Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.

domingo, 8 de março de 2009

Mulher da Internacional Dia


Mãos vindas daqui

Escrevo sem ter lido nada do que hoje se escreveu sobre o Dia.

Escrevo sobre um dia que amanhece igual a tantos outros que amanhecem depois de noites escuras e silenciosas.

Escrevo sobre um dia que é suposto ser meu. Meu e de todas as outras pessoas que nasceram sob o signo F, de feminino. Escrevo sobre um dia em que recebi uma mensagem a lembrar este dia especial. Escrevo sobre um dia em que não houve qualquer menção especial dos que me rodeiam. Pergunto-me se esperaria algo diferente e concluo que não. Qual o sentido de se comemorar ou dar importância a um dia quando no dia a dia não se consegue valorizar?

Cresci numa época em que a Mulher dava os primeiros passos na conquista de muitos direitos e liberdades nunca antes conhecidos no nosso país. Sei perfeitamente dar o valor ao pós, porque tenho a noção clara do que era o antes. Infelizmente, olho em redor e concluo que pouco foi o que mudou, apesar de direitos e liberdades adquiridos terem feito mudar, aparentemente, muito a vida das mulheres. As mulheres adquiriram o direito à independência económica, mas, se constituirem família, são poucas as que não têm a seu cargo a gestão/manutenção da casa, a orientação e responsabilidade directa dos Filhos. [Raros são os casos em que o homem assume as tarefas domésticas e a responsabilidade dos filhos, porque, hipoteticamente, a profissão masculina é sempre de maior responsabilidade do que a feminina, mesmo que na verdade não seja isso que aconteça.] No caso das mulheres que "têm a sorte" de poder abandonar uma vida profissional para se dedicarem à vida Familiar, qual o preço desta opção? Alto demais para a pessoa mulher - reconhecimento social quase nulo, dependência total do "chefe" da família para tudo.

A mentalidade de superioridade masculina prevalece, encapotada. A superioridade da responsabilidade financeira da Família acaba por ser motivo para justificar situações e atitudes que não deveriam ser justificáveis, porque quem não suporta financeiramente a Família, suporta-a com o seu trabalho diário, duro, fisica e psicologicamente. Infelizmente, há muito ainda por mudar na mentalidade individual e social do nosso país e do mundo.

E os dias vão amanhecendo. Iguais. Depois de noites escuras e silenciosas.

sábado, 7 de março de 2009

Eu e a minha Máquina,Ocean Spirit 2007

Registo o teu sorriso

à beira-água

Matando no meu corpo

a sede da viagem

Só de Amor, Maria Teresa Horta, Colecção Prosa e Poesia, Visão

Estrela

Mergulho. Saio da claridade do Sol. Afundo-me na profundidade de azul. Quero ir até ao fundo. O Mar é o meu infinito. O meu sobrenatural. O meu retemperador de forças e energia. Busco-a. Preciso de a encontrar, se saber que existe Uma, A minha. A Estrela. Que não posso ir ao Céu buscar.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Sonho, de Menina

Menina que veio daqui


Deixa-me. Quero ser menina outra vez.
Vestir vestidos e saiotes. Usar laços na cabeça e cabelos compridos aos canudos. Fingir que sou uma princesa e viver num castelo. Grande. Com enormes corredores de pedra onde os passos ecoam e me assustam. Onde existem cozinhas fabulosas. Com tachos, panelas e formas de cobre que são areadas todos os dias e onde o Sol, quando bate, faz colorir todas as paredes de tons vermelhos e dourados. No ar há cheiros deliciosos que se cruzam, que fazem a minha imaginação voar, tentando adivinhar o que vai aparecer na mesa à hora das refeições.

Deixa-me. A seguir vou ser uma fada. Vou ter uma varinha mágica e aparecer de repente sempre que a menina princesa que sou, precise de ajuda. Com a minha varinha que tem uma estrela brilhante na ponta posso mudar a cor das roupas e dos sapatos. Posso arrumar todo o quarto no tempo que dura dizer a palavra "arrumar". A menina princesa terá os seus brinquedos animados com a vida da minha magia e eles não se limitarão a ser brincados. Serão brinquedos com vontade, sempre com vontade de lhe fazer companhia.

