. Estava aborrecida e decidi refugiar-me no barulho da batedeira de bolos. Estava tão aborrecida que nem conseguia decidir qual o bolo a fazer. Sabia que me apetecia bater ovos, juntar-lhes açúcar e ficar a observar aquele creme esbranquiçado que se forma na batedeira, mas não conseguia decidir. Corri o meu livrinho preferido mais do que uma vez. Cheguei a fechá-lo e quase desistir da ideia de "baking".

Depois lembrei-me de ti. Apareceram-me os teus olhos reflectidos na minha memória. O teu cabelo despenteado, a tua maneira de andar, gingada, sensual, a forma de afastar o cabelo dos olhos, como um miúdo pequeno com a franja grande demais. O teu cheiro, misturado com o do chocolate, uma tentação de cheiros para o meu nariz, para o meu Eu. Quase real, quase ao pé de mim, na cozinha.

Sim, vou fazer o Bolo de Chocolate. Vou deixar que meta o dedo na massa, que rape a tigela e se lambuze todo. Vou abraçá-lo a seguir. Apertá-lo. Beijá-lo e saborear o paladar do chocolate que ficou na boca.

Sei que não vais voltar e que nem o cheiro do Bolo de Chocolate te trará de volta, mas sonhar é algo que faço bem e nos sonhos tu voltas sempre.

Ponho a mesa, a rigor, na cozinha. Para que possamos defrutar do cheiro maravilhoso, do quente do forno, da intimidade do espaço.

Na realidade, esta mesa é só para um. Para mim. Chá. Bolo de Chocolate. Maravilhoso odor espalhado pela casa. E eu, sentada a esta mesa, com a recordação de ti, a conversar sobre nós.

Ú L T I M A H O R A

Se este chegou e não nos vai abandonar até sábado, como dizem os Senhores que percebem de tempo, tenho que arregaçar as mangas e deitar mãos à limpeza do meu terraço. Varrer, limpar, montar a espreguiçadeira e aproveitar as próximas manhãs ... não, não vos estou a fazer inveja, é só um aviso que estou a fazer a mim mesma!!!

Paulo Kellerman # [1]

Girl Sleeping, 1935, Tamara de Lempicka (1898-1980)



"[...]Olho o teu rosto. E tento não pensar, não sentir, não desejar; apenas saciar-me de ti, amar-te através da contemplação; partilhar da tua beleza, da tua tranquilidade, da tua paz. Respiras devagarinho, não te moves; e o tempo passa por ti, esvai-se, indiferente aos ruídos, aos soluços do mundo. Estamos sós, juntos por um momento que não vai durar o suficiente. Procuro na tua face os pequenos segredos que descobri, um dia, noutra vida, que fui aprendendo a amar; e encontro-os, um a um, intactos: à minha espera.[...]", Paulo Kellerman, Gastar Palavras, Estórias, Morreste: e ainda não sabes, (interpretação do quadro acima reproduzido).

Já chegou! Fui buscá-lo agora a correr. São treze contos em sessenta e sete páginas. Coisa para se ler numa manhã/tarde de descanso. Se este Sol estiver por cá amanhã...

Sitemeter


Analiso os dados que esta ferramenta me disponibiliza e chego à conclusão de que ninguém vem aqui parar por acaso. Não encontro pesquisas estranhas no Google como acontece com outros bloggers. Vou a caminho da comemoração do 1º ano do Vekiki e descubro que tenho leitores de todos os sítios de Portugal, dois nos EUA, Inglaterra, Holanda, Alemanha e Brasil. Divirto-me com estas revelações acerca de quem me espreita. Ou lê. Ou admira. (Ou não gosta, mas vem só para poder dizer mal!). Vejo a minha página de comentários e sorrio quando constato que é raro o post que não tem pelo menos um comentário.

E penso que gostava de conhecer todos, um por um, os que contribuem para o aumento do meu número de visitantes!

Estado de Graça



Eis que o Sol voltou. Brilhante, sedoso, quente e reconfortante. Abro as janelas de par em par e deixo-o entrar. Invadir espaços e cantos. Móveis e recantos. Não quero saber se é tão forte que há-de comer a cor de tudo onde assenta os seus raios luminosos. Só me interessa saber que voltou e que tinha saudades minhas, tal como eu as tinha dele. Vou sair para a rua. Direita ao nosso ponto de encontro. Vê-lo brilhar por cima da água, vesti-la de luz e fazê-la sorrir. E eu vou sorrir também. E inspirar...e inspirar-me.

