Aguarela de João Catarino
Apago as luzes dentro de casa. Tenho luz no terraço. A Lua está cheia e pelos vidros sem cortinas entra a luz lunar no seu esplendor. Há silêncio. Há a respiração do sono profundo. Ainda não me chegou o meu. Deslizo para a leitura. O livro espera-me sentado no cadeirão. Acho que também ele está adormecido, talvez cansado dum dia inteiro de bulício e zum zum dentro de casa. Não sei se quando o acordar estará na disposição de ser folheado, lido, sublinhado. Sinto-me um intruso. Hesito em tocar-lhe. Mas a calma com que está abandonado no cadeirão, a forma como se deixa ali estar, deitado, quase parece chamar por mim. Não resisto. Sento-me a seu lado. Devagar porque sei que as molas do cadeirão vão chiar....passo a mão pela lombada, devagar. Sussuro "boa noite" e lentamente pego nele. Um nome na primeira página, uma data. Avanço para a página onde deixei o marcador na última leitura. Estico as pernas e respiro. Respiração de sono. Sono ausente. Dedico-me às letras. O meu maior caso de Amor.
5 comentários:
E que amor lindo esse! Fiel, companheiro, nunca nos deixa ficar mal, umas vezes mais intenso outras nem tanto, mas está sempre lá.
Se tudo fosse tão certo...
Se tivesse sido a Vekiki a guardar aquela minha redacção de infância, ainda hoje a personagem principal - o livro - estaria inteiro...
Beijinhos : )
E que lindas palavras, as tuas!
É um caso de amor também para mim.
Beijos.
Livros! Eternos companheiros em noites longas. Envergonho-me de ter empacado no Jardim Encantado que terei que começar outra vez.
É que quando os pensamentos voam, vemos... mas não lemos.
beijos do lado de cá
:)
Enviar um comentário