Deixa-me.
Vou vestir o meu vestido de bordado inglês branco, pôr uma fita de veludo azul escuro no chapéu de palha e sentar-me no jardim. Levo comigo as folhas brancas e os lápis de côr. Sentada na cadeira de ferro que combina com a mesa, vou desenhar todas as flores que me rodeiam e os passarinhos e borboletas que sobre elas pousam. Quando estou sentada a desenhar sinto-me especial. Gosto de ver nascer no papel as formas que existem a sério. É como transformar o mundo real num faz de conta.

Deixa-me.
A menina princesa está a desenhar e eu tenho que estar atenta. A minha varinha mágica conduz-lhe os lápis coloridos que segura nas mãos. Fica tão contente quando as folhas deixam de ser brancas e se enchem de côr! E à noite? Quando as flores e os passarinhos desenhados se enchem de vida e perfumam e esvoaçam pelo quarto? Ela ri às gargalhadas e eu pisco-lhe o olho no mundo mágico que só nós duas conhecemos.

Deixa-me.
Quero continuar na magia
Não quero saber de crescer...

Mãe-Galinha # [1]

Hoje os Meninos deixam de ter iniciais com algarismos à frente. Sei que eles não se importam nem se vão zangar comigo. Não lhes estou a invadir a privacidade. Não os estou a expôr. Não somos vedetas, nem special ones. Somos nós. Um montinho de gente ligada por laços familiares fortes. Diz, quem nos conhece, que o espírito de Família mora mesmo aqui. Se calhar mora. Não damos por isso porque só sabemos viver assim. Estranhamos quando não estamos assim. Ao montinho. E eu não quero deixar de estar assim. Ao montinho com eles.

Porque estou num sofrimento imenso. Que não é meu. Que é de alguém de quem gosto muito e que deve estar num sofrimento devastador. Porque também tinha um montinho como o meu. Porque também cultivava este montinho. E agora falta-lhe um, o primeiro. Não consigo imaginar a dor, o pesadelo, a tristeza.

O meu montinho tem nomes que começam no C. de Catarina e avançam para os Ms, de Manuel, de Martim e de Mateus. Todos eles são Maria. Como a Avó que me faz falta, todos os dias, no meu montinho. De Família. De afectos.

Mãe-Galinha


No Words...


Ontem, de manhã (M.M.3):
- Mãe, estás tão bonita...

Ontem, à noite, comigo desfeita por dentro (M.M.3):
- Mãe, ainda estás tão bonita...

quinta-feira, 5 de março de 2009

The Sound of Silence

Perdoem-me. O silêncio e a ausência de ideias transformadas em palavras. Lá fora, numas quaisquer obras, um maço bate de encontro a uma parede. Um som cavo, dois braços que levantam um peso, uma parede que se vai desfazendo em tijolos, pó e destroços pelo chão. Assim está o meu coração. Bate e parece que me sai do peito, não pela força com que bate mas pela dor que sente. Eu sou a parede. Desfaço-me. Por cima de mim passaram anos de vida e uma nova ruga surgiu no mapa da minha pele. Que crescemos com as dificuldades que enfrentamos na vida, dizem. E as tristezas? Os choques brutais que sofremos e para os quais a vida não nos fornece cinto de segurança. O que provocam eles em nós?
Perdoem-me tanta tristeza, tanto desalento, tanto silêncio...sem som

Funeral Blues, W.H. Auden

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He is Dead.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;
For nothing now can ever come to any good.

Ausência

Quero dizer-te uma coisa simples:
a tua ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não
magoa, que se limita à alma;mas que não deixa,
por isso,de deixar alguns sinais - um peso
nos olhos, no lugar da tua imagem, e
um vazio nas mãos. Como se as tuas mãos lhes
tivessem roubado o tacto. São estas as formas
do amor, podia dizer-te; e acrescentar que
as coisas simples também podem ser
complicadas,quando nos damos conta da
diferença entreo sonho e a realidade.Porém,
é o sonho que me traz a tua memória; e a
realidade aproxima-me de ti, agora que
os dias correm mais depressa,e as palavras
ficam presas numa refracção de instantes,
quando a tua voz me chama de dentro de
mim - e me faz responder-te uma coisa simples,
como dizer que a tua ausência me dói.