Paulo Kellerman

Deriva Editores

Descobri este livrinho, pequenino, apetitoso de aspecto e no que li rapidamente, na loja do Museu Colecção Berardo. Encomendei-o directamente à Editora e estou ansiosa por o ter comigo. Prometo que deixarei aqui umas linhas para vos abrir o apetite!

Enquanto espero, vou devorando O Jogo do Anjo...

Irmãos e Irmãs


É a minha série preferida. Já aqui o disse. As terças feiras páram enquanto me sento a "viver" a vida dos Walker. E enquanto os vejo, como Irmãos, como Mãe e Filhos, transporto algumas atitudes e estados para o lado de cá do écran. Porque é assim que quero ver os meus Filhos quando forem crescidos. Porque é aquela Mãe que quero ser quando eles forem crescidos, "galinha", a vê-los como se continuassem pequenos, mas a ser o ponto de encontro de todos, sempre. É esta relação que trabalho com os meus Filhos. Não a dependência, mas a certeza de um porto seguro onde têm sempre abrigo, haja sol ou tempestade.

...e adoro a relação Kevin-Scotty...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Trabalhos Manuais

Imagem criada pela C. e seus Colegas de Grupo em Área Projecto


Escrevo. Acaricio. Seguro. Cozinho. Engomo. Limpo. As minhas mãos são a ferramenta que me é indispensável, sem a qual a minha vida não existiria.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Confesso # [3]

...que não ando no meu melhor. A chuva e o tempo cinzento que este Inverno nos tem oferecido andam a dar-me conta da cabeça. As ideias que aparecem não são dignas dese nome. Da cabeça para o teclado não sai nada digno de grande menção. Olho-me no espelho e já me vejo da cor do tempo que faz lá fora - cinzenta. Por mais que me cubra de cores no vestuário e acessórios coloridos, a sensação de cinzento não me abandona. O cabelo não consegue passar do estado "encrespado", mesmo quando o seco com todo o amor e carinho e o escovo para que se alise. Como se isto não bastasse, só penso em comida...a toda a hora. Não como, mas penso em comer...Olho-me no espelho e não gosto do que vejo...hoje olhei para a balança e não gostei do que vi...prometi-me que não me posso deixar abalar pelo mau tempo. Vamos lá ver se consigo...não está nada fácil!

Interrogações em frente ao vidro


Eu e a minha Máquina, CCB, Museu Colecção Berardo

de Vieira da Silva a Torres Garcia

La Supplication, sem data, Vieira da Silva

Caminho a direito e vejo e apreendo o que me rodeia? Ou apenas me desloco, pé à frente, pé atrás, numa marcha regular e impensada? Sigo um caminho. Será o meu ou apenas o que me foi posto diante dos olhos? Poderei eu continuar este caminho ou terei que desviar a rota? Se me desviar, para onde irei? Serei suficientemente forte para o palmilhar? Verei eu o Mundo da melhor forma ao vê-lo assim? Como se estivesse pendurada pelos pés, vejo tudo mas de forma invertida. A realidade desfoca-se, esfuma-se, contorce-se. Suplicando que a veja, que a entenda, que a interprete e a viva. Por completo. Com pés na terra, cabeça erguida...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Eu e a minha Máquina, Fevereiro 2009, Museu Colecção Berardo
(Vieira da Silva, Les Anges emportent Kô et Kô, 1933)
De Vieira da Silva a Torres Garcia
Silencio palavras.
O rumor do que se disse não permanece.
O eco do pensamento não se propaga no espaço da intimidade.
À deriva, pairando, as palavras entrelaçam-se e formam correntes.
Que apertam, que aprisionam, que sufocam.
Pairando sobre cabeças cheias, de palavras vazias, de saber amar.

Sinais de outros tempos

Transformação

Redacção

Palavras manuscritas

Palavras dactilografadas

E o cheiro da tinta. E o barulho das teclas. E a tecla que prende, lá no papel. E o erro que se corrige andando para trás, utilizando a fita vermelha. E a campainha que toca quando se chega à margem direita. E o "crc" que ecoa quando empurramos o rolo de volta ao princípio. E os dedos que encaixam nas teclas redondas.

a escrita

que flui

que enche folhas que saem directo do rolo

Lembranças...

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