Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Memórias # Ao Sol

Memória 1. - Lembro-me como se fosse hoje. Não do nascimento da Comercial, mas do aparecimento da Comercial em casa dos meus Pais. O posto de rádio oficial era, e continua a ser, a Antena 1. Foi o rádio do quarto da minha irmã, mais nova do que eu três anos, que começou a tocar Comercial. Eu, (na altura um bocadinho "careta"), considerava que a Comercial era uma rádio onde só passava "barulho"... Faz hoje 30 anos que nasceu esta rádio. Lembro-me da Febre de Sábado de Manhã, do Pão com Manteiga, da primeira vez que ouvi o Chico Fininho. Fui crescendo e a Comercial passou a ser a minha rádio. Pedro Ribeiro, Nuno Markl, José Carlos Malato, são nomes que conheci nesta rádio e que fazendo parte do meu imaginário, continuam a fazer parte do meu dia-a-dia. Hoje, a Comercial faz 30 anos e, a partir daqui, quero enviar um grande abraço de Parabéns a todos os que por lá passaram e passam.


Memória 2. - A FIC, Feira Internacional de Carcavelos. A Catarina planeou que hoje iríamos até lá de manhã bem cedo. À procura de um bikini para mandar para a Carolina que está longe, nos EUA. Soube-me mesmo bem. Apesar de não ter "feirado" porque os dias são mesmo de crise, este Sol maravilhoso, o nosso passeio trouxe-me à memória os dias de férias da Páscoa quando eu e os meus Irmãos e Amigos/as eramos estudantes. Deixávamos Lisboa para trás e mudavamo-nos para aqui. Durante o tempo que duravam as férias estavamos por nossa conta. Praia, muita praia. E a Feira de Carcavelos onde se compravam as T-Shirts e Sweat Shirts mais giras e mais baratas, ainda nas ruas de Carcavelos. Quando as compras terminavam era obrigatório ir até à Pastelaria S. Jorge comer uma bela bola de berlim, com creme ou sem, ao gosto do freguês. Hoje não houve doçaria porque o tempo passou rápido e as aulas esperavam-na no Liceu, mas valeu a pena!


Há Memórias que merecem ser revisitadas. Estas são duas delas!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Pensamento Estúpido # 8








Imagem daqui




Há mentes desequilibradas.
Há mentes que se esforçam uma vida inteira por manter o equilíbrio.

Pensamento Estúpido # 7

Imagem gentilmente cedida pela Net
Alguém quer ter a bondade de me explicar porque é que o relógio do meu blogue marca uma hora a mais do que o relógio do meu computador? Será que a hora dos blogues/blogers já mudou e eu não sei de nada?

Os Cinco Sentidos em Debate

Imagem gentilmente cedida pela Net

Já não me lembro muito bem qual dos Quatro lançou o tema, à mesa, à hora de jantar.

" - Mãe, se tivesses de abdicar de um dos cinco sentidos, qual seria o que escolherias?"

Eu, no meu melhor estilo, repentista:

"- O olfacto!"

Os dados estavam lançados. A troca de ideias começou. Como sempre, acabo por pensar que os meus Filhos são melhores do que eu na capacidade de reflexão. Rapidamente surgem as questões ligadas aos cheiros que não se querem esquecer, aos paladares que ficarão alterados ou nulos.

"- Mãe, tu já comes pouco. Se não tivesses olfacto, e paladar, não comerias nada! Ias morrer!", dizia a Catarina

Naquela nossa "terapia" familiar acerca de sentidos que se perderiam, concluímos que poderíamos abdicar da audição, apesar de ficarmos privados do som do mundo, da música, da comunicação oral. Isto porque a ciência e a tecnologia já têm soluções avançadas para auxiliar os deficientes auditivos, porque a linguagem gestual já não é um bicho de sete cabeças que só alguns conseguem decifrar (eu teria que me esforçar, porque com a minha dislexia de movimentos, iria muitas vezes dizer coisas disparatadas...como já digo sem dislexia da fala ...).

Lanço-vos o desafio! Qual seria o sentido de que abdicariam se tivessem de o fazer? E porquê esse?

