Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Caso de Amor



Aguarela de João Catarino

Apago as luzes dentro de casa. Tenho luz no terraço. A Lua está cheia e pelos vidros sem cortinas entra a luz lunar no seu esplendor. Há silêncio. Há a respiração do sono profundo. Ainda não me chegou o meu. Deslizo para a leitura. O livro espera-me sentado no cadeirão. Acho que também ele está adormecido, talvez cansado dum dia inteiro de bulício e zum zum dentro de casa. Não sei se quando o acordar estará na disposição de ser folheado, lido, sublinhado. Sinto-me um intruso. Hesito em tocar-lhe. Mas a calma com que está abandonado no cadeirão, a forma como se deixa ali estar, deitado, quase parece chamar por mim. Não resisto. Sento-me a seu lado. Devagar porque sei que as molas do cadeirão vão chiar....passo a mão pela lombada, devagar. Sussuro "boa noite" e lentamente pego nele. Um nome na primeira página, uma data. Avanço para a página onde deixei o marcador na última leitura. Estico as pernas e respiro. Respiração de sono. Sono ausente. Dedico-me às letras. O meu maior caso de Amor.

5 comentários:

Brunorix disse...

E que amor lindo esse! Fiel, companheiro, nunca nos deixa ficar mal, umas vezes mais intenso outras nem tanto, mas está sempre lá.

Se tudo fosse tão certo...

Si disse...

Se tivesse sido a Vekiki a guardar aquela minha redacção de infância, ainda hoje a personagem principal - o livro - estaria inteiro...

Beijinhos : )

Filoxera disse...

E que lindas palavras, as tuas!
É um caso de amor também para mim.
Beijos.

Pitanga Doce disse...

Livros! Eternos companheiros em noites longas. Envergonho-me de ter empacado no Jardim Encantado que terei que começar outra vez.
É que quando os pensamentos voam, vemos... mas não lemos.

beijos do lado de cá

Kat disse...

:)

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