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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Gulodice...
Partilha
É tarde. Devia ir-me embora mas não tenho coragem. Quando consigo ter-te assim, só para mim, balanço entre o que devo e o que quero fazer. É tão raro dares-te assim. Sem teres medo do que eu possa pensar sentir. Sem teres medo do que se possa passar no teu coração a quem tu insistes em não dar ouvidos. Já não estremeço quando estou perto de ti. Já não me falta o ar quando penso em ti ou te vejo aproximar. Não. Essa fase já passou. Agora é apenas o contentamento. O prazer que me dá estar perto de ti. E aqui está-se tão bem. Sentes o calor que a lareira está a fazer só para nós? A lenha estala à medida das pausas que fazemos na nossa conversa sussurrada. Pressente-nos e por isso aquece-nos. Sabe que nos enroscamos, que nos encolhemos debaixo das mantas coloridas, apenas mãos de fora para segurar as canecas do chá e o livro que partilhamos. É tarde. Diz-me qualquer coisa que me faça ficar um pouco mais. Uma qualquer banalidade que te passe pela cabeça. Podes até dizer-me que tens medo. Que não te deixe só. Por dentro irei rir-me de tal desculpa. Por dentro baterei palmas de contentamento. Fechas os olhos. O cansaço começa a vencer-te. Gosto de te ver assim. Em paz. Gosto de imaginar que quando fechas os olhos, à noite, sonhas comigo de vez em quando. É uma forma de me manter por perto quando o tempo nos afasta. Há quanto tempo? A invasão do espaço e do tempo não te agradam. O teu espaço, o teu silêncio, o teu tempo são preciosos. Sei-o agora. Custosamente compreendo-o. Respiras fundo. Adormeceste. Olho-te só mais uma vez. Fecho o livro, marcador na página. Aconchego-te a manta. Azul. Certifico-me que a lareira está esperta para te aquecer toda a noite, sem perigo. Não te toco. Um bilhete em cima do livro lembrar-te-à, amanhã, de que esta noite aconteceu.
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Um fim, um princípio
[Lembro-me quando nos preparavamos para receber 2000. O stress dos sistemas informáticos. O que iria acontecer? Foi nessa passagem de ano que recebi autorização para sair da empresa onde trabalhava, para rescindir o contrato que a ela me ligava há já onze anos. É desde essa passagem de ano que estou a tempo inteiro nesta minha profissão de Mãe.]
Não consigo lembrar-me precisamente de cada dia deste ano que agora termina. Tenho a certeza de que foi um ano muito rápido.
Foi um ano que me marcou por um acontecimento muito triste, mas também foi um ano em que amizades se reforçaram e novas amizades se fizeram. Foi o ano em que me lancei internet fora e fui deixando que o meu Eu passeasse por aí de mão em mão.
2009. Quase a nascer.
Que quero eu deste novo ano? Tão pouco. Não tenho grandes ambições nem grandes sonhos. Quero que os meus Filhos vivam, dia-a-dia, felizes. Quero que todos tenhamos saúde, emprego e paz. Quero conseguir continuar a dirigir esta "empresa", com amor e pulso forte. Quero conseguir criar o meu tempo, para ler, para escrever, para fotografar, para estar com pessoas de quem gosto, para parar por mim. Quero...
Reveillon, os preparativos (I)
Reveillon, os preparativos
Sim, já sei.
Somos mesmo
F a n t á s t i c a s ! ! ! !
Intimidades
Quando me sento e escrevo, as palavras que saem são as que bailam dentro da minha cabeça, dentro do meu coração. Sim, sou feita de muitos afectos. Isso sai-me naturalmente quando escrevo. Não o faço pensadamente. Faço-o porque o sinto e não me sinto mal com esta forma de estar na escrita. O que escrevo não tem que ser necessariamente o que comigo se passa. Pode haver uma outra dentro de mim que sente para que seja escrito. Isso agrada-me. Agrada-me escrever uma escrita de intimidade, de pensamentos, de segredos. Agrada-me o sussurro. A proximidade. O afecto que existe no que é íntimo.
Mas também me agrada saber o que pensa quem lê, quem me lê.
Escrevo porque gosto, porque me dá prazer, porque gosto de palavras, mas também porque gosto de comunicar. Sou um ser social, comunicador e comunicante. Gosto de saber que sou lida e gosto de saber como sou lida.