GangoDependente

Jeans Virtuais



Sou viciada em calças de ganga. Quando trabalhava não as podia usar durante a semana. Era impensável, no meu local de trabalho, aparecer de jeans por mais "bem" que fossem os acessórios que as acompanhassem.

Depois, fiquei em casa. Aos poucos fui substituindo saias, mini-saias (à excepção das de Verão que continuo a usar), blasers e camisas por calças de ganga, t-shirts, pullovers de decote em bico e blusões que partilho com a Catarina.

Em Dezembro comprei umas calças de ganga de pernas justas. Giras, tão giras que desde que as comprei quase nem têm tempo para descansar! O calceiro chama por elas, mas elas não conseguem desenvencilhar-se de mim ... e eu, que não sou possessiva com as minhas coisas, não consigo largá-las, deixá-las ir um bocadinho fazer companhia às outras que por lá estão penduradas, a meio, de cabeça (que é como quem diz, de cós) para baixo.

Já começo a estar irritada comigo mesma ... prometo que hoje vou ser liberal e deixá-las ir. Afinal, tenho que conseguir fazer a minha própria GangoDesintoxicação!

Memórias, de Cheiros

Eu e a minha Máquina,
Algarve, Agosto 2007

Há dias conversávamos, à mesa, ao jantar, sobre qual o sentido que dispensaríamos se o tivéssemos que fazer. Rapidamente, imaginando-nos sem um dos cinco sentidos, concluímos que a vida seria completamente diferente e que não é por mero acaso que todos eles existem e coabitam em nós.

Impensadamente afirmei que poderia ficar sem olfacto...

Dizem, cientistas, que as memórias olfactivas são as que mais perduram na memória humana e as que mais sensações nos transmitem.

Quando me detive a pensar sobre o que afirmara...como poderia viver sem a memória de tantos cheiros que me povoam?

A casa da minha Avó Materna surge-me na memória olfactiva pelo rasto do cheiro do azevinho que enchia jarras ao longo do corredor e das salas, do cheiro dos fritos na cozinha espaçosa, do cheiro da fruta vinda da "terra" no Verão e espalhada nos balcões de mármore, do cheiro do papel de jornal que eu lia com o meu avô no chão.

A casa de Ferreira do Zêzere é lembrada pelo cheiro próprio do frio, da humidade, de uma casa fechada onde chegávamos à sexta-feira à noite para mergulhar em lençóis que pareciam molhados de tão frios que estavam, debaixo de pesados cobertores de "papa".

Assim que o Sol se começa a mostrar constante nos dias que crescem, ao meu nariz chega o perfume da vegetação selvagem que inunda o ar do caminho que percorremos para alcançar o nosso areal algarvio. É um cheiro que não encontro em mais lado nenhum...ou talvez a minha memória, o meu subconsciente só o consiga identificar ali, naquele preciso local.

E o cheiro mais forte, mais intensamente relembrado - o cheiro de cada um dos meus filhos quando bébés. É um cheiro que frequentemente recordo, com saudade, pelo tempo que passou tão depressa e que não consegui aproveitar tão bem quanto o devia ter feiro. É um cheiro que me traz uma recordação tão aconchegante...

Não, sem cheiro não poderia viver!

terça-feira, 10 de março de 2009

Livros, Capas e Filmes



Há homens e mulheres que escrevem. Sentem essa necessidade de criar, de dar a conhecer ao Mundo o que as suas cabeças não conseguem conter, armazenar, para sempre. Nascem livros, lidos por editores, publicados, incluídos em colecções ou apenas em secções. Nascem capas.

Há filmes que nascem em palavras escritas, em frases, em páginas. Alguém que pega neles, porque gosta de ler e ama livros, e decide que seria bom dar-lhes vida a três dimensões, aquela que todos podemos ver e sentir, pensar real, levar a quem não lê, as imagens maravilhosas de quem leu. Nascem thraillers e nascem cartazes.

Há quem decida que vender mais será possível se as capas originais derem lugar a capas com imagens retiradas do grande écran. Os livros perdem um pouco da sua identidade, acabam por ser meros veículos de propaganda dos filmes. Numa sociedade altamente consumidora de imagens e muito pouca consumidora de letras, esta será uma boa estratégia para captar a atenção dos consumidores e levá-los a comprar, mas o livro vale por si e não pelo que dele é feito para cinema!

