Grafia

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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Eterna Questão, Eterno Dilema

Daqui

A Humanidade evoluíu.
Os homens, descontentes com a ineficácia da sua humanidade, estudaram. Investigaram. Testaram. Inventaram.
Os homens conseguiram encontrar forma de evitar doenças, de prolongar a resistência humana, de prolongar a vida.
A Humanidade vive mais. Durante mais tempo. Com mais resistência ao meio ambiente, aos bichinhos pequeninos que por aí pululam e se instalam e nos põem doentes.
Os homens ficaram contentes. Grande avanço no combate às doenças. Melhor alimentação, melhores condições de trabalho.
A Humanidade vê-se rodeada de máquinas. Que lhe facilitam o trabalho. Nas fábricas. Nos campos. Nos escritórios. Nas cozinhas. Nos lares.
Os homens sorriem. Os seus cérebros, trabalhadores incansáveis, sentem-se felizes por serem capazes de simplificar tarefas que tradicionalmente eram duras, exaustivas, perigosas, rotineiras.
A Humanidade dispersa os interesses. Os auxiliares mecanizados permitem que os cérebros se ocupem com mais, com outras tarefas.
Os homens veêm-se rodeados de compromissos, de marcações, de dispositivos que os relembram disto ou daquilo, de entrepostos virtuais que necessitam a sua atenção. os homens desesperam.
O tempo, o tempo, a corrida contra o tempo.
A Humanidade começa a olhar para trás. A sentir as saudades do tempo em que o tempo sobrava. Agarra-se às recordações e relembra-as, cultiva-as. Surgem os gostos retro, os objectos retro, a roupa retro.
Os homens, rodeados de máquinas que fazem tudo rapidamente, que resolvem questões aborrecidas num simples carregar de botão, estão desesperados pela simplicidade dos dias em que as tarefas eram complicadas.
A Humanidade questiona o seu cérebro produtivo.
Os homens pedem mais tempo para ter tempo.

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