Com prazer? Com vontade? Com admiração? Com tédio?
Sim, vou continuar. A expor a minha intimidade, a minha ou a da outra que solta os sentimentos feitos palavras, as palavras escritas.
Home Cinema
Passo a explicar. Desde que as aulas acabaram o ritmo abrandou cá em casa. Não ando a correr dum lado para o outro, não ando a olhar para o relógio de cinco em cinco minutos, não ando a stressar com horas de entrar, de sair, de banhos, TPCs, jantar e cama. Esta calma instalada tem dado espaço a serões familiares (com os "crescidos") bestiais! Temos "comido" filmes acompanhados de canecas de chá que nos fazem esquecer a hora regulamentar de ir para a cama.
Já vimos o Mamma Mia, Mulheres Perfeitas, A Rainha e O Lado Selvagem.
Este último impressionou-me. Comecei por pensar que gostava de ter aquela coragem. Abandonar tudo e todos e partir. Sem nada para além do que é realmente essencial. Quase achei que havia felicidade, de vez em quando, naquela vida. Mas a solidão foi forte demais. Se ao princípio havia uma comunhão com a natureza, essa comunhão foi-se perdendo. A angústia da fome, do isolamento, da doença, impressionou-me muito. Se tivesse sobrevivido à experiência, Christopher McCandless teria agora 40 anos!
"A felicidade só é real quando partilhada"
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Dardos para Receber e Oferecer
Tenho "conhecido" muitas pessoas. Já conheci alguns (poucos) bloggers pessoalmente, tenho vontade de conhecer outros.
Tenho-me dado a conhecer a muitas pessoas. Tenho tido um excelente feed back. Para mim não é importante o número de comentários. É importante saber que há muitos/as que aqui vêm diariamente e que gostam de ler, mesmo sem terem "jeito" para comentar.
Uma das pessoas que conheci neste bairro, foi a Si. Não chegou aqui há muito tempo, mas impôs-se nos meus links pelo que escreve e como escreve.
Foi ela que me deixou este prémio! Desde já, agradeço-o do fundo do coração e deixo aqui as regras que vêm com ele:
“Com o Prémio Dardos se reconhecem os valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.”
Regras:
1) Exibir a imagem do selo;
2) Linkar o blog pelo qual se recebeu a indicação;
3) Escolher 15 outros blogs a quem entregar o Prémio Dardos.
Ao contrário da Si, acho que a parte de atribuição do Prémio é a mais difícil. São muitos os que leio por hábito e por puro prazer, deleite mesmo. Assim, deixo aqui 15 links pensando em tantos mais...
Dias Úteis/ Laurinda Alves / Bilhete de Ida / O Blog da Turma do MM3 / Coolinária / Blog dos Cinco / Escrito a Quente / Dias de uma Princesa / O Amor é um lugar Estranho / O Blog que era para não ter nome mas teve que ter / Jurista Narcoleptico / Admirável Demência / Saltos Altos Vermelhos / Anjo Demónio / A minha Vida dava um Filme.
Uf...já acabei de vos linkar!
Deu uma trabalheira!!!
Levem lá os vossos Dardos e acertem noutros bloggers!!!
domingo, 28 de dezembro de 2008
sábado, 27 de dezembro de 2008
Palavras do Nosso Natal
O nosso Natal distribui-se sempre por duas casas. Duas Famílias. De características muito diferentes, de número de pessoas muito diferente. Dum lado 20 e muitos, doutro lado 14. Dum lado sobrinhos já crescidos, já com companheiros/as. Doutro lado sobrinhos pequenos e bébés. Dum lado a alegria que explode em barulho, confusão, risos e palhaçadas. Doutro lado a alegria que se reveste de calma, conversa, confidências e prazer em estarmos juntos.
O nosso Natal já perdeu alguns elementos. Tanto de um lado como de outro, já nos faltam alguns nomes na mesa e todos nos fazem falta. Uns partiram porque a idade os levou, outros partiram porque a doença lhes traíu o resto das vidas.
Dum lado e doutro do nosso Natal, quando estou à mesa, não consigo abstrair-me. Observo cada um de nós. Observo em cada um o tempo que passa, as mudanças que traz e as lembranças que deixa para trás. Relembro a voz, o sorriso e a presença dos que já não estão. Anseio porque demore muito até que outros me façam falta à mesa de Natal. Porque todos me pertencem e fazem falta.