...eu prefiro, sempre que me é possível, comprar as edições
com as capas originais.

Enquanto a inspiração não vem...

Porque os U2 não páram! Acabaram de editar um novo album, têm material para muitos mais e vão voltar a Portugal! Como se tudo isto não bastasse, são Pais de Famílias Numerosas - cinco, quatro, três (e zero filhos)!

Que música dos U2 vos define?

segunda-feira, 9 de março de 2009

Repensar...

Repensada daqui


caminhos, atitude e desejos
a importância que dou a cada minuto de cada dia
o valor de pequenos gestos que quase deixo passar
os momentos que quero guardar
a Vida
e a sua finitude
e a sua celeridade
e a sua importância


Medidas de Dor

Desenhada por estas mãos

Foi ontem a missa de sétimo dia do Filipe. Na Igreja de Stº António, no Estoril. Familiares e muitos Amigos juntaram-se para rezar ou apenas para meditar em silêncio e na fé. Estive lá. A minha falta de fé não me impede de frequentar a Igreja sempre que os Amigos, de fé, me convidam e a Igreja de Stº António é um espaço de fé onde me sinto bem.

A dor dos que lá se juntaram para relembrar o Filipe está presente. Nos olhos vermelhos, nos abraços apertados e comovidos, nas palavras que não se dizem porque não há palavras para dizer.

No final da homília, que foi dita por um sacerdote espanhol, o que dificultou um pouco a compreensão, o Padre António veio falar aos seus paroquianos. Falou sobre dor, sobre partida, sobre o seu coração desassossegado numa hora difícil, pediu compreensão, apoio, ombros amigos. Um dos padres da paróquia decidiu mudar o rumo da sua vida. Constituir Família...

Será este, um motivo de dor tão profunda? Que dor é esta? A par com a dor de uma Família, crente, que perde um dos seus elementos? Constituir Família não é um dos princípios da vida cristã?

Há mistérios, da Fé, que não consigo compreender...

domingo, 8 de março de 2009

Mulher da Internacional Dia


Mãos vindas daqui

Escrevo sem ter lido nada do que hoje se escreveu sobre o Dia.

Escrevo sobre um dia que amanhece igual a tantos outros que amanhecem depois de noites escuras e silenciosas.

Escrevo sobre um dia que é suposto ser meu. Meu e de todas as outras pessoas que nasceram sob o signo F, de feminino. Escrevo sobre um dia em que recebi uma mensagem a lembrar este dia especial. Escrevo sobre um dia em que não houve qualquer menção especial dos que me rodeiam. Pergunto-me se esperaria algo diferente e concluo que não. Qual o sentido de se comemorar ou dar importância a um dia quando no dia a dia não se consegue valorizar?

Cresci numa época em que a Mulher dava os primeiros passos na conquista de muitos direitos e liberdades nunca antes conhecidos no nosso país. Sei perfeitamente dar o valor ao pós, porque tenho a noção clara do que era o antes. Infelizmente, olho em redor e concluo que pouco foi o que mudou, apesar de direitos e liberdades adquiridos terem feito mudar, aparentemente, muito a vida das mulheres. As mulheres adquiriram o direito à independência económica, mas, se constituirem família, são poucas as que não têm a seu cargo a gestão/manutenção da casa, a orientação e responsabilidade directa dos Filhos. [Raros são os casos em que o homem assume as tarefas domésticas e a responsabilidade dos filhos, porque, hipoteticamente, a profissão masculina é sempre de maior responsabilidade do que a feminina, mesmo que na verdade não seja isso que aconteça.] No caso das mulheres que "têm a sorte" de poder abandonar uma vida profissional para se dedicarem à vida Familiar, qual o preço desta opção? Alto demais para a pessoa mulher - reconhecimento social quase nulo, dependência total do "chefe" da família para tudo.

A mentalidade de superioridade masculina prevalece, encapotada. A superioridade da responsabilidade financeira da Família acaba por ser motivo para justificar situações e atitudes que não deveriam ser justificáveis, porque quem não suporta financeiramente a Família, suporta-a com o seu trabalho diário, duro, fisica e psicologicamente. Infelizmente, há muito ainda por mudar na mentalidade individual e social do nosso país e do mundo.