POESIA, Pedro, Lembrando Inês, Nuno Júdice

quarta-feira, 4 de março de 2009

Notícias de Morte # [1]

A morte não me assusta. É um assunto com o qual lido bem porque é bastante natural para mim pensar que será ela o fim de cada um de nós. Não fujo de falar sobre o assunto e faço bem os meus lutos. Choro, sofro, penso e falo. Acredito que cada um dos que partiu, da minha vida, do meu contacto, estará num outro plano, infinito, numa outra vida que ninguém sabe se será melhor ou pior que esta. Tudo isto. Quando a morte é natural, esperada, na devida idade (se é que existe uma idade devida para morrer).

Impression: Sunrise [1873], Claude Monet

Quando a morte chega e leva consigo alguém que teria ainda muito para viver, fazer, amar, rir e chorar, alguém cuja saúde garantia que a vida seria longa, fico incrédula. Amarrotada. Silenciosa. Tudo me dói e duvido. Duvido da existência de um Ser superior. Duvido do sentido da vida. Sofro. Por quem perde alguém desta maneira...inesperada, estúpida.

Estou. Silenciosa. Incrédula. Sofredora.

Por uma Mulher. Forte. Mãe de cinco Filhos. Amiga ["É bom ter tido um amigo, mesmo se a gente vai morrer." O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry.] Perdeu o seu Filho mais velho. 26 anos.

Notícias de Morte

Fotografia daqui

O Presidente da República da Guiné Bissau morreu. Assassinado. Com ele, morreu também o Chefe do Estado Maior, Tagma Na Waie. Na casa onde tudo aconteceu ficou o cheiro e o rasto de duas mortes violentas.

Independentemente do que eram e o que significavam estes homens na Nação que chefiavam e no Mundo, eram dois seres humanos. Com familiares. Com amigos. Ontem, ao assistir ao Jornal da Noite da SIC, fiquei incomodada. Não só pelas imagens do espaço repleto do sangue das duas vítimas, mas pelas perguntas que estavam a ser feitas ao sobrinho de Nino Vieira. Achei-as de mau gosto, de pouco interesse para quem estava a assistir ao noticiário, de falta de respeito pelo luto dos familiares.

Na minha modesta opinião, as guerras de audiências não podem justificar tudo o que é feito, dito e mostrado em televisão.

Quando me faltam as palavras...

Parece-me que todas nós, Mulheres, sabemos como são os homens quando estão doentes ... para que não me acusem de feminista e outras coisas acabadas em ista, deixo aqui as palavras de um Senhor, enviadas por mail por uma Amiga. Só para nos rirmos um bocadinho, porque os dias não andam muito causadores de risadas.

Sátira aos HOMENS quando estão com gripe

Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha, Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sózinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.

Será?


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Que gênio-louco é você?
Uma criação de
O Mundo Insano da Abyssinia

Mais depressa se apanha um Mentiroso do que um Coxo

Chegou a altura de repôr as verdades. Não me parece que fosse muito difícil descobrir quais eram as minhas mentiras. Eu tenho muito pouco jeito para mentir, para dissimular, por isso às vezes prefiro ficar calada, quietinha no meu canto, a abrir a boca para falar. Há situações e pessoas que realmente me "tiram do sério", pela sua pose e atitude superior em relação aos que as rodeiam. A essas respondo com o meu silêncio...mas este é só um parênteses...

A primeira verdade/mentira é que no Colégio que frequentei aos três anos, atirei mesmo com uma pedra à cabeça do menino que não quis fazer de meu leão no circo imaginário, mas os meus Pais não se queixaram à direcção do Colégio. Receberam o conselho de que seria melhor eu sair e foi o que aconteceu!

A segunda verdade/mentira é que no Ciclo Preparatório fui mesmo colega das filhas do Fernando Midões e do Morais e Castro. Eramos (e ainda somos) amigas. Quanto a grupos de teatro e grupos corais, nunca frequentei nenhum!

A terceira verdade/mentira é que no Liceu fui colega e grande amiga de um dos filhos do Prof. Freitas do Amaral, mas nunca namoriscámos!

Aos que apostaram e acertaram, parabéns. Aos que apostaram e falharam, o que conta é participar!
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