As Palavras do nosso Natal são íntimas, sussurradas, doces e especiais.
Imagens do nosso Natal
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Hum...That's me ;-)!!!
Your Sensuality Score is: 80% |
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Fé (I)
Todos comparecemos à chamada, independentemente da nossa Fé, do nosso Credo, da nossa capacidade de acreditar.
Para mim é sempre comovente. Ver e sentir. Pertencer.
A oração fica aqui, para recordar, para mostrar que a Fé tem lugar para todos.
"Oração de consagração do ATL da Galiza, Casa Grande e Escolinha de Rugby a Nossa Senhora
Fé
Ilustração vinda daqui
Véspera de Natal
Chegou!
Lembro-me. Quando eu e os meus Irmãos eramos pequenos, a Véspera de Natal era um dia de loucura. Os nossos Pais atarefados em casa com os preparativos para a Noite, a nossa Avó materna atarefada em casa dela com os doces, a telefonar a pedir que um de nós lá fosse ajudar (vivíamos à distância de uma rua!!!), e nós completamente excitados a contar quantas horas faltavam para a meia noite.
Agora chegou a nossa vez de preparar a Noite. Chegou a nossa vez de parar todos os relógios da casa para não ter que ouvir a contagem descendente durante todo o dia.
Hoje é o dia dos últimos preparativos. De nos alindarmos para estarmos "no ponto" nesta noite de Família, Tradição e Magia. De separarmos os presentes por Famílias para ser mais fácil a distribuição pelos sapatinhos/sapatões quando a meia-noite soar. De confirmar se todos os presentes têm identificação e cartão.
Hoje é o Dia da Noite mais desejada.
Feliz Natal!!!
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Hum...I'm a Lady!!!
You Are 72% Lady |
Overall, you are a refined lady with excellent manners. But you also know when to relax and not get too serious about etiquette |
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
A minha Cor
Na véspera de Natal ficamos assim:
É nossa tradição. Jantamos tarde e vamos ficando à mesa. Cavaqueiras e parvoeiras. De um lado para outro de uma mesa onde nos juntamos 20. Já não temos muitas crianças pequenas (agora só são três os que ainda "acreditam" no Santa) e por isso a cavaqueira estende-se enquanto o tempo vai passando sem darmos por ele. Quando alguém nos obriga a sair do dolce far niente do prazer da mesa, todos temos que tirar um dos sapatos/ténis/botas. Juntam-se os sapatinhos em grupos de famílias e começa a loucura da distribuição dos embrulhos.
Eu e a minha máquina a fotografar o nosso cantinho de presentes, Natal 2007
Claro que este processo é sempre demorado e divertido! As Crianças fechadas noutro quarto, os adultos na risota.
Está quase a chegar a Noite. Mágica. Divertida. Familiar.
Natalices desta Família
Out of Service
Pairando
Calma.
domingo, 21 de dezembro de 2008
21 de Dezembro, 12:04
Recordações de Natal
Já não me consigo lembrar em que data é que este LP apareceu lá em casa...lembro-me que era obrigatória a sua presença no velhinho gira-discos de casa dos meus Pais quando o Natal se aproximava.
O Lenhador, os Amigos, os Pais, o Pasteleiro eram (e são) as minhas preferidas. Continuo a saber de cor as letras e as músicas e a cantá-las.
Hoje encontrei esta recordação no blog da Princesa e decidi que iria postá-la no Vekiki, porque os Operários são uma das melhores recordações natalícias da minha infância!
sábado, 20 de dezembro de 2008
As coisas simples são as melhores :-)
Ontem, ao final do dia, recebemos este presente de Natal!
Adorei. Nunca tinha recebido um presente via estafeta, com cartão e tudo. Adorei mesmo!
Família Branco, obrigada!!!!
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Férias de Natal
Do you Know it´s Christmas time?
Sim, eu sei que o nome da canção é Do they Know...mas apeteceu-me perguntar-vos, a cada um de vocês, se sabem e sentem o espírito de Natal.
Eu gosto imenso desta música (Eu adoro música de Natal e coros) e hoje apeteceu-me postá-la aqui para vocês todos cantarem em coro comigo. Hoje estou imbuída do espírito do canto!!!