E os dias vão amanhecendo. Iguais. Depois de noites escuras e silenciosas.

sábado, 7 de março de 2009

Eu e a minha Máquina,Ocean Spirit 2007

Registo o teu sorriso

à beira-água

Matando no meu corpo

a sede da viagem

Só de Amor, Maria Teresa Horta, Colecção Prosa e Poesia, Visão

Estrela

Mergulho. Saio da claridade do Sol. Afundo-me na profundidade de azul. Quero ir até ao fundo. O Mar é o meu infinito. O meu sobrenatural. O meu retemperador de forças e energia. Busco-a. Preciso de a encontrar, se saber que existe Uma, A minha. A Estrela. Que não posso ir ao Céu buscar.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Sonho, de Menina

Menina que veio daqui


Deixa-me. Quero ser menina outra vez.
Vestir vestidos e saiotes. Usar laços na cabeça e cabelos compridos aos canudos. Fingir que sou uma princesa e viver num castelo. Grande. Com enormes corredores de pedra onde os passos ecoam e me assustam. Onde existem cozinhas fabulosas. Com tachos, panelas e formas de cobre que são areadas todos os dias e onde o Sol, quando bate, faz colorir todas as paredes de tons vermelhos e dourados. No ar há cheiros deliciosos que se cruzam, que fazem a minha imaginação voar, tentando adivinhar o que vai aparecer na mesa à hora das refeições.

Deixa-me. A seguir vou ser uma fada. Vou ter uma varinha mágica e aparecer de repente sempre que a menina princesa que sou, precise de ajuda. Com a minha varinha que tem uma estrela brilhante na ponta posso mudar a cor das roupas e dos sapatos. Posso arrumar todo o quarto no tempo que dura dizer a palavra "arrumar". A menina princesa terá os seus brinquedos animados com a vida da minha magia e eles não se limitarão a ser brincados. Serão brinquedos com vontade, sempre com vontade de lhe fazer companhia.

Deixa-me.
Vou vestir o meu vestido de bordado inglês branco, pôr uma fita de veludo azul escuro no chapéu de palha e sentar-me no jardim. Levo comigo as folhas brancas e os lápis de côr. Sentada na cadeira de ferro que combina com a mesa, vou desenhar todas as flores que me rodeiam e os passarinhos e borboletas que sobre elas pousam. Quando estou sentada a desenhar sinto-me especial. Gosto de ver nascer no papel as formas que existem a sério. É como transformar o mundo real num faz de conta.

Deixa-me.
A menina princesa está a desenhar e eu tenho que estar atenta. A minha varinha mágica conduz-lhe os lápis coloridos que segura nas mãos. Fica tão contente quando as folhas deixam de ser brancas e se enchem de côr! E à noite? Quando as flores e os passarinhos desenhados se enchem de vida e perfumam e esvoaçam pelo quarto? Ela ri às gargalhadas e eu pisco-lhe o olho no mundo mágico que só nós duas conhecemos.

Deixa-me.
Quero continuar na magia
Não quero saber de crescer...

Mãe-Galinha # [1]

Hoje os Meninos deixam de ter iniciais com algarismos à frente. Sei que eles não se importam nem se vão zangar comigo. Não lhes estou a invadir a privacidade. Não os estou a expôr. Não somos vedetas, nem special ones. Somos nós. Um montinho de gente ligada por laços familiares fortes. Diz, quem nos conhece, que o espírito de Família mora mesmo aqui. Se calhar mora. Não damos por isso porque só sabemos viver assim. Estranhamos quando não estamos assim. Ao montinho. E eu não quero deixar de estar assim. Ao montinho com eles.

Porque estou num sofrimento imenso. Que não é meu. Que é de alguém de quem gosto muito e que deve estar num sofrimento devastador. Porque também tinha um montinho como o meu. Porque também cultivava este montinho. E agora falta-lhe um, o primeiro. Não consigo imaginar a dor, o pesadelo, a tristeza.

O meu montinho tem nomes que começam no C. de Catarina e avançam para os Ms, de Manuel, de Martim e de Mateus. Todos eles são Maria. Como a Avó que me faz falta, todos os dias, no meu montinho. De Família. De afectos.
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