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Conversa na Solidão
Apareces para tomar um chá? Tenho saudades de o beber contigo. Tu sabes, sou muito dado a saudades, incorrigível no que toca aos sentimentos, às pessoas, às coisas de que gosto. Tenho bebido chá, mas sozinho. Sempre sozinho. Faço tudo como se estivesse à espera de alguém. Ponho a mesa com o requinte que me conheces. O bule é sempre o que me deste. Trouxeste-o da Índia, acho eu. Já não me lembro bem. A solidão tem destas coisas. Começamos a trocar as memórias, a misturá-las com as que inventamos. As que não são memórias, são simples ideias que nos atravessam o cérebro e que logo armazenamos para que não nos escapem, para que nos façam pensar que vivemos mais do que a realidade. A mesa é a de braseira. Nesta altura do ano não prescindo de sentir aquele quentinho. Sento-me ali durante horas. Os meus livros, os meus jornais, os meus cadernos. Cada vez mais vazios. Cada vez mais cadernos. Não percebo porque insisto em comprá-los. É uma espécie de pulsão. Vejo-os e tenho que os ter. Depois quando os vejo aqui acumulados...está tanto frio...sabes que a solidão mata? Invento estes chás, para inventar que vou ter companhia. O que é que andas a fazer? Porque é que não apareces para tomar chá comigo? Cansaste-te não foi? Tens razão. Que interesse poderei eu ter para ti? Tu, com a tua vida agitada, os teus amigos, os teus jantares, o teu trabalho absorvente e de responsabilidade. Eu, aqui, na minha varanda, na minha mesa, com os meus livros, os meus jornais e os meus cadernos, cada vez mais cadernos. Olho através dos vidros e vejo o tempo passar. Lento mas rápido. Como se fosse possível tal contradição. Como se o tempo pudesse ver-me e também ele fugir de mim. Acreditas que há pessoas que têm este condão de se sentir sempre sós, de não conseguirem manter-se acompanhadas? Pudesse eu mudar o rumo da vida e seria igual a ti. Não me deixaria prender por ninguém. Seria livre. Tomaria a rédea da minha vida e seria o único a ditar as regras do meu jogo. Não, não seria capaz...vês? Lá estou eu a inventar. Daqui a bocado já não sei se vivi mesmo este momento...sabes que a solidão mata? Aos poucos, por dentro, vai roendo tudo e deixando o vazio.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Folhas que li...
III. Regresso ao Passado
Já de posse do meu envelope com o desafio, tenho andado a viajar na minha memória e na dos livros que ela recorda (tenho que confessar que não tenho grandes memórias de infância...).
Na Escola Primária a minha Professora, a D. Maria Rosa, oferecia-nos uns pequenos livrinhos de histórias de cada vez que não havia erros nos ditados. Não me consigo lembrar do nome dessa colecção, mas sei que tive bastantes, porque erros de ortografia nunca fizeram o meu género!
IV. O Passado com imagens
Em casa dos meus Pais os livros foram sempre uma companhia. Não havia escondidos nem proibidos. Havia livros em muitos sítios, disponíveis, elegíveis e legíveis.Na infância fizeram-me companhia, estes:
e ainda um "Os Mais Belos Contos de Fadas", antologia de 825 páginas editada em 1970 pelas Selecções do Reader's Digest, que eu li e reli durante muitos anos;
e também, já mais crescidinha,(a partir dos 10), estes:
Herança do meu Avô. São três volumes divertidíssimos que contam as aventuras e desventuras de um Padre italiano cujo melhor amigo é um Comunista. Li estes livros muitas vezes (havia uma série, a preto e branco na televisão)!!!
Tintim e Astérix, leituras à hora do pequeno-almoço, sentada num banco de cozinha;
na adolescência vieram estes:
A Cidade e as Serras, A Relíquia, O Crime do Padre Amaro, Mistério da Estrada de Sintra e os Maias
Gabriela Cravo e Canela e Tieta do Agreste
A Casa dos Corações Perdidos e mais alguns deste autor que a minha Mãe comprava no Círculo de Leitores e que eu adorava.
Há muitos mais livros que fazem parte das minhas memórias de leitora em crescimento, mas este post já vai longo e o meu blogger está cansado de tanto carregar imagens!
Queridos vizinhos, sintam-se desafiados, vasculhem as vossas memórias, abram as arcas antigas e postem aqui o que leram!